Uma derrota do Partido dos Trabalhadores -PT-, nas próximas eleições de outubro, lançaria ao desemprego milhares de servidores filiados ao Partido e que vieram do interior de vários estados brasileiros para assumir cargos comissionados nos órgãos públicos em Brasília.
Eram petistas que estavam desempregados nas suas cidades de origem e que, durante os dois mandatos do Presidente Lula e um mandato da Presidente Dilma Rousseff, se garantiram em cargos bem remunerados, em especial nos poderes Legislativo e Executivo, adquiriram um novo status social e financeiro, contraíram dívidas e mudaram completamente seu perfil social. Eles chegaram eufóricos, fazendo muitos ruídos e dando as cartas em todos os setores da sociedade brasiliense, com rompantes de donos do poder e amigos dos mandatários. Era fácil, na vitória de Lula, vê-los aos magotes festejando nos restaurantes e nas lojas da cidade.
Estima-se que cerca de 20 mil funcionários públicos tenham sido recrutados pelo PT, desde que assumiu o Governo, mas há quem calcule que o partido mobiliou o governo nomeando filiados para cerca de 40 mil cargos no serviço público federal, nos órgãos de administração direita e indireta e nas empresas estatais. Há ainda os nomeados para os cargos públicos no âmbito estadual. Todos os nomeados doam um percentual de seus vencimentos para os cofres do partido.
Esse clima de nervosismo e expectativa gerado pelas eleições, ainda mais com o surgimento ameaçador da candidatura de Marina Silva, do Partido Socialista Brasileiro -PSB-,o principal obstáculo para a reeleição da Presidente Dilma Rousseff, repete o que sempre acontece na capital política do Brasil - Brasília- quando um partido que tem o poder corre o risco de ser substituído.
Não é apenas uma questão ideológica na alternância do poder, mas, sim, a possibilidade de que milhares de servidores contratados em regime provisório para cargos de confiança dos políticos com mandato venham a perder o emprego junto com os políticos derrotados. Na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e nos órgãos do Poder Executivo, a reciclagem das nomeações decorrentes do espólio do poder é ampla: Quem vivia com polpudos salários pode perder tudo logo após serem publicados os resultados das urnas. Aos políticos vencedores, tudo, aos políticos perdedores o desprezo, com poucas exceções.
Brasília e as cidades-satélites estão acostumadas a essas mudanças, mas muitos servidores desempregados por causa das eleições dificilmente retornam às suas cidades de origem, depois de criarem raízes na capital e se acostumarem com as benesses do poder. Procuram novas oportunidades, dentro e fora da política, e se transformam em cidadãos ativos e permanentes da cidade, à espera de que a roda da sorte, num horizonte de quatro anos, com outras futuras eleições, contribua para que recuperem novos postos. Até lá, podem sofrer privações e dificuldades de toda sorte com suas famílias.
O percentual de mudanças nos quadros administrativos, de direção e assessoramento, no Executivo e no Legislativo, é mais ou menos previsível, girando em torno de 20 ou 30%, dependendo do grau de mudança ideológica na conquista do poder. Nos cargos de nível básico e médio, muitos servidores são mantidos, independentemente de sua ideologia, mas a seleção feita pelos novos detentores de cargos vai ganhando mais rigidez, com base no critério ideológico, na medida em que os novos eleitos e empossados avaliam os cargos e seus ocupantes de níveis superior e de pós-graduação. Cargos de direção e assessoramento com vencimentos atraentes e prestígio inquestionável.
Sair de um governo petista para um governo do PMDB, por exemplo, não significa muitas mudanças, porque os partidos se entendem na manutenção de uma parte dos seus servidores para cargos de confiança. Mas, sair do governo petista para um governo do Democratas ou do PSDB (hipótese não totalmente descartada, se Marina vencer) pode significar a desgraça de muitos servidores, porque haverá sem dúvida uma poda generalizada de cabeças.
De olhos nos índices obtidos por Dilma e Marina, esse contingente de novos brasilienses registra seu nervosismo e expectativa nos shoppings, nas lojas de varejo, nos restaurantes e, principalmente, no trânsito às vezes caótico do Distrito Federal. Todo cuidado é pouco para quem não quer correr riscos de sofrer uma agressão física ou verbal dessa gente. Enquanto uns sofrem ante a iminente perda, outro contingente de atuais brasilienses e potenciais novos brasilienses nos estados roe as unhas prelibando ótimas oportunidades em Brasília com o PT fora do governo.
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