quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O destino de Eduardo Campos e a sorte de Marina


O destino de Eduardo Campos pode ter selado a sorte de Marina Silva.
A morte, hoje, em desastre aéreo no litoral do Estado de São Paulo, do candidato do Partido Socialista Brasileiro –PSB- à presidência da República, ex-governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos, tende a polarizar a disputa presidencial em outubro em torno da presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores-PT, que tenta a sua reeleição, e o ex-senador e governador do Estado de Minas Gerais, Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB-.
Campos faleceu quando seu avião, na manhã de hoje, caiu em Santos, ao se deslocar do Rio de Janeiro para Guarujá. Neto do ex-governador de Pernambuco e carismático líder comunista Miguel Arraes, de quem foi auxiliar no governo estadual, Eduardo Campos morre aos 49 anos na mesma data -13 de agosto – em que Arraes faleceu, aos 88 anos, em 2005. Uma coincidência incrível, que, certamente, vai atiçar teorias conspiratórias pelas redes sociais...
Campos  é a segunda personalidade de destaque do PSB a falecer recentemente; seu grande admirador, o escritor socialista Ariano Suassuna, presidente de honra do PSB, faleceu no dia 23 de julho, depois de sofrer um acidente vascular cerebral.
As mais recentes pesquisas, divulgadas pelo IBOPE, apontaram Dilma com 38% das intenções de votos, Aécio com 23% e Eduardo Campos com 9%. Até aqui, há um quadro de estabilização dos índices, mas a ausência de Eduardo Campos, independentemente de quem venha a ser indicado para substitui-lo na chapa, que tem como vice a ex-senadora Marina Silva, beneficiará mais Aécio do que Dilma, pois Campos era a opção dos eleitores insatisfeitos com o governo Dilma e dispostos a apostar num candidato novo. E Campos era uma promessa de renovação, embora estivesse estagnado nas intenções do eleitorado.
O PSB tem até o dia 23, conforme a legislação eleitoral, para indicar o substituto de Eduardo Campos na cabeça da chapa. Marina Silva, vice na chapa, ambientalista e ex-senadora, reúne condições para isto, pois é nacionalmente conhecida, talvez até mais credenciada do que Campos, pois disputou as eleições passadas contra Dilma, pelo Partido Verde, obtendo 19 milhões de votos. Contra si, Marina teria a falta da característica do novo, que era marcante em Campos, e sua indicação seria uma incógnita, pois teria que ser aprovada por algumas lideranças internas do partido, embora não haja, efetivamente, nenhum nome capaz de competir com Marina.
Entrevistado no jornal das dez da TV Globo News, Eduardo campos manifestou sua preocupação com a situação econômica do País, com o crescimento da inflação e o descontrole dos preços, em especial dos combustíveis, o fechamento de mais de 40 usinas de etanol e o prejuízo da Petrobrás, considerando esta empresa passível de uma investigação em suas contas.
Sobre um tarifaço do governo, após as eleições, comentou: “Estou vendo o ministro Mantega falar que vai ter que reajustar combustível; estou vendo esta semana mesmo em Santa Catarina a tarifa de energia aumentar em mais de 20%; então, os sinais estão claros; o governo está guardando na gaveta para passar a eleição”.
Em relação ao controle das contas públicas, Eduardo Campos defendeu o fim do fator previdenciário, que qualificou de “engenhoca”, sob o argumento de que o mundo inteiro vive hoje a transformação maravilhosa da ciência permitindo vida mais longa às pessoas, tornando-se um desafio manter pensões e aposentadorias por 30 a 40 anos. Defendeu ainda uma reforma da previdência que a torne sustentável. Uma previdência que não faça ações isoladas que geram distorções como o fator previdenciário.
O economista Eduardo Gianetti, muito próximo de Marina, tende a aumentar sua influência. Gianetti condenou a criação de mais 200 municípios aprovada recentemente pelo Congresso, alegando que isto acarretará aos cofres do País considerável aumento de despesas.
Campos também defendeu a criação a criação do Conselho Nacional de Responsabilidade Fiscal, “que o Brasil nunca teve, para que a sociedade brasileira tenha condições de ver quanto custa cada medida neste país. Este conselho vai garantir o controle social e a transparência nos gastos públicos”.
Fica a pergunta: Qual nome substituto de Campos terá condições de sustentar essas argumentações e sugestões feitas pela televisão contendo críticas à Petrobrás e ao governo de Dilma Rousseff pelo descontrole da economia? Argumentações e sugestões com a marca do novo que Campos prometia trazer.

 

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