Golpe é a corrupção sistêmica,
que faz sangrar o Brasil. O provável impeachment
da Presidenta Dilma Rousseff tem suscitado debates de toda ordem, mas que apenas
resvalam no maior câncer que atinge atualmente o Brasil: A corrupção sistêmica,
que consome cerca de 85 a 100 bilhões de
reais por ano, segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo –FIESP- e da Organização das
Nações Unidas –ONU-.
Essa corrupção é o maior golpe
contra a democracia brasileira e, por si só, justificaria a continuidade da “Operação
Lava Jato”, sob o comando do juiz Sérgio Moro, que, até agora, relacionou como
envolvidos 316 políticos de 28 dos 32 partidos políticos.
O governo Dilma cai pela sua
ineficácia política e pela prática de “algumas pedaladas fiscais”, mas reina
uma expectativa em relação à continuidade da “Operação Lava Jato”, que chegou a nomes de empresários, funcionários
públicos e privados, militares, diplomatas ,advogados e juízes, descobrindo a
bandalheira geral de vários anos que sangra o Brasil.
A Nação observa atentamente os
movimentos do novo ministro da Justiça, o
subprocurador da República Eugênio Aragão, que não poderia assumir o cargo,
na visão de diversos juristas, por incompatibilidade de funções e razões legais,
mas que foi pinçado pelo atual Governo para controlar a Polícia Federal e a “Operação Lava Jato”. Há
quem aposte que o juiz Moro mandará prender em breve o ex-Presidente Lula et
caterva.
Sérgio Marcus Rangel Porto,
cronista e escritor mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta ( Rio de Janeiro,1923-1968)
diria que quase todos se locupletaram e pediria a restauração da moralidade (“Ou restaura-se a moralidade, ou
locupletemo-nos todos”). Mas, Stanislaw ficaria decepcionado com o teor do
áudio vazado pelo vice-presidente Michel Temer, em ensaio para assumir o
governo em caso de impeachment de Dilma Rousseff. O áudio não menciona
o combate à corrupção, hoje a principal bandeira que leva milhões de cidadãos
brasileiros indignados às ruas.
O que acontecerá com tantas
pessoas relacionadas pela “Operação Lava Jato”, inclusive quase todos os
integrantes da cadeia sucessória, o que deixa o Brasil quase acéfalo e de olhos
indagativos às Forças Armadas?
Santo Agostinho, em suas “Confissões”,
afirma que só é corruptível o que é bom, porque o mau já foi corrompido e o
ótimo (Deus) não se permite corromper. O
cientista político Samuel Huntington, dos Estados Unidos, tem um estudo que
justifica a corrupção nos países menos desenvolvidos. Nestes, o capital externo
sufoca os empresários nativos e estes se escudam na política como meio para sua
salvação, locupletando-se das benesses do poder; nos países desenvolvidos, ao
contrário, os donos do capital procuram a política como fim para seus projetos
de vida.
Pelas duas óticas acima, não há
solução à vista para a corrupção no Brasil, um atavismo cultural que já vem de
longe, quando Pero Vaz de Caminha, escrivão da Armada de Pedro Álvares Cabral,
dizia , em carta ao Rei Dom Manuel I, que, no Brasil, em se plantando, tudo dá,
mas já pedia prebendas a familiares e amigos. Outras figuras notáveis do
Brasil, que é melhor não serem citadas aqui, escalaram o poder usando as
estratégias mais bizarras e inescrupulosas, como se justificando à sobeja o que dizia Maquiavel, que os meios justificam
o fim.
O Senado Federal aprovou o fim da
reeleição. Prefiro a palavra reelegibilidade para os cargos executivos, que
significa a continuidade administrativa, algo importante para o Brasil, mas,
que é distorcida pelos políticos brasileiros. Não é esse instituto o culpado
pelas mazelas praticadas pelos ocupantes dos cargos, culturalmente influenciados
pelo vício do patrimonialismo e do continuísmo.
A reforma política ideal brasileira teria que se iniciar pela
reciclagem cultural das elites nativas, algo complexo. O poder político teria
que ser blindado contra a má influência do poder econômico junto aos partidos e
eleitores. A meritocracia na estrutura estatal teria que ser restaurada e os
valores liberais, republicanos e democráticos adaptados aos novos tempos de globalização.
Não sei se eu estarei vivo para ver alguma mudança dessa dimensão. E não sei se
meus filhos, netos e bisnetos estarão... Não se corrige a sombra de uma vara
torta...
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