quarta-feira, 19 de junho de 2013

Punção social e silêncios enigmáticos


Em Medicina, usa-se o procedimento preventivo da punção, para retirada de material ou líquido destinado a exames microscópicos, a fim de se evitar biópsias cirúrgicas maiores e mais graves ao paciente, em especial tumores malignos.
As manifestações que ocorrem atualmente no Brasil, que já levaram, em um dia, mais de 300 mil pessoas às ruas das principais capitais, têm as suas motivações no aumento das tarifas de transporte público, no custo abusivo das obras para a realização da Copa do Mundo e na bandeira ética de combate à corrupção.
Mas, independentemente da origem das articulações dessas manifestações e do seu recrudescimento, o resultado final das mesmas poderá ser o esvaziamento de potenciais conflitos durante a realização da Copa do Mundo, no próximo ano, o que se compara, mais ou menos, à punção preventiva dos  ânimos da sociedade.

Grita-se, quebra-se, esbraveja-se em todos os quadrantes do Brasil, agora, proporcionando-se ao governo a preparação de mecanismos de controle social e segurança pública para os momentos da Copa, quando, de fato, os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil. E tem mais: Tomando pulso agora das tendências do eleitorado, a Presidente Dilma Rousseff terá elementos  para o planejamento estratégico de sua reeleição.
Parto dessas ilações para tentar entender a tranquilidade, aparentemente científica, do Governo em relação aos acontecimentos últimos: Vaia estrondosa à Presidente Dilma, na abertura da Copa das Confederações em Brasília; quebra-quebra generalizado nas cidades e até mesmo no Senado Federal, na Câmara dos Deputados e assembleias legislativas.
E a Presidente Dilma declara que tudo isso é legítimo, e o secretário-geral da Presidência, Gilberto de Carvalho, afirma aos parlamentares que o Planalto ainda não conhece as razões dessas manifestações. Blefes, tentativas de ocultar suas preocupações minimizando os fatos ou risco calculado dos atuais detentores do poder?
Nenhum governo tem capacidade para colocar a sociedade num tubo de ensaio, sem correr sérios riscos de sua própria desestabilização, mas, é possível a redução desses riscos avaliando-se o comportamento dos internautas e dos demais segmentos sociais e  os principais focos e razões das manifestações, debelando-os em suas raízes.
Enquanto a massa se move, o Governo já enviou reforços da Guarda Nacional para cinco capitais sedes da Copa das Confederações. A Força Nacional, tropa de elite criada em 2004 e composta por policiais federais e estaduais, é acionada quando um Governador requisita auxílio federal para conter atos que atentam contra a lei e a ordem e que perigam sair do controle das forças de segurança locais.
Assim, o Governo vai mobiliando o País inteiro com um reforço de homens armados cujo destino é desconhecido, porque não se sabe por quanto tempo deverão permanecer a serviço dos governadores que as solicitam e de acordo com os interesses do poder central, sejam estes democráticos ou ditatoriais.
Atores de peso na política brasileira, como a Igreja, as Forças Armadas, o Poder Judiciário, a Ordem dos Advogados do Brasil -OAB- , a Associação Brasileira de Imprensa -ABI-, os empresários e os sindicatos, continuam assistindo  em silêncio as manifestações. Esse é um fato enigmático em todo esse quadro convulsivo.

 

 

 

 

 

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