“Rolezinhos” e “Não vai ter
Copa” podem ser tanto sinais de oposição emergente no Brasil, promissora para
este ano de eleições presidenciais, quanto manobras estratégicas de marketing da equipe da Presidente Dilma
Rousseff, com vistas à conversão de possível oposição em incentivo à luta de
classes e capitalização eleitoral pelas esquerdas – de resto, aliadas da Dilma.
No dia 25 de janeiro, o País e o mundo terão um teste do potencial desses
movimentos.
A engenharia de eliminação de
qualquer oposição, qualquer debate, que ameace a reeleição de Dilma e a
manutenção do projeto colonialista neoliberal de contenção do desenvolvimento
brasileiro por meio do desmonte do Estado e exploração das riquezas do solo e
subsolo do Brasil, se aplica a todos os matizes ideológicos que se movimentam
no cenário político.
Os neoliberais usam a esquerda
para atingir seus propósitos, neutralizando a direita por meio da ocupação de
todos os nichos de oposição ativa – no Parlamento - ou em potencial – na sociedade.
Essa é uma das razões da presença do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST- estar presente nos "rolezões" tentando caracterizá-los como de oposição a suposta burguesia preconceituosa dos shoppings contrária à presença de trabalhadores nesses templos de consumo.Se necessário, suprimiriam até as franquias democráticas de forma permanente, na impossibilidade de eliminação do debate.
A engenharia do abafa conta com dez
mil agentes da Força Nacional para contenção dos protestos na Copa do Mundo,
além de incluir os “black-blocs”, como força paragovernamental disfarçada de arruaceiros
e vândalos atuantes na descaracterização
de qualquer mobilização de envergadura calcada na oposição aos atuais
detentores do poder.
O regime está policiando
ferozmente as redes sociais e tornando difícil a emergência de qualquer
iniciativa da sociedade que coloque em risco a estabilidade
político-institucional e propicie mudanças profundas no modelo político e
econômico. As manifestações programadas em todo o Brasil para o próximo dia 25 ajudarão o governo a se prevenir para o período da Copa.
Os 27,7 bilhões de reais até
agora estimados como gastos com a realização da Copa do Mundo constituiriam
extraordinária munição para uma verdadeira oposição, em pleno ano de eleições presidenciais,
ainda mais se o Brasil vier a perder a Copa e se agravarem as previsões
negativas para a economia neste ano.
Para o governo, é melhor não
correr riscos, pois são múltiplas as possibilidades de que a Presidente Dilma
Rousseff tenha questionada sua permanência para outro mandato. O silêncio
obsequioso da Igreja, da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB-, da Associação
Brasileira de Imprensa-ABI-, da União Nacional dos Estudantes-UNE-, dos
sindicatos, das Forças Armadas e de importantes órgãos corporativistas, como a Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo –FIESP-, Federação Brasileira de Bancos –
FEBRABAN, etc., diante da crescente efervescência social, é indicativo de que
há muito suspense no ar.
Um episódio isolado no Maranhão,
no complexo penitenciário de Pedrinhas, é demonstrativo da frágil estabilidade
político-institucional que o Brasil vive atualmente. Não há sinal de oposição
e, obviamente, isso ajuda no controle da situação, mas, em Ciência Política,
não existe nenhum sistema político completamente fechado. A entropia é uma
ameaça permanente, se o governo não souber administrar a comunicação política evitando
que um mero episódio social isolado se transforme numa epidemia nacional.
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