quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Michel Temer ainda é a pedra angular da política brasileira

O Partido do Movimento Democrático Brasileiro -PMDB- apresenta, internamente, divisões que podem enfraquecer o partido nas eleições municipais deste ano. De um lado, um grupo, articulado pelo ex-ministro Moreira Franco, trabalha para que o atual vice-presidente da República, Michel Temer, presidente do Partido, seja reconduzido à direção, na convenção nacional a se realizar em março próximo. De outro, alguns senadores, tendo à frente  o senador Romero Jucá, postulante ao cargo, trabalham  para substituir Temer.
 
Os dois nomes, Temer e Jucá, disputarão a presidência em pleno ano de realização das eleições municipais para prefeitos e vereadores, pleito que o PMDB sempre considerou importantíssimo para consolidar sua posição de maior partido do País, com bases sólidas nos principais redutos eleitorais. Essa  tem sido  a estratégia de hegemonia do PMDB: Conquistar o maior número possível de prefeituras e de vereadores, com os quais sustenta sua densidade eleitoral em todo o vasto território brasileiro.
 
Além dos interesses do partido pelas eleições municipais, existe a disputa pelo governo, onde a coalizão com o Partido dos Trabalhadores -PT-  estremece diante do pedido de impeachment da Presidente Dilma Rousseff, em trâmite na Câmara dos Deputados, processo que promete lances emocionantes na política brasileira, quando forem reabertos os trabalhos legislativos, em fevereiro. Com ou sem Temer na presidência do PMDB, com ou sem impeachment, o destino do Governo Dilma já está a caminho de um desfecho melancólico, em decorrência da perda de apoio popular e da má situação do País.
 
O noticiário menciona o apoio do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, ameaçado de ser destituído do cargo, à recondução de Michel Temer, e a pendência do presidente do Senado, senador Renan Calheiros -igualmente envolvido em denúncias de corrupção-  à eleição do senador Romero Jucá, um político que representa o Estado de Roraima e que sempre trabalha a favor do governo, sendo conhecido como um governista de primeira hora e um bom termômetro para se avaliar se o Presidente da República está forte ou fraco.
 
O senador Jucá já teve melhores dias na política. É discípulo do ex-vice Presidente Marco Maciel, figura marcante do cenário político brasileiro nas últimas décadas e hoje recolhido à sua residência em Pernambuco, completamente alheio à política, por problemas de saúde. Homem talentoso e bom articulador, Jucá deve estar postulando a Presidência do PMDB apenas para valorizar a disputa e garantir a reeleição de Michel Temer. É o adversário que preenche o espaço evitando que outro aventureiro desafie Temer, que já está visitando todos os Estados conclamando as bases partidárias à unidade.
 
É assim mesmo: Michel Temer, o vesica piscis , espécie de  pedra angular da  política brasileira, por aclamação dos políticos e não por pretensão, desde a morte do deputado Ulysses Guimarães, será reconduzido à Presidência do PMDB, independentemente do que aconteça ao Governo Dilma Rousseff. O maior desafio para Temer é saber contornar, mostrar resiliência em relação ao impacto da Operação Lava Jato no meio político. Não se trata de varrer a corrupção para baixo do tapete, mas, sim, de sobreviver ao dilúvio.
 
 

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