"O Estado brasileiro virou um elefante muito grande", diz Cristiana Lôbo no 16º Congresso da Facesp
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Comentarista política do Grupo Globo explicou como os acontecimentos de Brasília contribuem para agravar a crise econômica pela qual passa o País
Guarujá, 6 de novembro de 2015. O 16º Congresso da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) recebeu, na tarde de ontem (5/11), a jornalista política da Globo News e da TV Globo Cristiana Lôbo. Acompanhada do presidente da Facesp, Alencar Burti, ela comandou o painel "Cenário político atual e futuro".
No início de sua apresentação, Cristiana comentou que adoraria trazer boas notícias aos participantes, mas lamentou que a realidade não permite, evidenciando sua análise pouco otimista dos fatos.
De acordo com a apresentadora - que desde 1982 cobre os bastidores de Brasília - não é possível separar a crise política da econômica, uma vez que "uma sempre contamina a outra". Mais do que isso, afirmou que o atual momento é agravado pela sobreposição de outras tantas crises, como a ética e a de confiança.
O resultado desse acúmulo de dificuldades é o distanciamento cada vez maior dos representantes em relação a seus representados. "Em quem vocês votaram para deputado nas últimas eleições?", Cristiana perguntou à plateia. As respostas se alternaram entre silêncios e negativas, confirmando a teoria da palestrante.
"Superar crise não é uma novidade para o brasileiro, que já está acostumado a vê-las e a superá-las. A principal crise é de autoridade, de liderança. Estamos vendo pouco sentimento de conjunto para o País. Cada um está olhando para um lado, mas quem olha para o conjunto da nação?", provocou.
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PT
Ao analisar o comportamento do governo, Cristiana explicou que o Partido dos Trabalhadores chegou ao poder defendendo as empresas nacionais e a indústria brasileira. "O que vemos, porém, são estatais quebradas, como a Petrobrás e a Eletrobrás", apresentou em contraponto.
Em outro momento, foi enfática ao dizer que "o sistema presidencialista de coalizão faliu", referindo-se ao fato de, atualmente, nenhum partido conseguir fazer maioria no Congresso. "Descemos para a política do toma lá dá cá", acrescentou.
Para ela, o Brasil precisa discutir o papel do Estado e realizar ajustes na máquina pública. Porém, afirmou não ver o PT com condições políticas de enfrentar esse desafio.
Durante toda sua palestra, Cristiana reconheceu diversas qualidades da presidente Dilma Rousseff, a quem não disparou críticas. Sugeriu que, uma vez que ela não pode mais concorrer à reeleição, faça um gesto à nação no sentido de implementar uma melhor governança. "A Dilma não tem rabo preso. Pelo menos não que saibamos. Mas ela precisa ter a convicção do que é preciso fazer", disse a analista política, para logo depois emendar: "Mas provavelmente vamos ver tudo isso se arrastar pelos próximos três anos. Ela poderia fazer esse gesto à nação, mas é barrada pelo seu partido".
Superação
Por repetidas vezes, a comentarista da TV Globo reafirmou sua confiança na capacidade de o Brasil superar a crise, mas que para isso é preciso realizar mudanças estruturais. Ela citou o caso da carga tributária brasileira. "Todo mundo já está no limite. Ninguém aguenta mais pagar impostos, e o governo quer cobrar mais", disse, seguida por aplausos da plateia.
A jornalista ressaltou que o País tem um mercado interno altamente atrativo, um povo criativo, unidade nacional e recursos naturais. Em outras palavras, os ingredientes para uma receita de crescimento e prosperidade. "Mas aí você tem um governo que nos levou a essa encalacrada em que estamos agora", avaliou, de forma incrédula.
Cristiana encerrou sua apresentação com uma mensagem de esperança seguida de um alerta. "Há um ditado chinês que diz que, se cada um varrer a porta de casa, no fim do dia a cidade toda vai estar limpa. O problema é que o Estado brasileiro virou um elefante tão grande que não consegue se movimentar e fazer sua parte", frisou. |
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