Dois discursos marcaram hoje o
clima político em Brasília. O da presidenta Dilma Rousseff, deixando hoje pela
manhã o Palácio do Planalto com seus aliados - entre os quais o ex-presidente
Lula abatido - e afirmando ser vítima de um golpe de Estado, e o do vice Michel
Temer, assumindo à tarde a Presidência, apresentando seus 23 ministros e
anunciando diversas metas de combate à crise econômica e recuperação do País.
Dois instantes marcantes, em que o
Brasil sai de um clima sombrio, depois de 13 anos de poder do Partido dos
Trabalhadores-PT-, do ex-presidente Lula, e entra num astral de “religiosidade”,
que, segundo Michel Temer, acusado por adversários de ser satanista e servir à
Maçonaria, visa à religação dos aspectos positivos da vida nacional com base no
dístico da Bandeira do Brasil: “Ordem e Progresso”.
Temer sempre que pode ressalta
sua formação cristã e católica e suas excelentes relações com as confissões
evangélicas. Seus assessores na Câmara e na vice-presidência eram quase todos
evangélicos, com os quais faz orações frequentes.
Sua esposa, Marcela Tedeschi
Araújo Temer, com quem convive há sete anos, é uma mulher formosa e alvo
permanente da imprensa sensacionalista. Temer é 43 anos mais velho, mas ambos
se adaptam muito bem aos desafios da política para a vida conjugal, conforme
garantem as colunistas sociais de São Paulo.
Michel Temer citou em seu
discurso a ex-Presidenta Dilma Rousseff, que, a seu ver, merece todo respeito da Nação, sob o ponto de vista institucional,
e ressaltou a necessidade de que o Brasil,
com seus imensos recursos
naturais, combata o desemprego, atualmente afetando cerca de 11 milhões de
brasileiros.
Temer, tendo ao lado seu ministro
da Fazenda, Henrique Meirelles, com superpoderes para restabelecer a confiança
dos investidores no Brasil, propôs que o governo comece imediatamente a
trabalhar sem pessimismo e observou que o momento é oportuno para a projeção da
imagem brasileira no exterior, pois a realização das Olimpíadas deve atrair
jornalistas do mundo inteiro.
O ministério de Temer não tem
nenhuma mulher; além do superpoderoso ministro Henrique Meirelles, com trânsito
privilegiado junto aos banqueiros internacionais, se destacam figuras como as do
senador José Serra, do Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB-, nomeado
ministro das Relações Exteriores, e Raul Jungman, do Partido Popular
Socialista-PPS-, ex-Partido Comunista Brasileiro - PCB-, nomeado Ministro da
Defesa, devendo substituir o deputado Aldo Rebelo, do Partido Comunista do
Brasil – PC do B. Em resumo, uma troca de guarda entre dois comunistas de
correntes diferentes.
José Serra, ex-governador de São
Paulo e ex-ministro da Saúde, tem excelente visão econômica e deve incrementar
as relações comerciais do País, começando pela agilização do próprio Mercosul. Jungman,
cuja nomeação foi bem recebida pelos militares, já foi ministro para Assuntos
Fundiários, no Governo de Fernando Henrique Cardoso, conhecendo muito bem as
entranhas do Movimento dos Sem-Terra –MST-, que promete fazer oposição ao novo
governo.
Sai uma governanta que tem
imensas dificuldades de articulação política e que um dia usava metralhadora,
como guerrilheira, e entra um habilidoso articulados profissional capaz de fazer
tricô com quatro agulhas, segundo definição magistral do ex-ministro da
Fazenda, Antonio Delfim Netto, um dos principais avalizadores do novo
presidente.
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