terça-feira, 5 de novembro de 2013

Juros, Hidrelétricas. Petróleo e Contra-espionagem


Gélio Fregapani (Membro da Academia Brasileira de Defesa)
 

Juros, por quê?
 A nossa taxa de juros já era a mais alta do mundo e ainda aumentou. As indústrias tiveram que demitir empregados, a agricultura, que vinha fechando as contas "no azul", também foi prejudicada. O custo de vida, os impostos, as tarifas públicas tiveram que aumentar causando estagnação e desemprego e mais marginalidade. Certamente o governo poderia abaixar os juros drasticamente e diminuir o dinheiro reservado para pagá-los, mas preferiu aumentá-los, mesmo estrangulando a economia, impedida por isso de crescer significativamente.
Afinal, então por que não se abaixa os juros? Para evitar talvez a inflação por excesso de demanda? Mas controla-se melhor aumentando a produção e melhorando a infraestrutura assim os juros provocam o encarecimento dos produtos e impedem a alocação de recursos para a infraestrutura. Então por que? Poucas explicações nos restam entre elas a má fé, o roubo, as propinas, a traição à Pátria e para suavizar, a ignorância.
 A Hidrelétrica de Belo Monte e a do Jirau, no rio Madeira
 No momento em que recrudescem as pressões contra a construção da UHE de Belo Monte, vale lembrar as paralisações e as depredações durante a construção da UHE do Jirau, a maior obra antes de Belo Monte. As depredações e incêndios foram atribuídas à disputas trabalhistas mas isto não é verdadeiro pois os operários não queimam seus aparelhos de TV nem seus documentos. Temos motivos para vislumbrar o dedo do Consórcio nesses tristes eventos.
 A Camargo Correa é a construtora da obra, mas não a dona. A proprietária real é uma firma estrangeira, a Suez, que lidera o Consórcio, o qual tudo indica, de mãos dadas com o ex governador, incentivou as paralisações para impedir o nosso desenvolvimento ou até quem sabe, para arrancar mais dinheiro do Governo Federal. Certamente as pressões contra Belo Monte tem as mesmas motivações.
 Ainda o leilão de Libra
 É falaciosa a afirmação que a Petrobrás não teria interesse ou tecnologia para tocar sozinha o empreendimento, mas só teria recursos para iniciá-lo em 2015. É possível que seja difícil discordar do “timing” e da necessidade do petróleo o quanto antes, mas ,certamente, faltou ousadia para se consolidar o monopólio da Petrobrás para a região do pré-sal ,e se, por um lado, o modelo de partilha representou algum avanço em relação ao anterior modelo de concessão, permanece a sensação de uma oportunidade perdida de se ampliar o poder estratégico da Nação em relação a temas sensíveis dentro sistema internacional.
 Mesmo antes do pré-sal, o crescimento da Petrobrás incomodava aos donos do petróleo e entre eles havia quem desejasse impedir o surgimento de um “Japão” no Hemisfério Sul. Ainda que o campo de Libra esteja localizado na nossa Zona Econômica Exclusiva,  nem todos países são signatários de acordos sobre isto, dentre eles a China e Estados Unidos,  países com tradição de arbítrio e violência no sistema internacional. Para estes, o pré-sal brasileiro encontra-se em águas internacionais.
 A Petrobrás havia se lançado com talento e determinação na pesquisa do pré-sal antes que o País estivesse preparado para defendê-lo e isto atrai e estimula a todas as ambições. A História tem demonstrado que riquezas trazem desenvolvimento desde que acompanhadas de força. Riqueza com debilidade militar só estimula ambições e quando se trata de recursos naturais indispensáveis e escassos como o petróleo, atrai imposições econômicas, diplomáticas e até militares. As concessões feitas pela presidente Dilma, ao realizar o leilão do Campo de Libra não conseguem neutralizar totalmente o lobby dos que desejam passar para mãos estrangeiras o controle sobre a indústria do petróleo no país.
 Ao trazer para sócios  empresas de países com significativos arsenais militares,  diminuímos a ambição de alguns e aliciamos alguns defensores, mas isto não anula a vulnerabilidade, que consiste basicamente na fraqueza própria. É preciso que exploremos o quanto antes o petróleo do pré-sal, mas é preciso que nos armemos para defendê-lo e em ambos os casos não podemos esperar para fazê-lo nas condições ideais, pois seria inconsequente ignorar as potenciais situações de litígios, decorrentes de crises e tensões internacionais que podem gerar interesses estratégicos distintos em termos das políticas internacionais.
 Supomos que a China entrou no negócio para garantir mais um pouco de seu suprimento e para aprender a operar no pré-sal da África, onde tem concessões e a Shell e a Total  entraram por ser um bom negócio.    Chama a atenção que as empresas dos EUA não concorreram. Pode ser que não confiem ou que estejam voltadas para o gás do xisto ou quem sabe, para que seu país não reconheça que o pré-sal é brasileiro.
 Os lobistas têm ainda em vista revogar o sistema de partilha, retornando ao de concessão – pelo qual as empresas estrangeiras são dona do petróleo- e retirar da Petrobras como operadora das operações acabando com a exigência de nacionalização de máquinas e equipamentos usados para explorar o pré-sal.
 O lobby internacional do petróleo não descansa. No mundo, os jornais já anunciam que o modelo de partilha tem que ser mudado e que os desafios serão tremendos ou mesmo impossíveis. Isto significa que a guerra pelo petróleo Brasileiro não termina com o leilão de Libra ela pode estar apenas começando.
 Nome de santa, pacto com o diabo (correção)
 Muitos fatores contribuem para a eclosão de uma guerra civil: insatisfações, dívidas insuportáveis e divergências irredutíveis, causadas principalmente por injustiças. Sob esse último fator, poucas pessoas terão criado tantas divergências irredutíveis como a Ministra dos Direitos Humanos (só dos malfeitores).  Essa mulher  desprezível, inconsequente, no fundo age contra o Governo. Ou vive em outro planeta, ou o mais provável, é conivente com o crime.
 Entretanto, não deve ser acusada do que não fez, pois, em nosso comentário anterior,  erroneamente , escrevemos que ela teria, com lágrimas nos olhos, condenado a violência de um policial, que ,se arriscando, enfrentou e baleou um assaltante armado”. Em consequência, efetuamos comentários desairosos sobre tal fato, que nos pareceu emblemático. Em nome da justiça devemos reconhecer que o fato não ocorreu, mas foi inventado por um blogueiro movido pela mesma aversão que sinto pelas atitudes dela, mas, lamentavelmente, carente de caráter suficiente para falar só a verdade.
 Ao apresentar nossas desculpas por ter retransmitido um fato inverídico, informamos que tínhamos acreditado naquele momento, não somente pela ampla divulgação do fato na mídia, mas, principalmente, por nos parecer coerente com as atitudes anteriores da Ministra.
 Agentes duplos
 Há um ano e meio, a contra-inteligência da Agência Brasileira de Inteligência -ABIN- verificou que um de seus agentes estava vendo senhas da estrutura da própria agência. Chamou a Polícia Federal, para fazer o flagrante cartorial. O traidor foi preso, demitido do serviço público e está respondendo o processo criminal. Agora, identificado outro traidor, certamente maior, que passou informações a um espião norte-americano, o que aconteceu?
 
Aparentemente, nada! O jornal O Estado de São Paulo publicou que a direção da ABIN- recomendara a aposentadoria do agente 008997, sem abrir sequer uma sindicância para apurar o acontecimento. Como se tolera que um agente nosso espione para o estrangeiro e se deixa passar por isto mesmo, depois das denúncias de Snowden sobre o esquema de espionagem em cima do nosso País?
 Tal ”clemência” naturalmente causou estranheza. A compartimentação existente em todos serviços de Inteligência não nos permite saber com precisão o que realmente aconteceu e, se o soubéssemos, não revelaríamos, mas vale a pena esclarecer aos leigos o como os serviços de todo o mundo, teoricamente, costumam agir quando pegam um traidor.
 O setor de Contra-Inteligência procura frustrar a obtenção de dados pelas agencias hostis e, naturalmente, identificar e capturar os agentes do inimigo. Esta luta contra a informação estrangeira é tão importante para o corpo nacional quanto a luta contra um vírus no organismo.
Necessariamente, pode vir a ser cruel. Pode um organismo poupar um vírus? Até que ponto poderemos ,nós ,escolher os meios de combate ao vírus em função da questão moral, se tanto o organismo como a nação exigem eficácia imunizante?
 Muitos são os meios que se servem os agentes da “contra” para descobrir as traições em seu próprio meio, mas a maior eficiência tem sido obtida por informações de agentes estrangeiros capturados ou oferecidos, como é o caso do Snowden, quaisquer que sejam os motivos da cooperação..
 O que acontece quando um traidor é identificado? Em tempo de paz tem que ser tomada uma decisão entre eliminá-lo, usá-lo ou submetê-lo a julgamento. A crença geral é que só se raciocina com as opções mais violentas, mas os peritos da “Contra” costumam ter opinião diferente; um traidor identificado pode ter grande utilidade caso sua identificação não seja conhecida pelo inimigo. Pode ser convencido a cooperar para transmitir informações falsas, seja por remuneração, seja para livrar-se de torturas, e se compensar poderá ser permitido que abandone o Serviço sem alarde. Claro, não havendo possibilidade de utilização, é melhor que morra de morte natural. Um julgamento costuma ser reservado para quando o assunto já é de domínio público ou quando se deseja fazer propaganda ou ainda uma troca.
 O que aconteceu na realidade não sabemos e ,se soubéssemos ,não divulgaríamos, mas apesar de considerarmos a ABIN mal estruturada e mal dirigida, sabemos que tem gente capaz. Ela não faria tais erros grosseiros. Esses talvez sejam feitos por quem não a sabe utilizar.
 Que Deus abençoe o nosso País!
 

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