quinta-feira, 16 de junho de 2016

"Lava Jato" veio para resgatar a República


As delações do ex-senador e ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, à “Operação Lava Jato”, envolvendo o nome do atual presidente da República interino, Michel Temer, comprovam que o sistema político brasileiro encontra-se, hoje,  completamente contaminado em seus órgãos institucionais por desvirtuamento de várias instituições, dentre as quais se destaca a forma republicana de governo.

Por sistema político compreendam-se a forma de estado, a forma e o sistema de governo e a representação política. A forma de estado federativa se agrava com ameaças à soberania nacional e os movimentos separatistas latentes; a república presidencialista começa a ser questionada com o desequilíbrio e desarmonia entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, em especial no tocante ao controle da constitucionalidade,  e os subsistemas eleitoral e partidário apresentam disfunções gritantes decorrentes da influência do poder econômico sobre a ética e a moral.

Diante desse quadro pernicioso para o futuro do Brasil e gerador de "estados bandidos", a “Operação Lava Jato” foi criada para passar o Brasil a limpo e remover todo o entulho de corrupção e desmandos que dificultam a governabilidade e comprometem os ideais republicanos, abrindo caminho para a essencial reforma política, o que explica o apoio incisivo da sociedade brasileira ao trabalho sob coordenação do juiz Sérgio Moro, em Curitiba e com base em quatro pilares de atuação: Polícia Federal, Justiça, Receita Federal e Procuradoria da República.Com ou sem Moro, a devassa deve continuar implacavelmente, até que se concretize a reforma do sistema político brasileiro.

A denominada “República de Curitiba” faz jus ao nome, porque a “Operação Lava Jato” se destina a resgatar a república brasileira nos termos do manifesto de 1870, encabeçado por Quintino Bocaiuva e Joaquim Saldanha Marinho, onde a soberania social com democracia era posta na Constituição acima dos interesses pessoais representados pela forma monárquica de governo.

Os republicanos bradavam: “... a esse desequilíbrio de forças, a essa pressão atrofiadora, deve o nosso pais a sua decadência moral, a sua desorganização administrativa e as perturbações econômicas, que ameaçam devorar o futuro depois de haverem arruinado o presente” Esses são problemas que se constatam hoje no Brasil e em muitos países republicanos no mundo inteiro.

O plebiscito realizado no Brasil em 1993 e que confirmou a opção pela república presidencialista, possivelmente, apresentaria resultados diferentes hoje com a situação em que se encontra o Brasil, onde os valores republicanos vêm sendo sistematicamente vilipendiados pela corrupção e pela inépcia administrativa dos últimos governos. Em 1993, a forma republicana recebeu 44,2 milhões de votos e a monárquica 6,8 milhões, dos 67 milhões de votantes.

Há no mundo inteiro uma preocupação com o resgate dos valores republicanos, com apoio de todas as correntes maçônicas, pois o ideário republicano é inteiramente compartilhado pela Maçonaria. Isso ocorre no Brasil, onde a república foi proclamada pelo maçom Marechal Deodoro da Fonseca, em 1889, depois de vigorosa campanha liderada por Benjamin Constant Botelho de Magalhães, maçom, positivista discípulo de Augusto Comte, fundador da República brasileira e alçado a primeiro Ministro da Guerra (atual Exército).

A Maçonaria mundial  e outras forças se mobilizam em prol do fortalecimento das repúblicas uma medida necessária, porque a terceira opção  às formas republicana e monárquica de governo seria a Anarquia, que hoje já vem sendo implementada como instrumento de conquista do poder por grupos fundamentalistas, que se comportam como discípulos de Bakunin, Sartre e Sorel...

 

 

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