A vitória de Horácio Cartes, no
Paraguai, trazendo de volta ao poder o Partido Colorado, não deixa de ter um
caráter de referendo, em que o povo paraguaio aprova a saída de Fernando Lugo, eleito
por uma coalizão liberal e defenestrado do poder, em junho do ano passado, por
meio de um processo de impedimento provocado pelo Parlamento e aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
E como fica o Brasil, diante
desse resultado? Sai desgastado, depois de ter, por razões ideológicas, colocado
à margem do MERCOSUL e da União das Nações Sul-Americanas-UNASUL- um dos seus
primeiros e principais parceiros, além de vizinho geográfico, com quem acumula patrimônio
histórico diplomático estratégico e empreendimentos conjuntos, entre os quais a
usina hidrelétrica de Itaipu.
A diplomacia brasileira, no
entanto, com sorriso amarelo, considera, pelo seu porta-voz, embaixador Tovar
da Silva Nunes, que não há um automatismo no retorno do Paraguai ao Mercosul,
em razão desse resultado eleitoral.
Esse automatismo deveria haver,
não para corrigir o equívoco do Governo brasileiro, quando aderiu às retaliações contra o governo do
liberal Federico Franco, substituto de Lugo, mas por uma questão óbvia de
realismo político, de eliminação dessa esdrúxula retaliação ao parceiro
vizinho.
Um raciocínio elementar: Se nem a
eleição insofismável, limpa e democrática repõe o Paraguai, automaticamente, como
partícipe do Mercosul e da Unasul, que tipo de democracia o Brasil e os seus
parceiros querem para a região? Ademais, quais desses países, atualmente,
apresentam um modelo de democracia melhor do que o do Paraguai? Nem o Brasil...
Enquanto o Brasil faz beicinho,
vacila, diante do tapa com luva-de-pelica recebido do povo paraguaio, os Estados
Unidos ocupam cada vez mais espaço na política sul-americana, mantendo linha
direta com Assunção e dando apoio ao novo status
cívico do Paraguai, mesmo que à frente do processo político esteja o Partido Colorado – aquele que
sustentou a ditadura de 35 anos do
general Alfredo Stroessner.
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