terça-feira, 2 de julho de 2013

A Evolução das Manifestações - Previsão possível


 
Gélio Fregapani(Membro da Academia Brasileira de Defesa)
 

Quem ganhou, quem perdeu

O futuro é, por definição, contingente e quase tudo pode acontecer. Ainda assim, quando se nota uma tendência, há grande possibilidade que tenha continuidade, a menos que algum fato novo venha alterar os rumos

Poderia ser que as manifestações se extinguissem naturalmente, mas a tendência é que continuem, só que cada vez mais incorporando vândalos e bandidos e isto afasta os originais manifestantes, apenas indignados.

Que deram um susto um susto nos políticos foi evidente, e já forçaram a solução de alguns atos que facilitavam a corrupção. Mas o aproveitamento das manifestações pela marginalidade tende a forçar o endurecimento da ação policial, e a reação a isto ainda não se pode prever.

Até agora existem dois beneficiários da situação: O Lula, que sumiu estrategicamente no aguardo que, pela perda de prestígio da Dilma cresçam suas chances de ser o candidato do PT, ou no mínimo para que não se lembrem de suas falcatruas.

Mais beneficiada ainda seria a ex senadora Marina Silva que, por ainda estar sem partido, consegue capitalizar a aversão a todos os partidos, enquanto populações ignoram que está a serviço do estrangeiro e que acabaria de destruir o País, se fosse eleita. Ainda que isto seja inexequível, certamente conseguirá seguidores suficientes para conseguir influir, malignamente, nos destinos do País.

No mais, todas as instituições e todos os outros candidatos a candidatos ficaram prejudicados e tentam correr atrás do prejuízo: Os congressistas acabam com a PEC 37 e com os 14º e 15º salários enquanto aguardam uma oportunidade de retomar o status quo anterior, pois o lobo muda de pele, mas não de índole. O Judiciário chega a prender um deputado em pleno exercício do mandato enquanto desencava argumentos jurídicos para impedir mudanças.

Os esquerdistas radicais do PT e aliados, violentamente repudiados, tentam organizar o movimento em seu favor, criam milícias de proteção. Os Tucanos e seus aliados, nada tendo a capitalizar, atribuem às mazelas dos governos petistas a insatisfação popular, tentando eclipsar as mazelas dos seus governos. Entretanto a mais prejudicada, fora de dúvida foi a própria Dilma.

Ainda que as manifestação, ao menos inicialmente não visassem a pessoa da Presidente, a mandatária foi a mais prejudicada pois mesmo não sendo pessoalmente responsável por algumas das situações ela encarna o sistema.

O fato é que Dilma tem consciência que está em jogo sua reeleição, e quem sabe o seu governo. Os protestos que pipocam em todo o país, e com a ameaça de inflação, sem dinheiro em caixa para investimentos que contemplem difusa pauta de reivindicações, resta à presidente tentar resgatar a imagem com que inflou sua popularidade nos primeiros tempos: a de intransigente com a corrupção e com o que chamou de  "malfeito''. Se o fizer, recuperará em dois tempos o apoio popular, mas “adeus” às alianças para reeleição. Não fazendo, de pouco lhe valerão as alianças sem o apoio popular.

Guinada à esquerda ou à direita

No Congresso, há aliados que sugerem que Dilma abra mão do PMDB e faça uma coalizão mais à esquerda. Certamente ela já terá percebido o que pode fazer a classe média quando mobilizada, e não entrará nessa fria.

Ainda não se ouviu sugestões de guinada à direita, mas muitos são os pedidos de transparência nos gastos, de redução de cargos de confiança, de diminuição do número de senadores, de deputados e de vereadores – gente quase inútil - e principalmente de ministérios, criados apenas para dar cargos à aliados .

Dilma foi vaga no primeiro pronunciamento, mas depois apresentou propostas objetivas. A principal é um plebiscito para ver o que o povo realmente quer. Excelente, a Democracia Representativa não deu certo, e com as facilidades da Internet a tendência será a Democracia direta, para desgosto dos políticos. Isto é, desde que se cumpra a decisão popular. Se é para fazer como o plebiscito do desarmamento, é melhor nem tentar.
Dilma conseguiu sair da defensiva, mas deixou todos os políticos em xeque; tendo que aderir ou arder nas ruas como insensíveis à demanda popular. Isto terá um alto preço É possível que só consiga governar sob estado de sítio, como fez Artur Bernardes, mas só poderá se manter, nesse caso, se tiver o apoio do Exército

O fato é que a Presidente terá todos contra si. Ao enquanto que tenta responder aos protestos, terá de lidar também com o crescimento, no PT, de setores que pregam a volta de Luiz Inácio Lula da Silva como candidato. Se não afastar alguns ministros, não somente por serem lulistas, mas principalmente por serem prejudiciais ao País –como o Gilberto Carvalho, sua autoridade terá acabado, mesmo se não perder o mandato

E se Dilma cair, ou se não for reeleita, como é que fica?

Bom não está, mas claro que fica pior. Já imaginaram a volta de Lula? Qual tem sido a proposta de Aécio? Aquela que o PSDB praticou, quando, com FHC, esteve no poder: arrocho fiscal, monetário e desnacionalização ou seja, anti-nacionalismo?
E com a Marina? Seriamos divididos em umas quantas nações indígenas e o restante viraria o paraíso das plantas nativas, sendo proibido produzir alimentos? Isto seria a guerra civil.     Somemos a esses cenários apocalípticos o dia em que o Lewandovsky ou o Toffoli assumirem a presidência do STF.

Ruim está! Pior ainda pode ficar

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