Não poderia deixar de registrar neste blog a morte, hoje, em
Brasília, do físico brasileiro José Walter Bautista Vidal (82 anos de idade), o
idealizador do Programa Nacional do Álcool –Próalcool- programa brasileiro
lançado durante o Governo Ernesto Geisel para utilização do etanol como
combustível para os automóveis e alternativa de preservação dos combustíveis
fósseis.
Professor da Universidade de Brasília e nacionalista, Bautista
Vidal, nascido na Bahia, escreveu 12 livros, revelando em quase todos sua
preocupação com a dependência brasileira em relação a outros países, em
especial no tocante ao desenvolvimento tecnológico e à exploração dos recursos
naturais brasileiros.
Conheci Bautista Vidal pessoalmente e dele pude ouvir, em
diversas ocasiões, a defesa apaixonada da soberania brasileira em todos as
expressões do poder, sob o argumento de que o servilismo não conduz nenhuma nação
à conquista da liberdade e da
democracia.
Em certa ocasião, quando era pré-candidato do Partido
Democrático Brasileiro –PDT- à Presidência da República, com uma plataforma
radicalmente nacionalista, perguntei-lhe se acreditava realmente em tudo que
pregava, e ele me respondeu, em tom sarcástico, como espécie de filósofo da adaptação: “Claro que sim, mas quero
também dizer que “sou como o sapo, que não pula por boniteza, mas, sim, por necessidade”.
Ideologicamente, Vidal se concentrava nas críticas tanto à
esquerda quanto à direita, porque a sua justificativa política básica era que o
importante era o desenvolvimento brasileiro de forma efetiva, sem entreguismo,
e, nesse aspecto, tecia críticas tanto aos ex-presidentes Fernando Henrique
Cardoso e Lula quanto a qualquer presidente dos países tropicais que
negligenciasse o desenvolvimento do setor energético. Discretamente, era grato ao regime militar por ter reconhecido e captado seu talento científico, não obstante ter sido assessor de um ferrenho adversário do regime, Leonel Brizola.
Vidal exerceu diversos cargos federais durante a vigência do regime
militar, sempre atuando nas áreas ligadas à ciência e tecnologia, procurando
pregar, como professor da Universidade de Brasília e da Unicamp, o
aproveitamento das potencialidades energéticas de um país como o Brasil, com
elevados índices médios de radiação solar, em especial nas regiões mais
próximas da linha do Equador. ”É o potencial dee inúmeras bombas atômicas”-
dizia.
Era defensor do desenvolvimento da tecnologia para fabricação da
bomba atômica brasileira, como fator de soberania, e chegou a escrever a
respeito para diversos políticos em campanhas eleitorais, entre os quais Eneas Carneiro,
médico cardiologista e candidato presidencial do Partido de Reedificação da
Ordem Nacional-PRONA-,, um dos maiores fenômenos da campanha televisiva
brasileira, que obteve, com alguns segundos de propaganda, em 1994, cerca de
4,6 milhões de votos.
A morte de Bautista Vidal priva não só o Brasil, mas o mundo, de
uma inteligência fulgurante associada a um saber enciclopédico,
independentemente de suas posições radicalmente nacionalistas.
parabens pela nota, perdemos um grande brasileiro. va com deus bautista vidal.
ResponderExcluirparabens pela nota, perdemos um grande brasileiro. va com deus bautista vidal.
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