Quem
lidera as manifestações de protestos no País inteiro contra o aumento das
passagens do transporte urbano e, supostamente, pelo combate à corrupção e a
gastos abusivos na preparação da Copa do Mundo, quando áreas sensíveis -como
saúde, educação, transporte e segurança pública -continuam com escassos
recursos?
Nenhum nome em destaque, nem
mesmo das centrais sindicais, aparece nessas manifestações, que, aliás, são
orquestradas em todas as capitais, com data, local, hora e planos de invasões
com atos de vandalismo. Como o conflito social tem natureza epidêmica, fácil é
de se prever que isto é apenas o começo e que o pior está por vir.
São
manifestações promovidas de fora do governo, com recrutamento via internet? Se
forem, são manifestações promovidas por oposicionistas de fato ao governo,
empunhando a bandeira da faxina ética.
São manifestações insufladas por ramificações do governo? Se forem, então podem servir de
justificativa para endurecimento do atual regime.
Fala-se
num projeto de lei, de autoria do senador Marcelo Crivella, ministro da Pesca,
que estaria, com apoio de outros congressistas, sendo preparado para aprovação,
o qual inibe manifestações públicas que se confundam com atos terroristas
durante a realização da Copa do Mundo, com punições severas aos manifestantes.
A
supressão lenta e contínua das franquias democráticas é uma questão de cultura política...
Em cada país, ela tem um processo peculiar a esta cultura. Na Venezuela, Hugo
Chàves desarticulou o Poder Judiciário e imobilizou o Parlamento e a imprensa,
criando uma maioria esmagadora com apoio do grande eleitorado chavista.
Na
Argentina, a Presidente Cristina Kirchner tenta desmobilizar a imprensa e o
Judiciário. Na Bolívia, Evo Morales montou um cinturão palaciano de permanente
vigilância ao povo e de apoio ao sindicalismo, estimulando a invasão a refinarias
e perseguição à Igreja.
No
Brasil, além da ideia de redução dos poderes do Ministério Público e de
críticas sistemáticas ao Poder Judiciário, algumas medidas de controle social e
cerceamento começam a serem adotadas, nas áreas do lazer, entretenimento e costumes,
ao estilo do talibanismo - pequenas coisas, como restrição a fumar, jogar,
beber e viajar (pedágios, combustíveis e passagens caríssimos), além de
tentativas de controle mais rígido dos meios de comunicação, de modo especial da
internet, conforme projeto do jornalista
Franklin Martins, que assessorou Lula.
Se
a violência (50 mil homicídios/ano,conforme o Instituto Sangari) e o número de acidentes fatais nas rodovias e no trânsito urbano crescem
no País(cerca de 42 mil mortos por ano, segundo o S.OS Estradas), por conta das drogas, das bebidas e do inchaço das cidades, há um
silêncio doloso sobre o número de veículos lançados avidamente no mercado pelas indústrias
de automóvel ( mais de 65 milhões de veículos rodam no País) e de motocicletas
(mais de 10 milhões), porque geram impostos e empregos. E a violência no campo,
com a guerra entre colonos e índios pela posse de terras e as invasões feitas
pelo Movimento dos Sem-Terra? São ingredientes da violência potencialmente disruptiva.
É
fácil endurecer um regime, o difícil é sair desse sistema... Que o digam os
militares, cuja intenção, com a revolução liderada por Castello Branco, era
apenas evitar o comunismo e a baderna geral. “Mas, os” bolsões sinceros, porém,
radicais “(expressão de autoria do Presidente Geisel), resolveram prolongar a
intervenção por mais de duas décadas. Hoje, estaria fora de cogitação uma
ditadura militar, mas a ditadura civil ronda os países sul-americanos...
Mas,
quais seriam os “bolsões sinceros, porém, radicais” de hoje? Pergunta que
poderá ser respondida a partir do desfecho desse quadro de pandemônio que se
instalou no Brasil, nos últimos dias. Igreja, Forças Armadas, sindicatos e
empresários se mantêm calados até agora, mas a mídia internacional começa a explorar essas manifestações tentando criar um clima de instabilidade para a realização da Copa do Mundo no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário