Gélio Fregapani(Membro da Academia Brasileira de Defesa)
Quem ganhou, quem perdeu
O futuro é, por definição, contingente e quase tudo
pode acontecer. Ainda assim, quando se nota uma tendência, há grande
possibilidade que tenha continuidade, a menos que algum fato novo venha alterar
os rumos
Poderia ser que as manifestações se extinguissem
naturalmente, mas a tendência é que continuem, só que cada vez mais
incorporando vândalos e bandidos e isto afasta os originais manifestantes,
apenas indignados.
Que deram um susto um susto nos políticos foi
evidente, e já forçaram a solução de alguns atos que facilitavam a corrupção.
Mas o aproveitamento das manifestações pela marginalidade tende a forçar o
endurecimento da ação policial, e a reação a isto ainda não se pode prever.
Até agora existem dois beneficiários da situação: O
Lula, que sumiu estrategicamente no aguardo que, pela perda de prestígio da
Dilma cresçam suas chances de ser o candidato do PT, ou no mínimo para que não
se lembrem de suas falcatruas.
Mais beneficiada ainda seria a ex senadora Marina
Silva que, por ainda estar sem partido, consegue capitalizar a aversão a todos
os partidos, enquanto populações ignoram que está a serviço do estrangeiro e
que acabaria de destruir o País, se fosse eleita. Ainda que isto seja
inexequível, certamente conseguirá seguidores suficientes para conseguir
influir, malignamente, nos destinos do País.
No mais, todas as instituições e todos os outros
candidatos a candidatos ficaram prejudicados e tentam correr atrás do prejuízo:
Os congressistas acabam com a PEC 37 e com os 14º e 15º salários enquanto
aguardam uma oportunidade de retomar o status quo anterior, pois o lobo muda de
pele, mas não de índole. O Judiciário chega a prender um deputado em pleno
exercício do mandato enquanto desencava argumentos jurídicos para impedir
mudanças.
Os esquerdistas radicais do PT e aliados,
violentamente repudiados, tentam organizar o movimento em seu favor, criam
milícias de proteção. Os Tucanos e seus aliados, nada tendo a capitalizar,
atribuem às mazelas dos governos petistas a insatisfação popular, tentando
eclipsar as mazelas dos seus governos. Entretanto a mais prejudicada, fora de
dúvida foi a própria Dilma.
Ainda que as manifestação, ao menos inicialmente
não visassem a pessoa da Presidente, a mandatária foi a mais prejudicada pois
mesmo não sendo pessoalmente responsável por algumas das situações ela encarna
o sistema.
O fato é que Dilma tem consciência que está em jogo
sua reeleição, e quem sabe o seu governo. Os protestos que pipocam em todo o
país, e com a ameaça de inflação, sem dinheiro em caixa para investimentos que
contemplem difusa pauta de reivindicações, resta à presidente tentar resgatar a
imagem com que inflou sua popularidade nos primeiros tempos: a de intransigente
com a corrupção e com o que chamou de "malfeito''. Se o fizer,
recuperará em dois tempos o apoio popular, mas “adeus” às alianças para
reeleição. Não fazendo, de pouco lhe valerão as alianças sem o apoio popular.
Guinada à esquerda ou à direita
No Congresso, há aliados que sugerem que Dilma abra
mão do PMDB e faça uma coalizão mais à esquerda. Certamente ela já terá
percebido o que pode fazer a classe média quando mobilizada, e não entrará
nessa fria.
Ainda não se ouviu sugestões de guinada à direita,
mas muitos são os pedidos de transparência nos gastos, de redução de cargos de
confiança, de diminuição do número de senadores, de deputados e de vereadores –
gente quase inútil - e principalmente de ministérios, criados apenas para dar
cargos à aliados .
Dilma foi vaga no primeiro
pronunciamento, mas depois apresentou propostas objetivas. A principal é um
plebiscito para ver o que o povo realmente quer. Excelente, a Democracia
Representativa não deu certo, e com as facilidades da Internet a tendência
será a Democracia direta, para desgosto dos políticos. Isto é, desde que se
cumpra a decisão popular. Se é para fazer como o plebiscito do desarmamento,
é melhor nem tentar.
Dilma conseguiu sair da
defensiva, mas deixou todos os políticos em xeque; tendo que aderir ou arder
nas ruas como insensíveis à demanda popular. Isto terá um alto preço É
possível que só consiga governar sob estado de sítio, como fez Artur
Bernardes, mas só poderá se manter, nesse caso, se tiver o apoio do Exército
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O fato é que a Presidente terá todos contra si. Ao
enquanto que tenta responder aos protestos, terá de lidar também com o
crescimento, no PT, de setores que pregam a volta de Luiz Inácio Lula da Silva
como candidato. Se não afastar alguns ministros, não somente por serem
lulistas, mas principalmente por serem prejudiciais ao País –como o Gilberto
Carvalho, sua autoridade terá acabado, mesmo se não perder o mandato
E se Dilma cair, ou se não for reeleita, como é que
fica?
Bom não está, mas claro que fica pior. Já
imaginaram a volta de Lula? Qual tem sido a proposta de Aécio? Aquela que o
PSDB praticou, quando, com FHC, esteve no poder: arrocho fiscal, monetário e
desnacionalização ou seja, anti-nacionalismo?
E com a Marina? Seriamos
divididos em umas quantas nações indígenas e o restante viraria o paraíso das
plantas nativas, sendo proibido produzir alimentos? Isto seria a guerra civil.
Somemos a esses cenários apocalípticos o dia em que o
Lewandovsky ou o Toffoli assumirem a presidência do STF.
Ruim está! Pior ainda pode ficar
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