quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Famigerada CPMF é ode a "Macunaíma"


Chega a ser impressionante a falta de criatividade e o cinismo do Governo Federal ao incluir, na previsão orçamentária de 2016, a arrecadação de 10 bilhões de reais por conta da aprovação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira – a famigerada CPMF. Esse imposto foi inventado com patente do governo Itamar Franco, e inspiração do então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, em 1993/1994.

A preguiça mental e o comodismo dos governantes brasileiros, capinando sentados ou dormindo, no jeito de “Macunaíma”, impedem que procurem novas opções de arrecadação e acabem com esse vício de aumentar ou criar impostos para melhorar a arrecadação, quando o planejamento de governo, a austeridade de gastos e a inovação  nos métodos administrativos podem oferecer várias opções a um país com múltiplas riquezas no solo e subsolo e uma produção agrícola formidável.

Contando com um Congresso Nacional servil, que aprovou a inclusão desse imposto no projeto, apesar do clamor nacional contra, a Presidente Dilma Rousseff sancionou o Orçamento sem vetos; também, pudera, pois se trata, mais uma vez, de uma peça de ficção para um enredo político e econômico dramático e recheado de corrupção que sangra os cofres públicos em dimensões nunca vistas. O New York Times observou hoje que o rombo na Petrobrás não tem precedentes em nenhum país democrático.

A sociedade, então, vai pagar a tal CPMF, se for aprovada em maio, como deseja o Palácio do Planalto e seus acólitos? Esses 10 bilhões serão repartidos com os governadores, sedentos e dispostos a qualquer aventura, e a farra estadual vai continuar a expensas do contribuinte, que, em última análise, vai meter a mão no bolso para cobrir a roubalheira nacional. A CPMF é uma bela maçã num galho baixo da macieira, ao alcance de "Macunaíma". É a lei do menor esforço dos governantes das últimas duas décadas.

A Presidente Dilma, orientada por sua assessoria, vai atropelando as normas legais e criando um decisionismo jurídico assustador, à revelia da Constituição e apoiada pelos seus ministros no Supremo Tribunal Federal. O caso das pedaladas fiscais e outras manobras contábeis e orçamentárias, contestadas pelo Tribunal de Contas da União, não preocupam mais a ética palaciana, que aprendeu rapidamente que, se não dá para fazer por bem, que se façam por mal, para que o barco não afunde de todo.

A derrama, cobrança abusiva de impostos feita pelo governo de Portugal, foi a senha para que os inconfidentes  desencadeassem o movimento de independência do Brasil, em 1822, com Tiradentes  martirizado. Essa CPMF vai agitar a massa, não porque seu valor seja elevado, mas porque se destina a cobrir parte do rombo causado pelos corruptos que a Operação Lava Jato vem revelando.

 

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