Muito se estuda o Poder, como fenômeno natural ou político,
com suas leis fundamentais (sete para alguns, mais de 40 catalogadas por alguns
autores), mas os critérios de pesquisa são múltiplos e as interpretações de
resultados variam conforme os campos de sua incidência, conforme Norberto
Bobbio.
Com mais frequência, se estudam as manifestações do poder na
política nacional e internacional, sendo objeto da Cratologia, “a ciência que
trata da cracia, do exercício do poder pela força”, uma definição dentre
inúmeras formuladas, mas, que esbarra nos conceitos de Michel Foucault sobre os
micropoderes que se distribuem capilarmente numa sociedade.
Tanto Bobbio quanto Foucault, os quais menciono aqui como referências nesta crônica política, por
razões didáticas, mas não por considerá-los como os maiores expoentes de uma
galeria ampla de autores antigos, modernos e contemporâneos, abstem-se do
enfoque cosmológico e natural do poder.
Considero razoável refletir sobre três naturezas de poder:
Poder cosmológico, poder natural e poder naturo-artificial. Há uma relação hierárquica
entre eles, mas as leis que os regem são diferentes.
O poder cosmológico maior é o das estrelas, sendo o sol uma
delas e responsável pela vida na terra e pelos fenômenos climáticos; o poder
natural é o do pato, marreco, mergulhão, ganso, cisne, etc. (da família dos
Anatídeos), únicas aves que podem voar andar na terra e frequentar a água com
competência; o poder naturo-artificial é o do homem, que é gerado pela racionalidade
intrínseca à natureza humana.
As leis que regem o sol são pouco conhecidas, por mais que a
ciência tenha desenvolvido estudos a seu respeito e tente desvendar as origens
da vida através das partículas elementares; as que regem as aves e os homens
são relativamente mais conhecidas.
As aves em geral praticamente ignoram a lei da gravidade,
depois que aprendem a voar, e a sua capacidade de equilíbrio nas situações mais
desafiadoras no solo e nas alturas (penhascos, edifícios, árvores) é admirável.
O pato e os seus familiares são dotados de características únicas.
O pato é o único animal que consegue dormir com uma metade
do cérebro e manter a outra em alerta. O voo em V dos gansos é uma forma de inteligência natural aplicada a vários
ramos do conhecimento humano. Em migração, tais aves podem voar muito alto, contrariando
as anedotas que o comparam negativamente com a águia.
Em termos cratológicos, uma força armada ideal é aquela que
combina atuação conjunta das forças terrestres, marítimas e aéreas, ou seja,
uma força que reproduzisse o modelo de poder natural dos anatídeos.
Com sua capacidade intelectual, o homem consegue espelhar-se
em alguns animais e compensar suas limitações físicas. Observando as aves,
construiu o avião; observando os peixes, répteis, anfíbios e felinos, construiu
navios, submarinos e veículos terrestres. Estudando o cosmos, chegou ao espaço
sideral, tornando-se, neste aspecto, superior às aves.
Dentre as forças principais, magnética, nuclear e
gravitacional, esta última é a menos conhecida, apesar dos estudos avançados de
Newton e Einstein, mas os cientistas, com trabalhos centrados em laboratórios,
dedicam pouca atenção à capacidade de flutuação das aves, dentre as quais se
destacam os anatídeos.
Há muitas teorias sobre a lei da gravidade, estudos
avançados na física, biologia, química, geografia, história, matemática e
astronomia, mas é curioso como o homem negligencia a observação desse fenômeno
que é o pato.
Por quais razões essa
ave reúne características que lhe dão esse poder sobre o céu, a terra e a água?
Como as aves voadoras, ou mesmo alguns insetos e animais alados, conseguem neutralizar
a força da gravidade, e esta continua sendo misteriosa para a ciência? O voo do
besouro, inseto pesado, desajeitado e dotado de asas pequenas, contraria leis
da física...
Enquanto os astrofísicos focam seus telescópios poderosos no
cosmos, poderiam, talvez, encontrar preciosas informações nos anatídeos sobre a
força gravitacional, em vez de relegá-los a simples espécies da ornitologia e
objetos de anedotário popular. Exótico e desajeitado em seu caminhar, o pato carrega
mistérios que precisam ser desvendados.
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