Há 719 anos que a
Igreja Católica Apostólica e Romana não registra a renúncia (“resignação”) de
um papa ao Trono de São Pedro, como ocorre agora com Bento XVI ou
o cardeal Joseph Ratzinger, um dos principais arquitetos do poder no
Vaticano, desde o fim Segunda Guerra Mundial. Em 1294,o renunciante foi o frágil Papa Celestino V.
Razões de saúde pela
idade avançada (86 anos) seriam o motivo da renúncia de Bento XVI, no próximo
dia 28, razões até plausíveis, se o Vaticano não fosse uma espécie de monarquia
não-hereditária com mandato vitalício..
Muitos têm sido os
desafios enfrentados por Bento XVI, nesses quase oito anos de pontificado, mas
a teia de conexões da Igreja com o poder mundial é tão imensa e diversificada,
que se torna difícil avaliar em pouco tempo – quase o de um mandato
presidencial do Presidente dos Estados Unidos que é reeleito – a contribuição
de Bento VXI para a Igreja e o mundo.
A questão da
evangelização dos povos pré-colombianos à custa de matanças e da alienação das
suas culturas autócnes e a omissão da Igreja, sob a chefia de Pio XII,
proclamado “venerável” por Bento XVI, diante do holocausto promovido pelos
nazistas, não foram desafios tão incômodos para o Pontífice renunciante quanto
as denúncias de pedofilia envolvendo padres e bispos na Europa e nos Estados
Unidos.
Bento XVI é um papa mais
articulador do que ator político, além de líder religioso, e como tal observa a
sua imagem perante a opinião pública mundial, minimizada, em termos de carisma,
se comparada com a de João Paulo II, seu antecessor.
Creio que renunciou por
cansaço, mas, no fundo, teve que arcar com o peso do carisma de João Paulo II
que ainda paira sobre o Vaticano, como espécie de escantilhão de santidade ética e moral.
Comenta-se a
possibilidade de que algum dos cardeais brasileiros venha a suceder Bento XVI,
até mesmo para garantir que o maior país católico do mundo deixe de perder
adeptos para outras religiões, como vem ocorrendo nas duas últimas décadas.
Atualmente, 65% dos brasileiros são católicos, mas os evangélicos e espíritas
continuam crescendo.
Mas, o poder no Vaticano
não se define por razões regionais ou nacionais. Ele determina e acompanha o
movimento sistêmico mundial, junto com as potências maiores e os centros de
poder.
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