Francisco das Chagas Leite Filho
O politólogo residente na Alemanha Luiz Alberto
Moniz Bandeira, autor do livro “A Segunda Guerra Fria”, analisou, em entrevista
pelo Skype com o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães e os jornalistas Beto
Almeida e FC Leite Filho, da TV Cidade Livre de Brasília e do blog cafenapolitica.com.br,
os acontecimentos recentes na Ucrânia, que afastaram o presidente Viktor
Ianukovitch, e na Venezuela. que, mais uma vez fracassaram na tentativa de
derrocar o regime bolivariano, implantado pelo falecido presidente Hugo
Chávez.
Moniz explica didaticamente que esses movimentos
são produto do método do professor norte-americano Gene Sharp, autor do
manual From Democracy to Dictartoship, que açulam as massas contra
os governos progressistas, através de ações de rua e de opinião, tendo a mídia
como principal arauto, com o pretexto da defesa de direitos fundamentais e como
objetivo manter a hegemonia dos Estados Unidos sobre o mundo.
Essas ações, segundo o cientista político
brasileiro, se traduziram na invasão pura e simples das tropas da OTAN, aliança
militar dos Estados Unidos com a União Europeia, como no Iraque,
Afeganistão e na Líbia, e quando não podem, provocam a deposição de
presidentes, como agora ocorreu na Ucrânia, cujo presidente não renunciou e
tenta resistir na península da Crimeia, de população de origem majoritariamente
russa. A título de exemplo, ele disse que se Nicolás Maduro, da Venezuela,
tivesse caído, as pressões logo viriam sobre a Argentina e, em seguida, o
Brasil.
- O Brasil precisa ter cuidado – enfatizou Moniz
Bandeira – porque essas manifestações dos chamados black blocs podem
estar sendo instrumentalizadas por determinados interesses internacionais de
ONGs e agências americanas como a NED (National Endowement for Democracy),
USAID, e outras agências estatais e fundações privadas.
Já o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães,
ex-secretário-geral do Itamaraty e alto comissariado do Mercosul, alertou para
o acordo de livre comércio desta última entidade com a União Europeia, o qual,
no seu entendimento, significará o fim do mercado comum que une Brasil,
Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, pois implicará no fim da união
aduaneira de que desfrutam nossas empresas contra as megaempresas europeias.
Estas, no seu entender, poderão até fechar suas filiais por aqui. Depois deste
acordo com a Europa, acredita Samuel, virão inevitavelmente outros TLCs com os
Estados Unidos e com a China, inibindo todo o esforço brasileiro de promoção
social e de inserção no mercado internacional.
Na sua análise, Moniz Bandeira ainda explica que os
Estados Unidos tentam seu domínio sobre o Brasil desde 1889, lembrando frase
atribuída ao Visconde de Ouro Preto, último chefe do governo do império, quando
disse que os americanos estavam por trás da proclamação da República.
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