O ataque, no último dia 7, ao
jornal satírico parisiense “Charlie Hebdo”, que resultou em 12 mortos e 11 feridos,
é abominável, mas, pior é a estatística da Federação Internacional de Jornalistas
- FIP-, que revela a morte de 118 jornalistas no mundo inteiro, em 2014, vários
deles decapitados em público.Na América Latina, foram mortos 66.
A ONG Repórteres Sem Fronteiras
(RSF) registra que, entre 2000 e 2014, morreram 38 jornalistas no Brasil, 56 na
Colômbia e 81 no México. Brasil, Paraguai e México estão na lista dos vinte
países mais perigosos para a profissão, segundo Comitê de Proteção aos Jornalistas-CPJ-.
Choque de civilizações, como
sugere a obra de Samuel Huntington? O caso parisiense sugere um ingrediente
ideológico e cultural referente ao fundamentalismo islâmico, mas os demais
mencionados nas estatísticas acima têm raízes diversas: Autoritarismo arraigado
e cultura antidemocrática e elementos de violência potencialmente disruptiva,
tais como tráfico de drogas, disputas internas territoriais do crime organizado
e disputas de terras no campo, além da pobreza que, no mundo inteiro, afeta cerca
de três bilhões de pessoas, gerando um caldo de cultura propício a toda forma
de violência.
Quando se ataca a liberdade de
expressão, a primeira vítima é a democracia. Não importa se o ataque foi feito
a um jornal de charges, para o qual não existe temática sagrada, ou se a um dos
71 milhões de blogs que, segundo se estima, existem no mundo. Qualquer
tentativa de calar a imprensa deve ser repudiada. Assim entendo, como membro da
Comissão de Ética e Liberdade de
Expressão das Associação de Imprensa do
Distrito Federal.
O mundo é grande, mas os meios de
comunicação tornaram-no pequeno, uma aldeia global, como previra o filósofo
canadense Marshall Mc Luhan, o papa da comunicação, que vislumbrou o
aparecimento da web há décadas.
Aproveitando esse momento de
tensão na área da imprensa, quero observar que a secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República, chefiada por Thomas Traumann, poderia ser
transformada em Ministério, não se deixando ao Ministro das Comunicações (o anterior
era Paulo Bernardo e o novo é Ricardo Berzoini) a complexa tarefa de
administrar o setor da mídia como se fosse um adendo ao poder central. Não, a
mídia é estratégica na comunicação política e para a governabilidade, e requer
um especialista de alto nível político, técnico e intelectual para sua gestão.
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