Não
perco tempo comentando em excesso os resultados de pesquisas de intenções de voto para as
eleições de outubro, as quais, até aqui, têm mostrado a resiliência da
Presidente Dilma Rousseff na dianteira, mesmo com projeções para a realização
de segundo turno. Dilma tem 38% contra 22% de Aécio e 8% de Eduardo Campos. O
assistencialismo oficial e a popularidade da Presidente parecem garantir essa
sua vantagem, a menos que haja algum fato novo.
Acho
mais producente comentar as pesquisas a partir
de setembro, quando o cenário estará mais clareado entre Dilma e seu desafiante
Aécio Neves, o voto se tornará mais “útil” e os 32 partidos já estarão com suas
alianças regionais e federais definidas para as eleições parlamentares.
O fato marcante até aqui é a falta de uma
opção verdadeiramente de mudanças, de ruptura com o atual estado de coisas na
política brasileira, marcada pela debilidade das instituições jurídicas
(visivelmente atreladas às esquerdas), a irresponsabilidade no trato da coisa
pública, a corrupção política e restrições democráticas, com o crescente
controle das redes sociais. Alguém duvida de que os black-blocks estão a
serviço do Planalto para desmoralizar
qualquer mobilização de rua contra o governo?
Essa
democracia mitigada desmobilizante incomoda os partidários do debate e da diversidade ideológica, e tende
a ser cada vez mais diminuída, à medida em que o quadro político
internacional registra o recrudescimento do terror no Oriente Médio e
no Leste Europeu, com as escaramuças
entre Israel e o grupo Hammas, as tensões no Iraque e na Síria e a luta
separatista na Ucrânia, agravada pelo abate do avião da Malaysia Airlines com
298 passageiros pelas forças obedientes a Vladimir Putin, um dos líderes que
selaram junto com Dilma a fundação dos BRICS em Fortaleza.
Li
recente análise sobre a inércia da Europa Ocidental em relação aos conflitos
que ameaçam a paz mundial, inércia que dificulta a eficácia dos esforços dos
Estados Unidos para a estabilização política e que torna quase que patético o
apelo do Papa Francisco em favor da paz. Na América Latina, há inquietantes
sinais de ameaças à democracia por conta da situação econômica e social dos
países “bolivarianos”, entre os quais a Argentina, a Venezuela, a Colômbia e a
Bolívia. São persistentes as articulações e ações vinculadas ao Fórum das
Américas para supressão das franquias democráticas no Brasil e alhures.
Samuel
Huntington, o cientista político dos Estados Unidos de maior renome acadêmico,
previu o choque das civilizações neste século, uma teoria segundo a qual as identidades
culturais e religiosas dos povos serviriam de combustível para os conflitos
mundiais que darão margem à reconstrução de nova ordem. Em 1993, surgiu com
essa teoria e foi criticado por muitos analistas como exagerado. Mas, podemos
verificar hoje que as atrocidades humanas estão pautadas por esse choque e
manipuladas em todos os continentes por interesses políticos e econômicos.
Esse
quadro mundial vai transformando o Brasil num protagonista potencialmente enigmático,
à semelhança da Índia, que ninguém sabe para onde vai, nos estudos de política
comparada, mas com algumas diferenças: O Brasil, civilização infantil, é cristão e presidencialista e
flerta com o Socialismo. A Índia , civilização milenar,é plurirreligiosa, parlamentarista e cultiva
seu regime de castas.
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