O que significa, na política, ser
campeão (ou campeã) de votos, como Jair Bolsonaro, Celso Russomano, Tiririca, Ronaldo
Caiado e Romário? Significa que são os novos milionários do Congresso Nacional,
pois o voto é a moeda corrente da política e lhes permite tirar os sapatos e
bater na mesa exigindo respeito dos seus pares. Todos têm potencial para
disputar futuramente a presidência da república, embora não tenham sido testados
em cargos executivos em seus estados, pois repetem suas votações extraordinárias
com regularidade. Claro que essa pretensão futura dependerá do trabalho de cada
um na Câmara e no Senado e em cargos executivos.
Bolsonaro, 59 anos, o mais votado
no estado do Rio de Janeiro, com quase 500 mil votos, vai cumprir seu sétimo mandato
e pode ser considerado como maior fenômeno da representação política na era
republicana brasileira, pois montou verdadeiro clã político. Tem três filhos
também eleitos: Eduardo Bolsonaro, deputado federal por São Paulo; Flávio
Bolsonaro, deputado estadual pelo Rio de Janeiro; e Carlos Bolsonaro, vereador
pelo Rio de Janeiro.
Se já é grande desafio a eleição para um
mandato legislativo, imagine-se a proeza de Bolsonaro ao levar a família à
conquista de quatro vagas. Nenhuma das tradicionais oligarquias políticas
brasileiras chegou a tanto, em mandatos simultâneos. Para o ex-capitão do
Exército, considerado um radical de direita, parece que não resta mesmo alternativa,
a partir de agora, senão a de disputar a presidência da República, em 2018.
Contrário, de forma contundente,
a tudo que faz parte das bandeiras de esquerda, o deputado Jair Bolsonaro
adquiriu um patrimônio político que o credencia a disputar a Presidência como
representante do Estado do Rio de Janeiro, um dos mais politizados do País.
Mas, não é só isto. Bolsonaro merece liderar a direita brasileira e se
transforma na principal figura de contenção do avanço das esquerdas, que ainda
controlam o governo federal...
Russomano (58 anos) e Tiririca
(48 anos), eleitos deputados federais com mais de um milhão de votos, são
fenômenos eleitorais bem definidos em São Paulo. Russomano, que aspira à
prefeitura de São Paulo, foi o mais votado do País para a Câmara dos Deputados,
com cerca de 1,5 milhão de votos. Este será seu quinto mandato. É advogado e
repórter, tendo como principal bandeira a defesa do consumidor.
O ex-palhaço, humorista e cantor Tiririca
(batizado Francisco Everardo Oliveira Silva) conquista seu segundo mandato como
deputado federal fazendo a antipolítica irreverente, mas, tem em comum com
Russomano, o forte apelo popular. Conquistou seu primeiro mandato com 1,3
milhão de votos e agora foi reeleito com pouco mais de um milhão, provando que
entrou na política para ficar.
Ronaldo Caiado, médico ortopedista,
65 anos, representante de uma das mais tradicionais oligarquias rurais do
Brasil, é o novo senador do Estado de Goiás, com 1,2 milhão de votos, depois de
ter atuado por sete mandatos como deputado federal. É o principal líder
ruralista do Brasil (fundador da União Democrática Ruralista - UDR) e seu nome
chegou a ser cogitado para disputar a Presidência da República, pelo Democratas
–DEM-. Odiado pelas esquerdas e respeitado como ícone da direita, Ronaldo
Caiado dá sequência à forte dinastia politica fundada em Goiás por seu avô, Antônio
Ramos Caiado (“Totó Caiado”), em 1909.
O ex-jogador de futebol da
Seleção Brasileira, Romário, 48 anos, faz meteórica carreira política, se elegendo
deputado federal, em 2010, e agora senador pelo Estado do Rio de Janeiro (com mais
de quatro milhões de votos). Romário marca sua carreira política com discursos
ácidos contra os dirigentes do futebol – a CBF- e os esquemas de corrupção em
órgãos governamentais.
Campeões de votos como esses
políticos têm a capacidade de catalisar o eleitorado e alimentar o populismo,
embora não necessariamente com discurso populista. Mas, vale observar que
nenhum político do Partido dos Trabalhadores – PT- ou dos demais partidos de
esquerda obteve votação estrondosa como esses campeões, à exceção de Romário,
do Partido Socialista Brasileiro - PSB-, donde se infere que a direita ortodoxa
brasileira começa a ganhar musculação suficiente para disputar efetivamente o
governo federal até 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário