Escrevi que há, hoje, fenomenal
falta de oposição na política do Brasil; oposição que seja subversiva e não
respeite governabilidade ou estabilidade político-institucional; oposição que
resista às ações do governo e trabalhe para destruir o pacto neoliberal que
elegeu os últimos governos, de Fernando Henrique Cardoso a Dilma Rousseff,
transformando o País numa colônia disfarçada dos globalizadores, destacadamente
Estados Unidos e Grã-Bretanha.
Sugeri um discurso para essa oposição
verdadeira e transformadora: A defesa de um Estado forte, protagonista do
desenvolvimento, indutor da iniciativa privada e garantidor do Estado de
Direito, da liberdade e das franquias democráticas.
Estado cujo governante, eleito democraticamente, tenha uma visão de
estadista e atue com rigoroso planejamento político-estratégico; com
funcionalismo público selecionado e valorizado, dentro de padrões weberianos, e
situado na vanguarda do desenvolvimento científico e tecnológico; com respaldo
de forças armadas modernizadas sob todos os aspectos; com harmonia, equilíbrio
e independência entre os três Poderes; com menos impostos e melhor distribuição
de renda; mais justiça social e maior igualdade de oportunidades e controle sobre as riquezas nacionais do solo e subsolo.
Não importa que se denomine esse
modelo como Capitalismo de Estado ou “Welfare State”. Basta que seja um “Conducting State”. Já é
tempo de abandonar as terminologias
desgastadas do Socialismo, do Comunismo e do Capitalismo neoliberal, ou
do Fascismo mascarado, que são faces diferentes de uma mesma moeda ideológica utilizada no mundo global para o controle dos
globalizados pela elite cosmopolita.
Urge o reexame do federalismo
brasileiro, esgarçado pela Constituição de 1988 e pela própria globalização e estabelecendo
uma dependência excessiva dos estados em relação ao governo federal e, por via
indireta, dos centros de poder internacionais, que interferem nas políticas
estaduais conforme as conveniências dos grupos investidores que representam. A
integridade do Estado brasileiro tem relação direta com o sistema federativo.
Com as desigualdades de
desenvolvimento entre os estados, o próprio Estado se enfraquece diante da
guerra entre as unidades federativas pela captação de investimentos
internacionais, da qual é exemplo a denominada “guerra fiscal” entre alguns
estados para atração de projetos das montadoras de automóveis.
Estudiosos
do Federalismo, entre os quais Antônio Celso Baeta Minhoto e Nilson Tadeu Reis
Campos Silva, apontam a tendência
mundial para uma “repaginação do federalismo” com vistas à sua adaptação às transformações
mundiais que ocorrem atualmente em grande velocidade.
Eu
acredito que a assimétrica relação entre o Governo federal e os governos
estaduais, atualmente, tem sido uma das causas de esgarçamento do federalismo
brasileiro, gerando contrastes e confrontos (como diria Euclides da Cunha)
entre as unidades federativas e estimulando o próprio divisionismo regional,
que já é concreto: Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul . Essa
divisão se projeta até na representação política, formando as bancadas
parlamentares na Câmara dos Deputados e
no Senado Federal e estimulando a proliferação de estados e municípios.
Esse
cenário divisionista, de estiolamento, interessa aos colonizadores, pois
enfraquece o Estado brasileiro e o próprio País. Não se trata aqui de defender
a volta à forma unitária do Império, mas, sim, de recompor o sistema federativo
republicano e, consequentemente, o
próprio Estado como um todo.
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