As delações do ex-senador e ex-presidente
da Transpetro, Sergio Machado, à “Operação Lava Jato”, envolvendo o nome do
atual presidente da República interino, Michel Temer, comprovam que o sistema
político brasileiro encontra-se, hoje, completamente contaminado em seus órgãos institucionais
por desvirtuamento de várias instituições, dentre as quais se destaca a forma
republicana de governo.
Por sistema político compreendam-se
a forma de estado, a forma e o sistema de governo e a representação política. A
forma de estado federativa se agrava com ameaças à soberania nacional e os
movimentos separatistas latentes; a república presidencialista começa a ser
questionada com o desequilíbrio e desarmonia entre os poderes Legislativo, Executivo
e Judiciário, em especial no tocante ao controle da constitucionalidade, e os subsistemas eleitoral e partidário
apresentam disfunções gritantes decorrentes da influência do poder econômico
sobre a ética e a moral.
Diante desse quadro pernicioso
para o futuro do Brasil e gerador de "estados bandidos", a “Operação Lava Jato” foi criada para passar o Brasil
a limpo e remover todo o entulho de corrupção e desmandos que dificultam a
governabilidade e comprometem os ideais republicanos, abrindo caminho para a
essencial reforma política, o que explica o apoio incisivo da sociedade
brasileira ao trabalho sob coordenação do juiz Sérgio Moro, em Curitiba e com base em quatro pilares de atuação: Polícia Federal, Justiça, Receita Federal e Procuradoria da República.Com ou
sem Moro, a devassa deve continuar implacavelmente, até que se concretize a reforma do sistema político brasileiro.
A denominada “República de
Curitiba” faz jus ao nome, porque a “Operação Lava Jato” se destina a resgatar
a república brasileira nos termos do manifesto de 1870, encabeçado por Quintino
Bocaiuva e Joaquim Saldanha Marinho, onde a soberania social com democracia era
posta na Constituição acima dos interesses pessoais representados pela forma
monárquica de governo.
Os republicanos bradavam: “... a esse desequilíbrio de forças, a essa
pressão atrofiadora, deve o nosso pais a sua decadência moral, a sua desorganização
administrativa e as perturbações econômicas, que ameaçam devorar o futuro
depois de haverem arruinado o presente” Esses são problemas que se constatam hoje no Brasil e em muitos países
republicanos no mundo inteiro.
O plebiscito realizado no Brasil
em 1993 e que confirmou a opção pela república presidencialista, possivelmente,
apresentaria resultados diferentes hoje com a situação em que se encontra o
Brasil, onde os valores republicanos vêm sendo sistematicamente vilipendiados
pela corrupção e pela inépcia administrativa dos últimos governos. Em 1993, a
forma republicana recebeu 44,2 milhões de votos e a monárquica 6,8 milhões, dos
67 milhões de votantes.
Há no mundo inteiro uma preocupação
com o resgate dos valores republicanos, com apoio de todas as correntes maçônicas,
pois o ideário republicano é inteiramente compartilhado pela Maçonaria. Isso ocorre no
Brasil, onde a república foi proclamada pelo maçom Marechal Deodoro da Fonseca,
em 1889, depois de vigorosa campanha liderada por Benjamin Constant Botelho de
Magalhães, maçom, positivista discípulo de Augusto Comte, fundador da República
brasileira e alçado a primeiro Ministro da Guerra (atual Exército).
A Maçonaria mundial e outras forças se mobilizam
em prol do fortalecimento das repúblicas uma medida necessária, porque a
terceira opção às formas republicana e
monárquica de governo seria a Anarquia, que hoje já vem sendo implementada como
instrumento de conquista do poder por grupos fundamentalistas, que se comportam
como discípulos de Bakunin, Sartre e Sorel...
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