Convoquem-se
áugures, como na Grécia e Roma antigas, para interpretarem os sinais que apareceram
no firmamento político do Brasil, nos últimos quinze dias, e que passaram quase
despercebidos pela imprensa e pelos analistas políticos.
Primeiro Sinal: O general-de-exército da reserva
Joaquim Silva e Luna foi nomeado, no dia 26 de outubro, para a secretaria- geral
do Ministério da Defesa, cujo titular é o deputado Aldo Rebelo, estrela do
Partido Comunista do Brasil. O cargo era ocupado por Eva Maria Cella Dal Chiavon,
que foi
demitida em setembro, quando houve a troca do ministro da Defesa.
Eva,
bolivariana fanática, foi pivô do desgaste de Wagner junto às Forças Armadas e
da sua substituição na Defesa, por ter induzido a Presidenta Dilma Rousseff a
assinar, na ausência de Wagner, que viajava ao exterior, decreto retirando dos
comandantes militares a competência para promover oficiais superiores e
estabelecer os currículos dos cursos militares.
Um general-de-exército, mesmo na reserva, assumindo o segundo cargo em importância no Ministério da Defesa pode significar que o próximo ministro da Defesa será um militar, o que mudaria o protagonismo dos auspícios do processo de decisão política.
Segundo Sinal: No dia 29 de outubro, foi
noticiado que o comandante do Exército, general-de-exército Eduardo Villas
Bôas, decidiu exonerar o general-de-exército Antonio Hamilton Martins Mourão, do
cargo de comandante militar do Sul, um dos mais estratégicos, porque Mourão
criticou os políticos e os governos e conclamou seus colegas de farda para “o
despertar de uma luta patriótica”. Do comando de tropas, Mourão foi nomeado para o
cargo burocrático de Secretário de Economia e Finanças do Exército em Brasília.
A
exoneração de um general quatro estrelas, com assento no Alto Comando, é ato
raro e causa impacto na área militar em geral. A última fora registrada durante
o Governo João Figueiredo, quando o general-de-exército Antônio Carlos de
Andrada Serpa, que então exercia a chefia do Departamento Geral de Pessoal do
Exército, foi exonerado por tecer críticas à desnacionalização da economia
brasileira e denunciar o que considerava uma infiltração comunista.
Terceiro Sinal: O presidente do Supremo Tribunal
Federal, ministro Ricardo Lewandowski, visitou
ontem o 1º Regimento de Cavalaria de Guarda Dragões da Independência,- 1ª RCG-,
unidade sediada em Brasília e que vai comemorar 208 anos, em 2016. Na foto abaixo, obtida no site do Comando do Exército (http://www.eb.mil.br/ ),parte do desfile das tropas do RCG:
Ali
foi recebido com escolta de honra a cavalo acompanhado da sua esposa, pelo
Comandante do Exército, General-de -Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas;
pelo Chefe do Estado-Maior do Exército (EME), General- de-Exército Sergio
Westphalen Etchegoyen; pelo Chefe do Departamento-Geral do Pessoal, General-de-Exército
Francisco Carlos Modesto; e pelo Comandante do Regimento, Tenente-Coronel
Marcelo Teodoro de Siqueira.
Lewandowski,
que também acumula a função de Presidente do Conselho Nacional de Justiça, viveu
uma manhã diferente. De alguma maneira, ele voltou no tempo, mais precisamente
a 1967, quando ingressou no Exército Brasileiro, por meio do Curso Preparatório
de Oficiais da Reserva de São Paulo (CPOR/SP), e serviu, como Segundo-Tenente,
no 17º Regimento de Cavalaria, de Pirassununga.
Em
seguida, o grupo assistiu uma demonstração na pista de treinamento do
Esquadrão de Choque a Cavalo. Enfrentando explosivos, fogo e obstáculos, os
cavalos demonstraram grande preparação em situações extremas. Antes de sair, o
Ministro fez questão de cumprimentar o tenente que comandou a apresentação.
“Para mim, a cavalaria foi um marco em minha vida e essa visita foi de grande
emoção. Ainda guardo comigo os importantes valores que aprendi com o Exército,
de respeito aos valores da Pátria, de disciplina e sentimento de servir ao
País”, afirmou o Presidente do STF.
Foi a visita do chefe do Poder Judiciário a uma unidade militar, e a mídia não parece ter se impressionado com esse fato extremamente significativo, num momento em que diversos segmentos sociais manifestam sua confiança nas Forças Armadas em sintonia com a sua missão constitucional: A defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Em recente entrevista, o ex-ministro do STF, Célio Borja, afirmou que o único poder atualmente fora de conflito é o Judiciário, enquanto outro ministro do STF, Marco Aurélio Mello, vem pregando, através de entrevistas na mídia, a renúncia coletiva da Presidenta Dilma Rousseff e do Vice-Presidente Michel Temer, e do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, os três pertencentes à sequência da cadeia sucessória e engolfados diretamente na insatisfação popular. O presidente do Senado Federal, senador Renan Calheiros, quarto na linha sucessória, sofre as restrições do humor popular que fustigam o Poder Legislativo.
Numa semana em que a oposição e os defensores do impeachment de Dilma tentam paralisar o País através de uma greve geral dos caminhoneiros, a visita de Lewandowski a um quartel, onde exalta os valores castrenses, pode significar tanto um pré-aval do Poder Judiciário às Forças Armadas para a ação que se fizer necessária para a salvaguarda da ordem, quanto uma espécie de garantia de que o Judiciário não será leniente com os criminosos que infestam o País.
Os comandos militares aperfeiçoaram seu sistema de comunicação social e de informação para o público interno, publicando diariamente resenhas sobre os principais temas nacionais, resenhas estas elaboradas mediante critérios rigorosamente jornalísticos. Os militares acompanham, nos mínimos detalhes, os fatos e análises publicados na mídia impressa e eletrônica e nas redes sociais, solidificando seu senso crítico sobre a conjuntura nacional e internacional. Se convocados, por iniciativa de algum poder, estarão prontos para a ação.
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