segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Brasil e Argentina, vasos comunicantes


Eu penso que Argentina aceitou, durante 12 anos, o desgoverno dos Kirchner, e fico a refletir como é possível que 41,4milhões de argentinos tenham se deixado enganar, durante tanto tempo, por duas figuras de questionável capacidade diretiva e pálida liderança política.
Estamos falando dos peronistas, gente que tem em Juan Domingo Perón um exemplo de governante carismático, totalmente oposto a Nestor e Cristina Kirchner, que chegaram à Casa Rosada em 2003.
Começo a duvidar de que os governos dos atuais estados contemporâneos tenham mesmo algum papel importante na vida dos seus povos, além de simular, pelo sistema da representação política, a realização dos seus anseios, das suas necessidades e das suas reivindicações.
Será que Maurício Macri, de família argentina abastada e eleito novo Presidente, vai ser diferente dos seus dois antecessores, ainda mais com o vizinho Brasil vivendo grande crise política e econômica?
Houve um tempo na Grécia em que até os tiranos e reis eram preferidos pelo povo aos patrícios/aristocratas, mas com o tempo eles foram  perdendo sua eficácia política e o povo, sem mais ter a quem recorrer, resolveu tomar o poder e governar pela democracia, apesar dos riscos desta se degenerar em populismo e demagogia. Mas, vejo na Argentina um país imprevisível.
Lendo o blog do ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, embaixador Luiz Felipe Lampréia, que ocupou a pasta no Governo Collor, mais estarrecido fico. O ex-ministro escreve:
  “Desde 2003, o país foi governado pelo casal Kirchner e sua herança é maldita. Cristina, no poder desde 2007, deixa a Argentina em frangalhos, depois de meter a mão nas reservas do Banco Central, manipular o equivalente argentino do IBGE, acossar a imprensa independente e aviltar o poder judiciário. As cifras econômicas do seu legado são péssimas: o crescimento está em zero nos dois últimos anos, o peso artificialmente valorizado, o déficit publico chega 6% do PIB, a inflação situa-se em 25%.
A Argentina está em moratória e, portanto, sem crédito internacional, e seus principais produtos de exportação perderam muito valor e hoje, para fazer face a esta situação, figura como a campeã mundial do protecionismo (atingindo gravemente os interesses brasileiros).Raramente um governante terá causado tanto dano a seu próprio povo.
Macri vai ter que tentar reverter este quadro dramático. Cada um dos dois tem sua receita, mas, superar a terra arrasada que Cristina Kirchner deixa, será  como escalar  o Himalaia.”
O embaixador sabe o que diz. Não gosto de escrever com base em minhas impressões pessoais, que não possam ser bem fundamentadas, mas acredito que a Argentina acompanhará o Brasil, descendo ou subindo, pelo princípio dos vasos comunicantes, lembrando o que me dizia um diplomata, embaixador e ex-ministro argentino, Oscar Camilion, aqui em Brasília: “Os dois países estão ligados como vasos comunicantes."

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