domingo, 15 de setembro de 2013

Fim do foro privilegiado é mais uma trama antidemocrática


O deputado ou senador, o procurador-geral da república e os titulares dos cargos executivos - presidente da república, ministros, governadores e prefeitos - têm foro privilegiado nos julgamentos, mas esse tratamento pode acabar, se a Câmara dos Deputados decidir nesse sentido, conforme anuncia o seu presidente, deputado Henrique Eduardo Alves, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro –PMDB- do estado do Rio Grande do Norte.

Na próxima semana, Alves se reunirá com líderes partidários para analisar essa matéria, apresentada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, por sugestão do líder do Partido Progressista - PP-, deputado Arthur Lira, do Estado de Alagoas, com base em proposta do deputado Rubens Bueno, líder do Partido Popular Socialista - PPS-(ex-Partido Comunista Brasileiro) do estado do Paraná.

 O fim do foro privilegiado e por prerrogativa de função abrangeria parlamentares e executivos em todos os níveis - federal estadual e municipal - Todos passariam a ser julgados em ações penais por juízes de primeira instância.

Considero que dificilmente essa iniciativa seria aprovada, pelas seguintes razões básicas:

1)      O mandato eletivo é uma representação conferida pelo povo, e a vontade popular garante imunidade ao representante, para que possa exercer sua missão sem pressões, seja por mandato imperativo, seja por mandato delegado;

2)      O corporativismo nos três poderes – Legislativo,  Executivo e Judiciário - não permitiria sua aprovação;

3)      E como ficaria o juiz de um tribunal superior, cometendo algum crime e sendo acusado, julgado e condenado por um juiz de instância inferior? E quem julgaria os juízes de primeira instância? E como ficariam os próprios tribunais militares?

4)      O fim do foro privilegiado faria tábula rasa da Justiça brasileira, ensejando o surgimento de movimentos justiceiros populares, ao estilo dos comitês bolchevistas, instrumentalizando juízes de primeira instância (cerca de 16 mil em todo o Brasil);

5)      O fim do foro privilegiado seria a subversão de todas as instituições políticas republicanas e democráticas, abrindo caminho para regimes totalitários. Uma verdadeira revolução.

O curioso é que o deputado federal Arthur Lira, pecuarista, advogado e empresário, membro da comissão de reforma política, foi preso, em 2008, quando era deputado estadual, por desacato à autoridade, e na ocasião se queixava de que estava sendo vítima de abuso da polícia civil alagoana.

Resumo dessa ópera bufa, ensaiada por “inocentes úteis” ou pseudos-inocentes, inspirados no rumo tomado pelo julgamento dos condenados pelo “Mensalão, no Supremo Tribunal Federal: O povo faria justiça no País, cenário ideal para o fim da representação política, do pluripartidarismo, da democracia e para surgimento do partido único...

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