domingo, 2 de junho de 2013

Morreu Bautista Vidal, idealizador do álcool-combustível



Não poderia deixar de registrar neste blog a morte, hoje, em Brasília, do físico brasileiro José Walter Bautista Vidal (82 anos de idade), o idealizador do Programa Nacional do Álcool –Próalcool- programa brasileiro lançado durante o Governo Ernesto Geisel para utilização do etanol como combustível para os automóveis e alternativa de preservação dos combustíveis fósseis.

Professor da Universidade de Brasília e nacionalista, Bautista Vidal, nascido na Bahia, escreveu 12 livros, revelando em quase todos sua preocupação com a dependência brasileira em relação a outros países, em especial no tocante ao desenvolvimento tecnológico e à exploração dos recursos naturais brasileiros.

Conheci Bautista Vidal pessoalmente e dele pude ouvir, em diversas ocasiões, a defesa apaixonada da soberania brasileira em todos as expressões do poder, sob o argumento de que o servilismo não conduz nenhuma nação à  conquista da liberdade e da democracia.

Em certa ocasião, quando era pré-candidato do Partido Democrático Brasileiro –PDT- à Presidência da República, com uma plataforma radicalmente nacionalista, perguntei-lhe se acreditava realmente em tudo que pregava, e ele me respondeu, em tom sarcástico, como espécie de filósofo da adaptação: “Claro que sim, mas quero também dizer que “sou como o sapo, que não pula por boniteza, mas, sim, por necessidade”.

Ideologicamente, Vidal se concentrava nas críticas tanto à esquerda quanto à direita, porque a sua justificativa política básica era que o importante era o desenvolvimento brasileiro de forma efetiva, sem entreguismo, e, nesse aspecto, tecia críticas tanto aos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula quanto a qualquer presidente dos países tropicais que negligenciasse o desenvolvimento do setor energético. Discretamente, era grato ao regime militar por ter reconhecido e captado seu talento científico,  não obstante ter sido assessor de um  ferrenho adversário do regime, Leonel Brizola.

Vidal exerceu diversos cargos federais durante a vigência do regime militar, sempre atuando nas áreas ligadas à ciência e tecnologia, procurando pregar, como professor da Universidade de Brasília e da Unicamp, o aproveitamento das potencialidades energéticas de um país como o Brasil, com elevados índices médios de radiação solar, em especial nas regiões mais próximas da linha do Equador. ”É o potencial dee inúmeras bombas atômicas”- dizia.

Era defensor do desenvolvimento da tecnologia para fabricação da bomba atômica brasileira, como fator de soberania, e chegou a escrever a respeito para diversos políticos em campanhas eleitorais, entre os quais Eneas Carneiro, médico cardiologista e candidato presidencial do Partido de Reedificação da Ordem Nacional-PRONA-,, um dos maiores fenômenos da campanha televisiva brasileira, que obteve, com alguns segundos de propaganda, em 1994, cerca de 4,6 milhões de votos.

A morte de Bautista Vidal priva não só o Brasil, mas o mundo, de uma inteligência fulgurante associada a um saber enciclopédico, independentemente de suas posições  radicalmente nacionalistas.


 

2 comentários:

  1. parabens pela nota, perdemos um grande brasileiro. va com deus bautista vidal.

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  2. parabens pela nota, perdemos um grande brasileiro. va com deus bautista vidal.

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