Em
Medicina, usa-se o procedimento preventivo da punção, para retirada de material
ou líquido destinado a exames microscópicos, a fim de se evitar biópsias cirúrgicas
maiores e mais graves ao paciente, em especial tumores malignos.
As
manifestações que ocorrem atualmente no Brasil, que já levaram, em um dia, mais
de 300 mil pessoas às ruas das principais capitais, têm as suas motivações no
aumento das tarifas de transporte público, no custo abusivo das obras para a
realização da Copa do Mundo e na bandeira ética de combate à corrupção.
Mas,
independentemente da origem das articulações dessas manifestações e do seu
recrudescimento, o resultado final das mesmas poderá ser o esvaziamento de
potenciais conflitos durante a realização da Copa do Mundo, no próximo ano, o
que se compara, mais ou menos, à punção preventiva dos ânimos da sociedade.
Grita-se,
quebra-se, esbraveja-se em todos os quadrantes do Brasil, agora,
proporcionando-se ao governo a preparação de mecanismos de controle social e
segurança pública para os momentos da Copa, quando, de fato, os olhos do mundo
estarão voltados para o Brasil. E tem mais: Tomando pulso agora das tendências
do eleitorado, a Presidente Dilma Rousseff terá elementos para o planejamento estratégico de sua
reeleição.
Parto
dessas ilações para tentar entender a tranquilidade, aparentemente científica, do Governo em relação aos
acontecimentos últimos: Vaia estrondosa à Presidente Dilma, na abertura da Copa
das Confederações em Brasília; quebra-quebra generalizado nas cidades e até
mesmo no Senado Federal, na Câmara dos Deputados e assembleias legislativas.
E
a Presidente Dilma declara que tudo isso é legítimo, e o secretário-geral da
Presidência, Gilberto de Carvalho, afirma aos parlamentares que o Planalto
ainda não conhece as razões dessas manifestações. Blefes, tentativas de ocultar
suas preocupações minimizando os fatos ou risco calculado dos atuais detentores
do poder?
Nenhum
governo tem capacidade para colocar a sociedade num tubo de ensaio, sem correr
sérios riscos de sua própria desestabilização, mas, é possível a redução desses
riscos avaliando-se o comportamento dos internautas e dos demais segmentos
sociais e os principais focos e razões
das manifestações, debelando-os em suas raízes.
Enquanto
a massa se move, o Governo já enviou reforços da Guarda Nacional para cinco
capitais sedes da Copa das Confederações. A Força Nacional, tropa de elite criada em
2004 e composta por policiais federais e estaduais, é acionada quando um
Governador requisita auxílio federal para conter atos que atentam contra a lei
e a ordem e que perigam sair do controle das forças de segurança locais.
Assim, o Governo vai mobiliando o País inteiro
com um reforço de homens armados cujo destino é desconhecido, porque não se
sabe por quanto tempo deverão permanecer a serviço dos governadores que as
solicitam e de acordo com os interesses do poder central, sejam estes
democráticos ou ditatoriais.
Atores de peso na política brasileira, como a Igreja, as Forças Armadas, o Poder Judiciário, a Ordem dos Advogados do Brasil -OAB- , a Associação Brasileira de Imprensa -ABI-, os empresários e os sindicatos, continuam assistindo em silêncio as manifestações. Esse é um fato enigmático em todo esse quadro convulsivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário