Gélio Fregapani(Membro da Academia Brasileira de Defesa)
É bonito
ver uma multidão empolgada. Há uma sensação de união, da luta por um ideal, de
onipotência, mas nunca se sabe o rumo que ela vai tomar.
A
psicologia das multidões foi estudada por Gustave Le Bom, que nos legou
preciosos conhecimentos, úteis para quem pensa que um dia poderá ter que
conduzir ou controlar alguma. Ensina ele: “Uma massa é como um selvagem; não
está preparada para admitir que algo possa ficar entre seu desejo e a
realização deste desejo. Ela forma um único ser e fica sujeita à lei de unidade
mental das massas. As personalidades individuais desaparecem e o mais eminente
dos homens dificilmente supera o padrão dos indivíduos mais ordinários. Ela não
pode realizar atos que demandem elevado grau de inteligência. Numa multidão
ensandecida é a estupidez, não a inteligência, que é acumulada. O sentimento de
responsabilidade que controla os indivíduos desaparece completamente. Todo sentimento
e ato são contagiosos. O homem desce diversos degraus na escada da civilização.
Isoladamente, ele pode ser um indivíduo; na massa, ele é um bárbaro, isto é,
uma criatura agindo por instinto. A multidão não constrói. Só tem força para
destruir”.
Quando Le
Bom descreveu a multidão, a sociologia científica (não ideológica) ainda não
tinha identificado o estereótipo das ações das classes sociais; considerava-se
que, nas multidões, predominariam os elementos da classe dos excluídos, cuja
tradicional imprevidência e irresponsabilidade os conduziriam a destruir tudo.
Quando predominam indivíduos de classe média, pode haver alguma diferença no
comportamento.
Apesar
disto, presenciamos a baderna em vários locais do País. Quebram prédios.
Prejudicam o trânsito. Atacam a Polícia para obrigá-la a revidar. Já era de se
esperar que numa multidão houvesse baderneiros e ladrões, mas, quando foram
presos, vários baderneiros declararam que receberam dinheiro para criar
desordem. Verificou-se que alguns outros trabalhavam no próprio palácio do
Governo, indicando que alguma facção governamental pode estar envolvida na
criação e organização dos presentes movimentos.
Como
teria começado
O
primeiro a convocar uma “manifestação” teria sido o Zé Dirceu. Depois tivemos
os “esculachos”, organizados pelos esquerdistas radicais, que não foram adiante
por falta de apoio popular. As manifestações que estamos presenciando teriam
sido montadas e organizadas nos centros acadêmicos controlados por movimentos
ideológicos de extrema-esquerda, principalmente nos diretórios das Faculdades
de Filosofia. Na orientação esquerdista ,certamente providenciaram para que não
fosse uma manifestação totalmente pacífica.
Foi fácil
sentir as digitais do grupo organizador; A especialidade número um das
esquerdas radicais é incitar as massas O pretexto para as manifestações foi
incoerente e inconsistente e não mobilizou as classes trabalhadoras, pois
trabalhadores recebem vale-transporte, mas foi suficiente para juntar
universitários indignados com a corrupção e a politicagem. Entediados com a
vida fácil, mas cheios de vigor, agarraram a oportunidade de romper com a
covardia oficial (do não reaja) e sair em busca de um “Santo Graal”.
A
evolução
A
verdade é que nem tudo saiu como foi planejado;, a garotada de classe média
conteve em parte a violência da multidão e repudiou os provocadores. O
movimento tomou vulto surpreendente por causa da insatisfação geral e essa
insatisfação fez com que as reivindicações fugissem do controle de seus organizadores.
Os
partidos políticos têm sido rejeitados, principalmente os esquerdistas radicais,
que pretendiam conduzir o movimento em favor de seus ideais, vendo aparecer uma possibilidade de forçar a solução de
alguns dos problemas nacionais.
Entretanto,
os grandes problemas nacionais só foram citados de forma difusa, até por
ignorância dos manifestantes e certamente não serão tratados prioritariamente;
fala-se muito contra a corrupção, mas sem objetividade. Quase não se toca na
perigosa questão indígena e ás vezes defende-se romanticamente posições
prejudiciais ao País, como a defesa exagerada do meio ambiente.
Afinal, a
quem as manifestações beneficiam?
Bem, quid prodest ? Quem ganha ou
pensou ganhar com isto? Poucas dúvidas restam que o grupo sindicalista do PT
(leia-se Zé Dirceu), desejoso de derrubar a Dilma, esteve na liderança,
secundado pelo PSOL, PSTU e outros radicais, claro, contando com a colaboração
de vários “companheiros de viagem” A extrema esquerda soube sempre espalhar
ódio entre diferentes grupos e jogar uns contra os outros. Desta vez conseguiu
mobilizar contra a ordem vigente uma sociedade indignada, mas sem saber
direito para onde apontar suas armas.
Cansada
da política, dos partidos, do Congresso, dos abusos do poder, as pessoas saem
às ruas com a sensação de que é preciso “fazer algo”, mas não sabem ao certo o
que ou como fazer.
Apesar
dos esquerdistas, até agora, terem falhado em conduzir o movimento para os
ideais deles, pode ser que ainda consigam, por serem os únicos organizados. Até
agora tem sido um tiro no pé, pois estão sendo os mais prejudicados.
A tática
da reação governamental está dando certo: pouca intervenção e as imagens
de vandalismo criam uma má vontade para com os vândalos e permitem uma reação
forte quando ficar insuportável. Este filme viveu-se antes de 1964, também
comandado por uma esquerda cega e violenta. Por sorte, naquela época, a classe
média foi às ruas com o apoio das Forças Armadas e inverteu a situação.
Até agora
só se vê prejuízos; o custo das depredações alcançará a dezenas de milhões e o
prejuízo nas quebras de negócios e do turismo passará de um bilhão. A esquerda
gritona ficará reduzida ao seu real tamanho, ou seja, à insignificância , o
Governo ficará diminuído e os políticos serão hostilizados onde quer que
apareçam, mas não mudarão de índole. O País perderá força e credibilidade e o
sistema financeiro internacional certamente se aproveitará da ocasião.
O futuro
incerto
Desta vez,
ainda não se sabe o rumo que tomará; pode ser que as manifestações se extingam
naturalmente tendo apenas dado um susto nos políticos, assim como podem forçar
a solução de alguns atos de corrupção ou ainda tomar tal vulto que obrigue a
intervenção autônoma da Forças Armadas. Isto dependerá muito da comunicação, na
mídia e na internet.
Em
qualquer caso, o prejuízo para o País já foi evidente. O melhor que poderia
ainda acontecer seria marcar o início da substituição da corrupta Democracia
Representativa pela Democracia Direta, aproveitando as facilidades da
internet.
Que Deus
Proteja o nosso País!
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