quarta-feira, 17 de abril de 2013

Limongi defende permanência de Marin na CBF

Este blog publica a coluna "Pílulas do Vicente Limongi Netto",  desta vez considerando que o futebol tem grande impacto na política brasileira. O jornalista Limongi faz defesa apaixonada da permanência de José Maria Marin na presidência da Confederação Brasileira de Futebol e comenta atitudes do ex-jogador Romário:

*Dilma quer Leonardo na CBF. Quanta besteira, dona Dilma. A CBF não recebe verbas do governo, é entidade privada. Lamentável que Dilma se deixe levar por picuinhas de auxiliares que não sabem nada de nada. Não há nada de concreto que manche a vida pessoal e profissional de José Maria Marin.
O presidente da CBF conjuga o verbo trabalhar. Alguns “aspones” de Dilma deveriam fazer o mesmo. Muito me admira que um homem sério como Aldo Rebelo não dê declarações firmes e claras sobre o trabalho-gestão-esforços da CBF e de Marin em beneficio do sucesso da Copa das Confederações e da copa do Mundo. Rebelo prefere sofismar. Coisa feia. Deveriam dizer para Dilma que Marin tem mandato na CBF até depois da copa do mundo.

*Romário  marcou época como jogador. Seus belos gols eram destaques na imprensa. Hoje, Romário não respeita nem os próprios cabelos brancos. Para aparecer na mídia precisa ser pingente de manifestações malucas, absurdas, deploráveis e injustificáveis.
Romário virou recadeiro dos pregoeiros do caos. Dos rebotalhos da imprensa que não admitem o sucesso alheio. Romário tornou-se melancólico. Uma moldura sem foto na parede, parodiando Drummond. Romário, Ivo Herzog e uma obscura deputada carioca, fizeram papelão na CBF.
Foram recebidos por uma secretária do terceiro escalão. De onde esteja, Vladimir Herzog seguramente também lamenta a patética iniciativa do filho, igualmente usado como massa de manobra dos que querem desestabilizar o presidente da CBF, José Maria Marin.  

*Por que o Brasil está em 19º lugar, no ranking da FIFA? Marin não coloca chuteira, não joga mais futebol. Faz a parte dele, nos bastidores, na administração, e faz bem. Conjuga o verbo trabalhar, o que os parasitas algozes dele deveriam fazer.
Os jogadores da seleção dispõem de tudo, do bom e do melhor. Eles que têm que mostrar serviço em campo, vencer torneios, ter competência e deixarem de ser mascarados. Praticamente todos eles já estão ricos, bem ricos,   deveriam ajudar a recuperar o tempo perdido, mostrar que o Brasil é pentacampeão do mundo por merecimento.

*Fico indignado e perplexo com leitores que ainda escrevem - nada, porém, contra o assunto que focalizam-  usando, lembrando e destacando a “lei de Gerson”. Parem com isso. Gerson , o fabuloso “canhotinha de ouro”, é cidadão decente, pai de família e amigo exemplar.
O fato de ter feito um comercial sobre cigarro há mais de 4o anos, ou mais, não quer dizer que Gerson  mereça e vá  eternamente ser lembrado e exaltado apenas por isso. Deveriam lembrar-se das alegrias que Gerson deu ao torcedor, encantando os estádios com seu exuberante futebol.

Gerson honrou todas as camisas dos clubes que vestiu, além da camisa da seleção brasileira, tornando-se tri-campeão mundial na Copa do México. Gerson é hoje um excelente comentarista esportivo. Analisa o jogo com objetividade, lucidez e categoria. Como fazia jogando.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Democracia " de Macunaíma-Mobius" e o Poder Legislativo no Brasil


Recebi interessante crítica formulada ao Poder Legislativo no Brasil ,comparado ao mesmo poder em diversos países , onde  os parlamentares prestam atenção ao orador na tribuna com foco no assunto, ordem e respeito , “Atitudes Essenciais”, segundo o autor da análise, que se identifica  em email  apenas como “Fernando”.
Exibindo slides sobre os rituais parlamentares, Fernando mostra as sessões no Parlamento brasileiro variando entre a balbúrdia, o descaso ao orador, sessões com plenário vazio e a informalidade de eventos de cunho meramente midiático com a participação de jogadores de futebol e artistas e atitudes indecorosas e impunes de parlamentares.
Mostra o senador Eduardo Suplicy exibindo sua cueca vermelha para um programa de televisão ( em 1949, o deputado  fluminense  Edmundo Barreto Pinto foi o primeiro, no Brasil, a ter  seu mandato cassado  por idêntica atitude) e apresenta uma entrevista com o ex-jogador de futebol e atual deputado federal Romário, do Estado do Rio de Janeiro, que critica os vícios do Poder Legislativo, mas reconhece que  a instituição lhe proporciona hoje mais poder do que a sua própria celebridade como futebolista.
Fernando conclui, citando Joseph de Maistre e Ruy Barbosa com seus célebres escritos sobre a qualidade (ou má qualidade) da representação política, e encerra comparando o Parlamento brasileiro a uma fita de Möbius, que “presta-se admiravelmente bem como modelo geométrico para espelhar a situação patológica em que se encontra nossa democracia – modelo de democracia de Macunaima-Möbius”.
Antes de tecer considerações sobre esse instigante trabalho de Fernando, indico a leitura  da monografia elaborada por Giovana Sílvia Cherchi, intitulada “Renúncia do mandato parlamentar na Câmara dos Deputados por falta de ética ou quebra de decoro”. É um trabalho interessante, que supre a escassez de abordagens  acadêmicas sobre esse tema no Brasil, mesmo sendo abundantes os registros jornalísticos, talvez pela natureza escandalosa e sensacionalista  dos fatos registrados.
Fernando cita o Parlamento do Chile como modelo. De fato, a  democracia chilena, na Política Comparada, é um modelo para os demais latino-americanos, não obstante o período da ditadura do general Augusto Pinochet. Os Parlamentos da Alemanha e do Japão também são mencionados como exemplares, mas são países que tiveram  historicamente um modelo de desenvolvimento vertical, com escassa participação popular ou democrática (leia-se a obra de Barrington Moore Jr. intitulada “ As Origens Sociais da Ditadura e da Democracia”).
A qualidade da representação política tem ligação direta com as características da cultura política da sociedade que elege seus parlamentares, mas pode ser disjuntiva da natureza democrática, como no caso do Japão e da Alemanha.
As práticas parlamentares no Brasil, o ritual no Congresso Nacional, o modelo “Macunaima-Möbius” com que Fernando define a democracia brasileira são variações em torno de comportamentos, recorrentes ou não, ditados pela conjuntura política e pelo modelo de desenvolvimento econômico dependente do País, desde a implantação da República, em 1889, com o advento da democracia.
Durante o Império, o modelo elitista de representação era mais rígido em coibir abusos de ordem ética e moral, definindo a prevalência do Liberalismo sobre a Democracia. E até hoje é assim, inclusive nos Estados Unidos: Liberalismo, ainda que com o mínimo de democracia... Mas, o Império, mesmo austero e definindo a representação com régua e compasso, não impedia práticas eleitorais e de tráfico de  influência.
Essa prevalência do Liberalismo sobre a Democracia, no Brasil, suscita o descaso das elites dominantes em relação ao povo e a própria crítica  permanente e contumaz ao Poder Legislativo, no que diz respeito aos seus integrantes, aos seus funcionários, aos seus gastos ,omitindo-se o fato de que o processo legislativo é o equilibrador político-institucional do qual nenhum Estado pode prescindir.
A questão orçamentária, por exemplo, tem uma abordagem com forte viés anti-Poder Legislativo, cujos gastos (idem em relação ao Poder Judiciário) são ínfimos, em se tratando de dois poderes, se comparados com a dotação de quase 99% destinada ao Poder Executivo com toda a sua estrutura... Mas, o Poder Executivo tem poder de retaliação e controle que o Poder Legislativo não tem sobre a mídia e outros segmentos da sociedade, nos âmbitos público e privado...
A produção de leis, o processo legislativo, é um processo caro no mundo inteiro, porque indispensável para a governabilidade, e o aperfeiçoamento da representação política depende da cultura política registrada ao longo da sua história, determinante da vontade  e do nível de  educação política.
O  Poder Legislativo brasileiro, extensão do povo, não tem ainda seu discurso de defesa, de justificação...Não tem  e dificilmente terá, porque foi concebido originariamente assim, e não há interesse interno e externo pela correção da sombra dessa vara torta....
Para acessar o trabalho assinado por Fernando, copie e pesquise em:

 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Maduro atravessou o "Rubicão"


Francisco das Chagas Leite Filho

Quem viu a capa desta semana da revista Veja pôde pressentir o nível de achincalhe  e desestabilização que estão preparando para o governo Dilma na sucessão de 2014 : “Inflação. Dilma pisou no tomate”.

Além de uma atitude desrespeitosa para com a chefa de Estado, a manchete constitui uma distorção grosseira dos fatos, ao aludir à hipótese de um descontrole inflacionário, tomando como base a alta sazonal e isolada de um único produto. A revista Época, que segue na mesma toada da desmoralização, foi igualmente manipuladora, ao estampar: “A ameaça da INFLAÇÅO – Por que o governo pisou no tomate”.

O mesmo esquema desinforrmativo foi usado na Venezuela para virar o resultado eleitoral deste domingo, quando tentou, não apenas com manchetes mas com ações de sabotagem, como a explosão de redes elétricas provocando apagões em regiões vitais do país, e a retenção de criminosa de mercadorias para provocar o desabastecimento.

Mas os chavistas liderados pelo ex-chanceler Nicolás Maduro, o homem escolhido pelo falecido presidente Hugo Chávez para sucedê-lo no comando do país, conseguiram vencer a eleição com maioria absoluta, ainda que uma margem pequena de apenas 1,59%  (50,07% contra 49,66) ou 234 mil votos, num total de 18 milhões de eleitores.

Evidentemente que a diferença reduzida se prestou a mais explorações negativas e apocalípticas como as do tipo “reina a incerteza”, “Venezuela à beira do caos”, “fim de ciclo político”, ou “o país está dividido”, como se a diferença de George Bush de menos de um por cento sobre Al Gore, em  2000, o tivesse impedido não só de governar pelos quatro anos para que fora eleito, como também conseguisse outra reeleição, em 2004. Nenhuma destas vozes desestabilizadoras, entretanto, conseguiu  pôr em dúvida o  processo eleitoral venezuelano, considerado dos mais modernos e honestos.

Por esta razão, o eleito foi logo reconhecido e saudado pela comunidade internacional, a começar da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), e dos presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da Argentina, Cristina Kirchner, Evo Morales, da Bolívia, Rafael Correa, do Equador, e Raul Castro, de Cuba. A presidenta Cristina Kirchner foi a primeira a cumprimentar o novo presidente Nicolás Maduro. Pelo seu twitter, ela afirmou, minutos após a divulgação oficial dos resultados pelo Conselho Nacional Eleitoral:

“Parabéns a todo o povo da Venezuela pela exemplar jornada cívica. Parabéns a seu novo presidente, Nicolás Maduro. Memória e gratidão pra sempre ao amigo e companheiro Hugo Chávez. Em seu nome e no do povo venezuelano, concórdia, respeito à democracia, e paz, pela exemplar jornada cívica”.

Cristina ainda tinha mandado o vice-presidente do país, Amado Boudou, que estava ao lado do presidente eleito, no ato de proclamação da vitória. Por sua vez, o presidente da Rússia, Vladimir Putin,  expressou confiança de que, sob a liderança de Maduro, a Venezuela vai reforçar suas relações de parceria estratégica com a Rússia.

O candidato derrotado Henrique Capriles usou seu natural jus sperniandi e pediu a recontagem dos votos, com a qual já concordou Maduro e o Conselho Eleitoral, o qual, na Venezuela, constitui o Poder Eleitoral, tão independente quanto os tradicionais Executivo, Legislativo e Judiciário. Capriles, no entanto, extrapolou ao exigir retificações no modelo econômico e social, incluindo a expulsão dos médicos e professores cubanos, que tornaram possível um dos mais eficazes sistemas educativos e de saúde.

De qualquer maneira, o aparente influxo do apoio popular aos chavistas (calcula-se em um milhão a emigração de votos para Capriles) não significa propriamente uma novidade na política venezuelana.

Recorde-se que, mesmo sob Chávez, o modelo bolivariano experimentou revezes consideráveis na derrota do primeiro referendum para a reeleição, em 2007, por apenas 30 mil votos; nas eleições seguidas para a Assembleia Legislativa, o Parlamento, quando perdeu a maioria de 2/3 para reformar a constituição, e o governo dos Estados mais ricos e fronteiriços.

Logo depois, os chavista se recuperaram e ganharam a eleição presidencial, em 2013, com Hugo Chávez doente e praticamente desenganado, com 54%, contra o mesmo Capriles, que obteve 44%, numa outra vitória apertada, porque no pleito anterior, Chávez tinha alcançado 62%. Na eleição para governador, três meses depois da presidencial, os chavistas recuperaram os Estados importantes e ganharam em 20 das 23 unidades da federação.

Quanto aos riscos de caos e descontrole trombeteado pela mídia e a oposição golpista, é preciso relevar o fato de que Maduro e o Comando Político da Revolução, que também inclui o presidente da Assembleia, Diosdado Cabello, o chanceler Elías Jaua, e Rafael Ramírez, ministro do petróleo, já vinham administrando o país, na prática, há quase dois anos, quando Chávez foi acometido pelo câncer e passava a maior parte do tempo em tratamento em Cuba.

Foram eles que conduziram sozinhos, por exemplo, a última eleição para governador e, no plano econômico, promoveram a desvalorização do bolívar, a moeda nacional, em 42%. O grande desafio será conter as tentativas de desestabilização, que tendem a ser cada vez mais atrevidas e desesperadas nestes seis anos de mandato, a contar a partir de 10 de janeiro último e cuja juramentação será sexta-feira, dia 19, perante o Parlamento.