segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Engenharia e manifesto militar para as esquerdas


A engenharia política destas eleições alijou o Partido do Movimento Democrático Brasileiro- PMDB- e o Democratas –DEM- da disputa da Presidência, embora Michel Temer seja companheiro de chapa da Presidente Dilma Rousseff, que tenta sua reeleição – com muita chance de ser bem sucedida. A direita brasileira permanece difusa.
Restaram, então, para a disputa da Presidência, os partidos de esquerda com os candidatos mais competitivos, que são Dilma, pelo Partido dos Trabalhadores - PT-, Marina Silva, pelo Partido Socialista Brasileiro - PSB-, e Aécio Neves, pelo Partido da Social-Democracia Brasileira - PSDB. Até José Jorge, do Partido Verde, é de origem socialista.
Não resta ao eleitorado outra opção senão a de votar nos candidatos dos partidos socialistas (todos do Fórum de São Paulo), que, ensaiam um socialismo brasileiro ainda indefinível, mas fazendo lembrar o início da revolução bolchevista, com seus comitês sociais de base influenciando na decisão política. Ou não seria esse modelo? Afinal, aquele Lenine que comandou a revolução russa teve sua estátua derrubada de seu pedestal na Ucrânia, nesta semana.
A dúvida procede até para 27 generais quatro estrelas da reserva do Exército, que assinaram manifesto contra a Comissão da Verdade, conforme matéria da minha colega Tânia Monteiro publicada pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, edição do último dia 26. Os generais ironizam:” Seria uma democracia cubana, albanesa ou maoísta? Ou, talvez, uma mais moderna como as bolivarianas?"
A imprensa brasileira repercutiu muito pouco esse manifesto, cuja íntegra republico aqui para que meus leitores do exterior possam tomar conhecimento do clima que antecede essas eleições, marcado por denúncias de corrupção nas administrações petistas e por retaliações entre esquerdistas e militares revolucionários de 1964. O foco principal da crítica é a Comissão da Verdade constituída pela Presidente Dilma.
Dilma caminha para sua reeleição e Aécio para assumir o comando da oposição, ou seja, vai fazer aquilo que seu avô, Tancredo Neves, em parceria com Ulysses Guimarães, sempre fazia durante o regime militar: Ser estilingue, e não vidraça, porque a Presidência é um cargo desgastante, mas a liderança da Oposição é frutuosa.
Esses três partidos socialistas disputam a Presidência e as cadeiras no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, onde o PMDB, correndo por fora, mais uma vez, tende a nadar de braçada, porque o controle do Legislativo é o segredo do PMDB para se manter no poder sem desgaste maior. Afinal, o Presidente da República depende do Congresso Nacional para garantir governabilidade.
 Mais uma vez, se faz o jogo do poder, segundo o qual o Príncipe inteligente escolhe seus adversários (não seus inimigos), pois, sem adversários, não há jogo; e o jogo político não é de soma zero.
Ficando com a Oposição e o governo do Estado de São Paulo (onde Geraldo Alckmin terá tranquila vitória para sua reeleição), o PSDB de Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves terão munição suficiente para fazer marola contra o governo de Dilma e Lula. Melhor seria se o PSDB ficasse ainda com Minas Gerais, mas parece que o PT não quer deixar...
Íntegra do MANIFESTO À NAÇÃO BRASILEIRA, assinado por militares.
"Nós, Generais-de-Exército, antigos integrantes do Alto Comando do Exército e antigos Comandantes de Grandes Unidades situadas em todo o território nacional, abominamos peremptoriamente a recente declaração do Sr. Ministro da Defesa à Comissão Nacional da Verdade  de que as Forças Armadas aprovaram e praticaram atos que violaram direitos humanos no período militar. Nós, que vivemos integralmente este período, jamais aprovamos qualquer ofensa à dignidade humana, bem como quaisquer casos pontuais que, eventualmente surgiram. Vivíamos uma época de conflitos fratricidas, na qual erros foram cometidos pelos dois lados. Os embates não foram iniciados por nós, pois não os desejávamos. E, não devemos nos esquecer do atentado no aeroporto de Guararapes.
A credibilidade dessa comissão vai gradativamente se esgotando pelos inúmeros casos que não consegue solucionar, tornando-se não somente um verdadeiro órgão depreciativo das Forças Armadas, em particular do Exército, como um portal aberto para milhares de indenizações e "bolsas ditadura", que continuarão a ser pagas pelo erário público, ou seja, pelo povo brasileiro. Falsidades, meias verdades, ações coercitivas e pressões de toda ordem são observadas a miúdo, e agora, de modo surpreendente, acusam as Forças Armadas de não colaborarem nas investigações que, em sua maioria, surgem de testemunhas  inidôneas e de alguns grupos, cuja ideologia é declaradamente contrária aos princípios que norteiam as nossas instituições militares.
A Lei da Anistia  - ratificada em decisão do Supremo Tribunal Federal e em plena vigência -  tem, desde a sua promulgação, amparado os dois lados conflitantes. A Comissão Nacional da Verdade, entretanto, insiste em não considerar esse amparo legal. O lado dos defensores do Estado brasileiro foi totalmente apagado. Só existem criminosos e torturadores. Por outro lado, a comissão criou uma grei constituída de guerrilheiros, assaltantes, sequestradores e assassinos, como se fossem heroicos defensores de uma "democracia" que, comprovadamente, não constava dos ideais da luta armada, e que,  até o presente, eles mesmos não conseguiram bem definir. Seria uma democracia cubana, albanesa ou maoísta? Ou, talvez, uma mais moderna como as bolivarianas?
Sempre que pode a Comissão Nacional da Verdade açula as Forças Armadas, exigindo que elas peçam desculpas. Assim, militares inativos, por poderem se pronunciar a respeito de questões políticas, têm justos motivos para replicarem com denodada firmeza, e um deles é para que não vigore o famoso aforismo "Quem cala consente!". Hoje, muitos "verdadeiros democratas" atuam em vários níveis de governo, e colocam-se como arautos de um regime que, paulatinamente, vai ferindo Princípios Fundamentais de nossa Constituição. O que nós, militares fizemos foi defender o Estado brasileiro de organizações que desejavam implantar regimes espúrios em nosso país. Temos orgulho do passado e do presente de nossas Forças Armadas. Se houver pedido de desculpas será por parte do ministro. Do Exército de Caxias não virão! Nós sempre externaremos a nossa convicção de que salvamos o Brasil!"

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