A greve nas universidades federais, que já dura 15 dias,
deixa de ser um fato educacional para se transformar num fato político significativo,
levando-se em consideração as reivindicações dos alunos e professores, às vésperas das eleições municipais e da disputa renhida pela prefeitura de São Paulo.
Das 59 universidades existentes no País, 42 (71%)
paralisaram suas atividades e mais de um milhão de alunos e milhares de
professores reivindicam melhor qualidade de ensino, melhores salários e outras
condições de valorização do professor.
Há um clima de anomia associada à anemia das universidades,
carentes de condições satisfatórias para que cumpram sua importante missão de
formar profissionais competentes e suficientes para suprir as necessidades do
Brasil, num momento em que o Governo
Dilma se empenha em abrir maior intercâmbio com
universidades e centros de ensino com excelência de qualidades dos
Estados Unidos e da Europa.
Atualmente, cerca de seis milhões de estudantes estão
matriculados em 25 mil cursos das instituições de ensino superior públicas e
privadas, que incluem cursos de tecnologia e à distância, duas modalidades que
tendem a crescer em demanda e oferta nos próximos anos, segundo previsões do
Ministério da Educação.
Se os universitários das instituições federais demonstram
insatisfação com a qualidade de ensino e os professores se queixam da sua
desvalorização, o quadro não é muito diferente nas universidades privadas, onde
é evidente a grande assimetria entre os
lucros auferidos pelos empresários e a qualidade de ensino e as condições de
remuneração dos professores, seja na graduação ou na pós-graduação.
A greve se transforma em fato político, na medida em que significativo
contingente universitário insatisfeito reprova a política educacional, que,
hoje, às vésperas das eleições municipais, está sob comando do petista Aluízio
Mercadante, substituto de Fernando Haddad, o candidato do PT à prefeitura de
São Paulo, ex-ministro da Educação do
Governo Lula.
Ao tomar conta da sensível área da educação, o PT conseguiu
um ministério com imenso poder de irrigação eleitoral, graças aos mecanismos políticos
de aplicação orçamentária (aprovado recentemente o percentual de 10% do
orçamento federal) e de disseminação ideológica em todos os níveis de ensino.
Mas, a educação no
Brasil apresenta desafios estruturais decorrentes da própria desigualdade social,
e, eleitoralmente, pode se transformar numa faca de dois gumes para a situação,
se a oposição for competente para explorar suas mazelas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário