segunda-feira, 23 de julho de 2012

O perigo da desindustrialização

(Gélio Fregapani,membro da Academia Brasileira de Defesa)

Nossa indústria está encolhendo, e isto preocupa. Corremos o risco de nos limitarmos à produção agropecuária e de minérios, acompanhada de uma atrofia de nossa capacidade tecnológica e de desenvolvimento.

As causas? Logo, pensamos no excesso de impostos, na burocracia e nos altos juros que emperram qualquer empreendimento e tornam mais rendosas as aplicações especulativas do capital do que seu uso em empreendimentos produtivos e na deficiente infra-estrutura dos transportes.
     
Tudo isto é real, e está sendo equacionado, pela primeira vez em mais de duas décadas de maus governos, mas precisamos ir mais fundo. A perda estaria associada à reduzida capacidade de inovação da grande maioria dos segmentos produtivos da indústria nacional. Nossa indústria estagnou porque não inova.

E não inova porque suas matrizes estão no estrangeiro, que jamais abrirá mão de manter a exclusividade da inovação tecnológica. Este caminho só nos tornará uma plataforma de produção das megaempresas multinacionais.

É ridículo falar em inovação tecnológica com a indústria desnacionalizada, com os centros das decisões situado no exterior. Se a indústria não for realmente nacional, jamais terá chance de ser competitiva.

E daí? Como se pode criar uma indústria nacional? – Que falta de imaginação: Chega de bloquear os empreendedores nacionais. Lembram do Gurgel e sua fábrica de pequenos carros? Foi bloqueado pelos governos de São Paulo e do Ceará.

Não sendo suficiente, faça-se como a China: Lá, qualquer indústria estrangeira, para se instalar, tem que se associar à uma nacional, com 51% de propriedade da nacional. Não basta?

Criem-se empresas estatais; mirem-se na Petrobrás. E, quando tudo falhar, entreguem aos militares. Quem consegue desenvolver reatores nucleares conseguirá desenvolver qualquer coisa, se receber ordens e meios.

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