Manuel Cambeses Júnior
Um trabalho que consumiu muitas horas de estudos, pesquisas, e percucientes análises de uma enorme quantidade de textos que Cambeses garimpou em várias bibliotecas e arquivos de jornais, ademais de inúmeras entrevistas empreendidas com especialistas no assunto. Entretanto, a faina maior foi reduzir o texto para apresentação em uma hora de exposição. Diversos slides, aqui não reproduzidos por carência de espaço, foram apresentados para ilustrar a conferência, que contou com as presenças dos seguintes chefes militares:
Nesse contexto, mergulhados num arcabouço jurídico
complexo, misturam-se e conflitam-se as expressões "direitos originários,
direitos tradicionais, direitos sobre as terras tradicionalmente
ocupadas", facultando que os grupos de interesses (atuais e futuros) sobre
o potencial de riquezas ali abrigadas pressionem as autoridades executivas e
legislativas na regulamentação da matéria. É imprescindível, para o
desenvolvimento dos estados de Rondônia e do Acre, a construção de hidrelétricas,
como as de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, e de outras como a de Belo
Monte, no rio Xingu, na região de Altamira (PA). Quanto a esta hidrelétrica,
está em curso um malsinado protesto - em níveis nacional e internacional -,
contra a sua construção.
Este blog tem a honra de publicar o texto de conferência
proferida por um dos mais brilhantes historiadores brasileiros da atualidade, o
coronel-aviador da reserva da Aeronáutica, Manuel Cambeses Júnior, que,
recentemente, no auditório do Clube de Aeronáutica, no Rio de Janeiro,em evento promovido pelo
Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES), em parceria com o Instituto
Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER) e os três Clubes Militares, discorreu
sobre a problemática indígena brasileira em todas as suas nuances.
Um trabalho que consumiu muitas horas de estudos, pesquisas, e percucientes análises de uma enorme quantidade de textos que Cambeses garimpou em várias bibliotecas e arquivos de jornais, ademais de inúmeras entrevistas empreendidas com especialistas no assunto. Entretanto, a faina maior foi reduzir o texto para apresentação em uma hora de exposição. Diversos slides, aqui não reproduzidos por carência de espaço, foram apresentados para ilustrar a conferência, que contou com as presenças dos seguintes chefes militares:
Ten
Brig Ar Ivan Moacir da Frota, Presidente do Clube de Aeronáutica; Maj Brig Ar
Oswaldo Terra de Faria, presidente do CEBRES; Gen Ex Renato Cesar
Tibau da Costa, Presidente do Clube Militar; Ten
Brig Ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho, Diretor do INCAER; Vice-Almirante
Paulo Frederico Soriano Dobbin, presidente do Clube Naval; Gen Div Aricildes
Mota, Vice-Presidente do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil.
"Na
atualidade, a questão indígena, indubitavelmente, é um assunto dos mais
palpitantes, desafiador e altamente polêmico, que ilustra impactantes manchetes
da mídia nacional e internacional. Várias etnias, línguas, costumes e
manifestações culturais são alguns dos fatores que tornam complexa qualquer
análise mais profunda sobre as comunidades indígenas brasileiras.
A
presente abordagem, portanto, restringir-se-á a uma exposição crítica e
reflexiva sobre o atual cenário que contempla os indígenas no Brasil e a forma
como o governo federal tem tratado tema de tamanha complexidade, através dos
tempos.
O povo
brasileiro, historicamente, sempre devotou grande apreço e carinho pelos irmãos
indígenas. Isso transparece claramente em nossa literatura e demais
manifestações artísticas, ricas em notáveis obras literárias dedicadas a
exaltar a vida dos índios, sua pureza e bondade, seu amor pela natureza, o
sentimento de preservação da flora e da fauna, sua paixão pela vida
comunitária, etc. Assim, apenas para recordarmos alguns desses famosos títulos,
podemos citar o célebre escritor José de Alencar, que nos brindou com
“Iracema”, “O Guarani” e “Ubirajara”; Gonçalves Dias com “Yuca Pirama”, Basílio
da Gama”com “O Uraguay”, Santa Rita Durão com “O Caramuru”, Gonçalves de
Magalhães, com “A Confederação dos Tamoios”. Na arte musical, o notável
compositor Carlos Gomes nos legou a magnífica ópera “O Guarani”.
Entretanto,
saindo da exaltação exacerbada e idílica que contempla os povos indígenas, é
imprescindível que coloquemos os índios em sua real dimensão, como nos ensina o
ilustre historiador Manoel Soriano Neto.
“Eles devem ser considerados de maneira
diversa e não como se todos estivessem no mesmo patamar cultural. Dessa forma,
estariam assim classificados”:
Isolados: sem qualquer contato com a
civilização (sob tutela);
Em vias de
aculturação: cujo contato com
não-índios é intermitente (sob tutela);
Aculturados: já partícipes da sociedade.
Faz-se
mister ressaltar que, na atualidade, os índios integrados ao mundo civilizado
caçam com armas de fogo, acessam a Internet, utilizam computadores, possuem
telefones celulares, aparelhos eletrônicos e utilizam automóveis e até aviões.
Vestem tênis de marcas famosas, bonés, camisas de futebol, usam óculos rayban,
etc. Alguns frequentam Universidades, engajam-se como soldados em nosso
Exército e, não raro, exercem atividades de cunho político. Portanto, não há
razão de tratá-los de modo igualitário, como desejam atuantes grupos de ambientalistas e
indigenistas, eivados de objetivos escusos e incompreensíveis.
Aprendemos,
nos livros de História, que os povos indígenas que hoje vivem na América do Sul
são originários de povos caçadores vindos da América do Norte através do istmo
do Panamá. Há milhares de anos - não há consenso entre os arqueólogos sobre a
antiguidade da ocupação humana na América do Sul-, os povos indígenas ocuparam
virtualmente toda a extensão do continente. De lá para cá essas populações desenvolveram
diferentes modos de uso e manejo dos recursos naturais e formas de organização
social distintas entre si.
Tradicionalmente,
as sociedades indígenas não se fixavam a um mesmo território por muito tempo.
As aldeias indígenas eram organizadas, levando-se em consideração a quantidade,
a qualidade e a distribuição espacial dos recursos indispensáveis ao
desenvolvimento de suas comunidades.
Porém, no quadro atual, constatamos que, lamentavelmente, os índios se envolvem em frequentes conflitos – sobretudo nas áreas rurais – com fazendeiros, pecuaristas, madeireiros, grileiros, garimpeiros e empresários que cobiçam suas terras atraídos pelos abundantes recursos naturais e minérios. É o caso, por exemplo, da terra indígena ‘Raposa Serra do Sol’, em Roraima. O território é alvo de acirrada e frequente disputa com fazendeiros, madeireiros e garimpeiros.
Porém, no quadro atual, constatamos que, lamentavelmente, os índios se envolvem em frequentes conflitos – sobretudo nas áreas rurais – com fazendeiros, pecuaristas, madeireiros, grileiros, garimpeiros e empresários que cobiçam suas terras atraídos pelos abundantes recursos naturais e minérios. É o caso, por exemplo, da terra indígena ‘Raposa Serra do Sol’, em Roraima. O território é alvo de acirrada e frequente disputa com fazendeiros, madeireiros e garimpeiros.
·
Recentemente, assistimos mais
um caso mais rumoroso, ocorrido nessa área ianomâmi concedida aos índios, por
decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2009. Fazendas produtivas de
arroz tiveram de ser desativadas e fazendeiros e “não-índios” tiveram de ser
retirados da região, causando enorme prejuízo financeiro ao estado de Roraima.
Existe o mesmo risco em Mato Grosso do Sul.
·
Sabemos que não há como
deixar de garantir direitos aos povos indígenas, reconhecidos pela
Constituição. Entretanto, há que se buscar o equilíbrio da equação nesse
intrincado imbróglio geopolítico, garantindo direitos aos produtores rurais, um
segmento essencial para a economia e a sociedade brasileiras.
·
O ilustre professor Armando
Mendes nos indica que “o maior problema político da Amazônia é o seu vazio
populacional”. Sem população, não existe atividade econômica, nem presença
institucional. Daí, a causa principal da ausência do Estado.
·
O povoamento efetivo dos
vales da Calha Sul do rio Amazonas ocorreu durante o ciclo da borracha, graças
ao atrativo da “hevea brasiliensis”, uma árvore de grande produtividade, que
enriqueceu os seringais. Na Calha Norte, porém, o território permaneceu
deserto, devido ao predomínio da seringueira “hevea benthamiana”, de baixa
produtividade, que inviabilizava a sua exploração econômica. A área
compreendida entre os estados de Roraima e Amapá, ainda hoje, continua como um
grande vazio demográfico, potencializando o risco geopolítico da Região.
·
O eminente professor Samuel
Benchimol destaca que “a poluição maior é a da miséria”, e que “os anseios sociais
da comunidade nativa não podem ser ignorados em favor de interesses exógenos”.
A pobreza vem aumentando, com o crescimento vegetativo da população, que avança
a uma taxa superior à média nacional. Segundo o IBGE, são 42% de pobres. Assim,
dentre os 24 milhões de habitantes da Amazônia Legal, há cerca de 11 milhões de
pessoas na pobreza.
·
Em acréscimo, a falta de
condições de sobrevivência na área rural estimula um fluxo migratório contínuo,
que engrossa as cidades e esvazia o interior. Atualmente, 80% dos nativos
residem nas cidades, enquanto apenas 20% povoam o imenso deserto verde.
·
O abandono da Região
Amazônica vem sendo inspirado pelas campanhas midiáticas do movimento
ambientalista-indigenista internacional, que, sem dúvida, constitui o maior
risco à soberania nacional. Outras ameaças menos decisivas provêm da
biopirataria, que, de certa forma, é dirigida por esses mesmos grupos de
interesse; do crime organizado transnacional e das guerrilhas do entorno
estratégico.
·
De acordo com a FUNAI, existem no Brasil 473 terras
indígenas – incluindo aí as terras regularizadas, as homologadas e as reservas
– num total de 105,1 milhões de hectares (quase um oitavo do território
brasileiro). Essas terras correspondem a 42% das áreas usadas pela agropecuária
(251 milhões de hectares, dos quais 172 milhões ocupados pela pecuária e 79
milhões usados pela agricultura).
·
Segundo o censo de 2010 do IBGE, havia 896.917 pessoas no
Brasil identificadas como índios, divididas em 230 povos, respondendo por cerca
de 0,47% da população total do país. Destes, 324.834 vivem em cidades e 572.083
em áreas rurais. O predomínio está na região Norte, com 76,55% da população
sendo de etnia indígena. Com uma população original no século XV estimada em 5
milhões de pessoas, após registrar um declínio constante até a década de 1980,
hoje a população indígena está crescendo, embora algumas etnias não estejam
acompanhando esta tendência e se aproximem da extinção. Sete povos tinham, na
data do levantamento, menos de 40 integrantes. Historicamente muitos já foram
extintos. (Wikipédia).
·
Importante destacar em nossa
apresentação dois marcos de suma importância para compreensão da problemática
indigenista, em nível mundial, com significativos reflexos em nosso país:
·
Em 23 de dezembro de 1994, a Assembleia-Geral das Nações Unidas, por
força da Resolução n° 49/214, instituiu o “Dia Internacional das Populações
Indígenas”, a ser celebrado no dia 9 de agosto de cada ano, em homenagem aos
mais de 370 milhões de índios, espalhados por quase 70 países. Diz a Resolução
que “a data é um marco no reconhecimento da luta indígena contra a
discriminação e a violação dos direitos humanos”.
·
A partir daí, houve um
progressivo e agressivo exacerbamento mundial da chamada “causa ou questão
indígena”, um dos “movimentos sociais” de maior vulto e perigo em nosso amado
Brasil.
·
Em 13 de dezembro de 2007, atendendo antiga reivindicação dos povos
indígenas, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York,
aprovou a “Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas”, da qual o
Brasil é signatário.
·
O texto, extremamente
avançado, reflete o conjunto das reivindicações atuais dos povos indígenas em
todo o mundo acerca da melhoria de suas relações com os Estados nacionais e
serve para estabelecer parâmetros mínimos para outros instrumentos
internacionais e leis nacionais. Na declaração constam princípios como a
igualdade de direitos e a proibição de discriminação, o direito à
autodeterminação e a necessidade de fazer do consentimento e do acordo de
vontades o referencial de todo o relacionamento entre povos indígenas e Estados.
·
A declaração já aguardava
aprovação final da Assembléia Geral da ONU desde novembro de 2006, mas um grupo
de países africanos apoiados por Estados Unidos e Canadá levantou de última
hora objeções quanto ao alcance de termos como “povos” e “autodeterminação”. Os
argumentos se referiam ao suposto risco de criar divisões e conflitos étnicos,
bem como ameaça às fronteiras dos países.
·
Por fim, após intensa pressão
de representantes indígenas e de outros países africanos e americanos a Declaração
veio a ser finalmente adotada pela Assembleia Geral da ONU, com 143 votos a
favor, onze abstenções e quatro votos contrários (Estados Unidos, Nova
Zelândia, Canadá e Austrália).
·
Desde sua aprovação, o novo
desafio que se instalou tanto para os governos como para as organizações de
sociedade civil e povos indígenas, no mundo inteiro, é o da implementação de
direitos. Povos indígenas de diversas partes do mundo ainda sofrem
desproporcionalmente com a violência, discriminação e marginalização tanto nas
políticas públicas como na convivência entre diferentes culturas.
·
Em 2009, mediante forte
pressão do movimento indígena, o governo Australiano manifestou sua aprovação
da Declaração. Em 2010 o governo da Nova Zelândia também reviu sua posição e
passou a aceitar a Declaração, reconhecendo os direitos e princípios ali
estabelecidos. Os Estados Unidos também estão revendo seu posicionamento
contrario à Declaração, conforme anunciado pela Embaixadora Susan Rice na 9a.
Sessão do Fórum Permanente para Assuntos Indígenas realizada em 2010.
·
Principais pontos da
Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos
Indígenas:
·
Auto-determinação: os
povos indígenas têm o direito de determinar livremente seu status político e
perseguir livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural,
incluindo sistemas próprios de educação, saúde, financiamento e resolução de
conflitos, entre outros. Este foi um dos principais pontos de discórdia entre
os países; os contrários a ele alegavam que isso poderia levar à fundação de
“nações” indígenas dentro de um território nacional.
·
Direito ao consentimento
livre, prévio e informado: da mesma forma que a Convenção 169 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Declaração da ONU garante o
direito de povos indígenas serem adequadamente consultados antes da adoção de
medidas legislativas ou administrativas de qualquer natureza, incluindo obras
de infra-estrutura, mineração ou uso de recursos hídricos.
·
Direito a reparação pelo
furto de suas propriedades: a declaração exige dos Estados
nacionais que reparem os povos indígenas com relação a qualquer propriedade
cultural, intelectual, religiosa ou espiritual subtraída sem consentimento
prévio informado ou em violação a suas normas tradicionais. Isso pode incluir a
restituição ou repatriação de objetos cerimoniais sagrados.
·
Direito a manter suas culturas:
esse direito inclui, entre outros, o direito de manter seus nomes
tradicionais para lugares e pessoas e de entender e fazer-se entender em
procedimentos políticos, administrativos ou judiciais inclusive através de
tradução.
·
Direito à comunicação: os
povos indígenas têm direito de manter seus próprios meios de comunicação em
suas línguas, bem como ter acesso a todos os meios de comunicação
não-indígenas, garantindo que a programação da mídia pública incorpore e
reflita a diversidade cultural dos povos indígenas.
·
Em realidade, torna-se
impossível abordar a questão indígena desvinculando-a das problemáticas que
envolvem as pressões internacionais, o meio ambiente, e o modelo
desenvolvimentista adotado no Brasil.
·
Muitas entidades
ambientalistas, indigenistas e antropólogos, vêem na manutenção e proteção dos
índios e de sua cultura uma maneira de preservar as florestas e a
biodiversidade. Estes seriam os verdadeiros guardiães das matas e garantia de
preservação do santuário ecológico. Mas esse argumento é muito simplista e até
inocente, pois desconsidera que após o contato com o homem branco passam a ser
necessárias medidas que preservem o índio culturalmente e até
"fisicamente". Não é possível considerar o índio como ser isolado,
alheio e até arredio ao mundo capitalista que o circunda. É inegável que, como
qualquer conjunto de indivíduos, desejarão obter os mesmos benefícios
tecnológicos e econômicos. Por isso, uma vez feito o contato é irreversível o
choque cultural.
·
Como nos ensina o ilustre
historiador Manoel Soriano Neto, nesse caso:
Deve-se
estimular, de modo gradual e persistente o desenvolvimento de uma atividade que
se harmonize com sua cultura e com o meio ambiente e promova a sua inserção e
aculturação na sociedade sem traumas e indesejadas interrupções.
·
Constatamos que, no quadro
atual, muitas lideranças indígenas acabam sendo cooptadas por madeireiros e
garimpeiros para cederem parte de suas terras à exploração, como vem
acontecendo, sistematicamente, em muitas reservas.
É necessário que, ao mesmo tempo, se dê condições adequadas de
saúde para os mesmos, pois é inadmissível que sucumbam por doenças que podem
ser facilmente curadas ou evitadas. A partir daí se deduz que o isolamento por
si só do indígena, em suas terras, e em seu modo de vida secular, alheio a
sociedade moderna, é ineficaz e absurdo, já que uma vez dado o contato com a
civilização ocidental a relação passa ser necessária. Este assunto é muito
delicado e complexo, e altamente contraditório entre os antropólogos e
autoridades governamentais, sendo difícil haver um consenso sobre qual seria a
conduta desejável após o inevitável choque cultural.
A crescente
e desregrada proximidade de indígenas com a civilização tem acarretado
profundas modificações também nas culturas tradicionais. Muitos índios já
preferem, de livre arbítrio, a vida nas cidades e formam aldeias urbanas,
atraídos pelas possibilidades de estudar, de obter emprego, tratamento de
saúde, reconhecimento, e obtenção de melhor qualidade de vida. Entretanto,
indefectivelmente, essa migração os expõe a vários riscos. Geralmente,
permanecem entre os grupos sociais mais desamparados, e são dramáticos os
transtornos que se registram por causa do impactante contato com a civilização,
apontando-se como os maiores o consumo de bebidas alcoólicas, de substâncias
estupefacientes, o exercício da prostituição, a proliferação de doenças
sexualmente transmissíveis, ademais da lamentável ocorrência de suicídio entre
jovens. No Censo de 2010 cerca de 42% dos que se declararam índios
viviam fora de terras indígenas, sendo que, destes, cerca de 78% viviam em
cidades. Do total de índios com mais de cinco anos de idade, apenas 37,4%
falavam a língua de sua etnia. Muitos ainda se envergonham de serem índios. No
entanto, muitos grupos urbanizados se orgulham de suas raízes e tentam
preservá-las neste ambiente adverso, suscitando ao mesmo tempo novos desafios
para a definição do que é ser índio no alvorecer deste século XXI.
Os constituintes de 1988 legislaram pressionados por pressões
nacionais e internacionais, de diversos matizes, eivados, por vezes, de
interesses suspeitos, e baseados em pressupostos divorciados do interesse
nacional. O artigo 231 da Constituição é contraditório e confuso. Quando trata
da terra dos índios diz "direitos originais" e mais adiante
estabelece direitos sobre as "terras tradicionalmente ocupadas",
classificando estas como "as utilizadas por suas atividades produtivas, as
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários ao seu bem
estar, as necessárias à sua reprodução cultural segundo seus usos, costumes e
tradição".
Baseados nessas contradições da Constituição, grupos interessados em desvincular os nossos índios dos deveres para com a Nação vêm forçando, quase sempre com sucesso, a alienação, a indisponibilidade, para o desenvolvimento econômico e social, de cerca de 1/10 do território nacional.
Baseados nessas contradições da Constituição, grupos interessados em desvincular os nossos índios dos deveres para com a Nação vêm forçando, quase sempre com sucesso, a alienação, a indisponibilidade, para o desenvolvimento econômico e social, de cerca de 1/10 do território nacional.
A nossa atual política para os índios, tangencia, por vezes, as
raias da insensatez. A redação dúbia e confusa do Artigo 231 e seus parágrafos,
na Constituição de 1988, produto de fortes pressões sobre os constituintes,
permitiram uma legislação complementar que cedeu aos índios brasileiros o
direito da exploração exclusiva de 11,58% do território nacional; ou seja, 0,2%
da população com o direito de usufruir, com exclusividade, da área de
aproximadamente 12% da superfície do país (Dados
da FUNAI).
Não houvesse uma interpretação canhestra da nossa Carta Magna, as terras dos índios não iriam além daquelas "utilizadas por suas atividades produtivas", necessárias à preservação de seu bem estar e manutenção de seus valores culturais. Porque condenar 10% do território nacional ao atraso? A quem interessa esta legislação esdrúxula e fora de propósito?
Há centenas de atuantes organizações não-governamentais (ONGs) espalhadas pelos países do primeiro mundo e filiais no Brasil, as quais, sob alegação de direitos humanos, de preservação da natureza, de fundamentos antropológicos, insistem em não reconhecer o pleno direito do Estado brasileiro sobre o destino de seus indígenas. Não querem que eles se transformem em cidadãos, integrados à Nação; mas querem que continuem primitivos, segregados, a disposição de seus caprichos pseudo-cientificos ou mesmo de intenções inconfessáveis.
Não houvesse uma interpretação canhestra da nossa Carta Magna, as terras dos índios não iriam além daquelas "utilizadas por suas atividades produtivas", necessárias à preservação de seu bem estar e manutenção de seus valores culturais. Porque condenar 10% do território nacional ao atraso? A quem interessa esta legislação esdrúxula e fora de propósito?
Há centenas de atuantes organizações não-governamentais (ONGs) espalhadas pelos países do primeiro mundo e filiais no Brasil, as quais, sob alegação de direitos humanos, de preservação da natureza, de fundamentos antropológicos, insistem em não reconhecer o pleno direito do Estado brasileiro sobre o destino de seus indígenas. Não querem que eles se transformem em cidadãos, integrados à Nação; mas querem que continuem primitivos, segregados, a disposição de seus caprichos pseudo-cientificos ou mesmo de intenções inconfessáveis.
Sobre o assunto, nos alerta o historiador Manoel Soriano Neto:
“Inadmissível foi o insolente parecer da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), determinando a suspensão
das obras de Belo Monte e ainda recomendando que não se construa nenhuma outra
hidrelétrica na região, até o cumprimento de uma série de absurdas exigências
“para a proteção do meio ambiente e dos povos indígenas da bacia do rio Xingu”.
Ora, tais determinações/orientações afiguram-se em inaceitável
ingerência alienígena na Soberania Nacional. Felizmente, o Brasil não levou em
consideração esses acintes e prossegue na construção de várias hidrelétricas
(que produzirão energia barata e limpa) em nossa cobiçada Amazônia. Entretanto,
essas indevidas pressões têm surtido nefasto efeito, eis que todas as obras se
encontram com o seu cronograma atrasado, mercê das paralisações, em razão de
ações judiciais de embargo e invasões indígenas. O pretexto para tais invasões
é o de que os índios não foram consultados como prevê a Constituição e a
Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho”.
Atualmente, o incremento da conflitualidade mostra-se bem visível
no Estado de Roraima. Este estado vem crescendo demográfica e economicamente
nas últimas décadas. É uma fronteira econômica em marcha. Mas a sua progressão
é barrada pelas terras indígenas que ocupam cerca de 50% de seu território, a
maioria abrangendo a faixa de fronteira com a República da Guiana e a Venezuela.
Em virtude de o Ministério da Justiça ter homologado a demarcação
da área de cerca de 16,700 km² da reserva “Raposa Serra do Sol”, pelo critério
de "terra contínua", alguns grupos de índios ali aldeiados, apoiados
por missões religiosas e ONGs sediadas em Boa Vista (quase todas internacionais),
entendem que devem ser retirados da reserva o Município de Uiramutã, várias
povoados de não-índios, fazendeiros plantadores de arroz e feijão, e até um
pelotão de fronteira do Exército. Alguns dos residentes da região são
descendentes de moradores ali alocados há mais de 100 anos.
Os defensores da tese da demarcação em "terra contínua"
pretendem que o governo do Estado de Roraima promova o desterramento dessa
população de não-índios e a instale em outra área. Pretende o Governo do Estado
que a demarcação seja feita de forma "descontínua", preservando os
direitos da população de não-índios residentes na reserva, contrariando, assim,
a decisão do Ministério da Justiça. Diante da gravidade do conflito que se
deflagrou, o presidente da República, por solicitação do Ministro da Defesa,
suspendeu o cumprimento da decisão da Justiça e nomeou uma Comissão Especial
para reestudar o assunto.
É incompreensível, tangenciando as raias do absurdo, que
legisladores e administradores tenham conseguido criar um tamanho despropósito,
uma tamanha confusão, com questões que eram pacíficas na vida nacional - a
incorporação gradual, suave e tranquila de nossos indígenas à sociedade e o
direito universal dos brasileiros de viverem em qualquer rincão do país.
Com a premência que o tema requer, está na hora de os nossos
legisladores reverem toda a legislação pertinente às terras dos índios. O que
está vigendo não responde aos interesses de desenvolvimento econômico e social,
que deve abranger, sem exclusões, a incolumidade do território nacional.Na
visão do saudoso e extraordinário geopolítico General Carlos de Meira Mattos, é
antiga a ideia da internacionalização da Amazônia. De tempos em tempos, ela
volta ao palco trazida por novos ventos , revestida em teses pseudo-científicas
ou sócio-humanitaristas, usadas para ocultar o seu verdadeiro objetivo político
ou econômico.
Como enfatiza o General, no começo, era apenas a curiosidade pelo
ineditismo do cenário gigantesco descrito pelos primeiros exploradores : o
imenso “Mar Dulce “ explicitado na carta do navegante espanhol Vicente Pinzon a
El Rei: A “terra da canela e o “El
Dorado” procurados pela expedição de Francisco Orellana e Gonzalo Pizarro; a
lenda fantasiosa “das índias guerreiras amazônicas” , espalhadas na Europa
pelos escritos de Frei Gaspar de Carbajal , descrevendo-as como “ alvas e
brancas , usando cabelo comprido entrançado e enrolado na cabeça, pernas e
braços bastante desenvolvidos , andam nuas em pêlo dissimulando seu sexo, com
seus arcos e flechas nas mãos , fazendo tanta guerra como dez homens”. Estas
notícias e lendas povoaram o imaginário de aventureiros europeus durante o
Século XVI.
Em seguida, veio a curiosidade de famosos cientistas e
naturalistas , europeus e norte americanos , diante da magnitude do cenário
florestal e hidrográfico que deparavam na Amazônia.
Nos séculos XVII e XVIII, vieram conhecê-la e estudá-la, renomados
cientistas e naturalistas da Europa e dos Estados Unidos Ali estiveram Carl
Friedrich Philipp Von Martius, Alcide D’orbigny , Émil Goeldi, Louis Agassiz ,
Alexander Von Humboldt (criador da denominação Hileia Amazônica); e nos
primeiros anos do século XX , Theodor Roosevelt. Seus relatórios e estudos
chamaram a atenção internacional para a Amazônia.
Passada a fase de admiração científica pela sua colossal imagem
geográfica, vieram as ambições e, como decorrência natural, a cobiça.
Vamos relembrar apenas algumas das muitas investidas mais remotas
à nossa soberania amazônica:
Nos velhos tempos do Império de D. Pedro II, no ano de 1850,
sofremos as tentativas do Comandante Matthew Fontaine Maury , Chefe do
Observatório Naval de Washington , defendendo a tese da livre navegação
internacional do rio Amazonas, considerando que pelo seu volume de águas
deveria ser incorporado ao mesmo status do direito marítimo. O governo norte-
americano autorizou o envio de uma canhoneira para explorar o rio que
desrespeitando os nossos direitos soberanos penetrou na grande caudal e navegou
até Iquitos, no Peru. Esta violação de nosso território exigiu enorme esforço
diplomático de então Embaixador em Washington, Sergio Teixeira de Macedo, para
neutralizar a difundida propaganda internacionalista disseminada por Maury e
conseguir uma satisfação do governo norte americano.
·
Em 1948, vimos aprovada pela
UNESCO, organismo da ONU, a criação do ‘Instituto Internacional da Hiléia
Amazônica’ , segundo o qual uma autoridade internacional passaria a administrar
as pesquisas científicas e o desenvolvimento da região. Esta interferência nos
nossos direitos soberanos, já aprovada ingenuamente por nossos representantes
na UNESCO, só foi evitada pela rejeição do referido Instituto pelo nosso
Parlamento baseado num parecer do então Estado-Maior Geral e na campanha
veemente de protesto do senador Arthur Bernardes.
·
A partir dos anos oitenta do
século passado vem crescendo a propaganda e as pressões de interferência na
nossa Amazônia . As hostes internacionalistas, hoje, concentram sua ação
através das Organizações Não Governamentais ( ONG).
·
As ONG são associações civis,
internacionais ou nacionais , que proclamam fins humanitários ou científicos
tais como direitos humanos, defesa ambiental , combate às desigualdades sociais
, preservação de comunidades indígenas, combate a atividades belicistas e
outros.
·
Guy Sorman, professor e
colunista do jornal francês “Le Monde”, calcula em 32.000 o número de ONG
espalhadas pelo mundo. Comenta o jornalista: “Ninguém fiscaliza suas fontes de
financiamento, ninguém verifica a autenticidade da boa causa a que se propõem,
ninguém controla suas despesas. Na sua quase totalidade estão subordinadas a
assembleias fantasmas (de personalidades honradas), mas administradas
efetivamente por minorias vinculadas a outros interesses”.
·
A tese central das ONG
internacionais que atuam no norte do Brasil sintetiza-se na expressão “Amazônia
patrimônio da Humanidade”. Alegam que se trata de uma imensa região de natureza
tropical cuja floresta deve ser preservada visando a sobrevivência da
Humanidade, justificam sua tese acusando os estados nacionais, principalmente o
Brasil de responsáveis pela destruição da natureza amazônica e de serem
incapazes de conter o desmatamento da floresta, a poluição ambiental e a
natureza primitiva do gentio. Baseados na alegação da incapacidade do Brasil de
preservar a natureza amazônica , inúmeras ONG européias e norte-americanas
lutam para que se estabeleça para a nossa Amazônia, o status de “território do
interesse da Humanidade”, como tal , que um organismo supra nacional. Com
autoridade decisória passe a participar de sua administração. As ONG já
envolveram a ONU , a UNESCO e entidades financeiras internacionais na tese de
apoio á criação de uma entidade supranacional para preservar a floresta
amazônica.
Inúmeras ONG pressionam as instituições financeiras mundiais no sentido da implantação de uma autoridade supranacional na Amazônia e, com este objetivo, estas aprovam ou desaprovam pedidos de empréstimo , igualmente mantêm e financiam várias agências na região que se apresentam como ambientalistas , antropológicas, naturalistas, indigenistas , pacifistas , de direitos humanos .
Inúmeras ONG pressionam as instituições financeiras mundiais no sentido da implantação de uma autoridade supranacional na Amazônia e, com este objetivo, estas aprovam ou desaprovam pedidos de empréstimo , igualmente mantêm e financiam várias agências na região que se apresentam como ambientalistas , antropológicas, naturalistas, indigenistas , pacifistas , de direitos humanos .
·
Destacam-se entre as ONG
atuantes na Amazônia : a inglesa “Survival International”, também
conhecida como “Casa de Windsor” (dado à sua estreita ligação com a coroa
inglesa), cuja infiltração na região data dos anos 60; a “European Working
Group on Amazon”; o ‘Conselho Mundial de Igrejas’ , reunindo Igrejas
protestantes da Europa e Estados Unidos; além do ‘Conselho Indigenista
Missionário’ e da ‘Comissão Pastoral da Terra’, que exercem notória militância
política, de cunho ideológico, sob inspiração da ‘Teologia da Libertação’, de
fundo marxista.
·
As ONG internacionais
referenciadas, e outras, irradiam no Brasil e em particular na Amazônia , uma
rede de dezenas de agências que buscam criar na população local e nos indígenas
uma conscientização da necessidade de internacionalizar a região. Entre as ONG
nacionais mais presentes na Amazônia destacam-se o Conselho Imdigenista de
Roraima ( CIR ) controlado pela Comissão Pastoral da Terra; Associação dos
Povos Indígenas de Roraima (APIR); Associação regional Indígena dos Rios Kinô,
Cotongo e Monte Roraima (ARIKOM) . A Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do
Norte do Estado de Roraima (SODIURR ) defende a convivência pacifica e
comunitária entre índios e não índios.
·
Duas teses se confrontam em
torno da questão indígena – Integração versus Confinamento . A política
tradicional brasileira é da integração à sociedade nacional, idealizada e
realizada pelo nosso maior indigenista, o General Cândido Mariano Rondon .
·
A partir dos anos 60,
Organizações internacionais do 1º Mundo e entidades cristãs sediadas na Europa
e Estados Unidos, mantenedoras de inúmeras Missões Religiosas na Amazônia,
abriram a luta a favor da internacionalização da Hiléia e confinamento das
tribos de gentios visando a preservar os hábitos e costumes primitivos. Vários lideres
políticos europeus têm se pronunciado, em caráter particular, a favor da tese
de internacionalização da Amazônia, entre os quais citaremos o ex Presidente da
França , François Miterrand , que declarou em 1991 , “ O Brasil precisa aceitar
a soberania relativa sobre a Amazônia”.
·
As ONG internacionalistas
escolheram para tema de sua penetração a questão indígena e, para área
principal de operações, o território Norte do Estado de Roraima, contíguo às
nossas fronteiras com a República Bolivariana da Venezuela e República da
Guiana . Escolheram uma região vulnerável , pela distância dos grandes centros,
pelo seu despovoamento , pela sua contiguidade com um espaço tri-fronteiriço (
Brasil-Venezuela-República da Guiana). A constância de sua ação, o apoio de
ONGs internacionais nas suas pressões ao governo brasileiro já lhes assegurou
duas vitórias: a demarcação das reservas indígenas de Ianomami, superfície de
96.649 Km2 ( equivalente a do Estado de Santa Catarina) para uma população de cerca
de 25.700 índios e a demarcação das reservas dos índios de Raposa Serra do SOL
, superfície de 17.430 Km2 ( metade do território do Estado do Rio de Janeiro)
para uma população de 17.000 índios . A Soma da superfície destas duas reservas
esteriliza para a ocupação e economia cerca de 50% do território do Estado de
Roraima .
·
A propaganda das ideias de internacionalização lançada na Europa e Estados Unidos pelas ONG transnacionais vem conquistando um número crescente de adeptos no exterior e mesmo no nosso País, particularmente entre as organizações que delas recebem financiamento, e brasileiros que delas dependem por seu emprego .
A propaganda das ideias de internacionalização lançada na Europa e Estados Unidos pelas ONG transnacionais vem conquistando um número crescente de adeptos no exterior e mesmo no nosso País, particularmente entre as organizações que delas recebem financiamento, e brasileiros que delas dependem por seu emprego .
·
Qual tem sido a atitude do
governo brasileiro em face às investidas internacionalistas? Algumas vezes
cega, outras vezes dúbia, cedente, e em parte, vacilante .
·
A Assembleia Constituinte de
1988 , pressionada pelas ONG, colocou na Constituição vigente conceitos de
interpretação duvidosa sobre “ terras tradicionais dos índios” ; Baseado em
critério interpretativo duvidoso, o Executivo homologou, com decretos e portarias,
as reivindicações sobre reservas indígenas totalizando 1/10 do território
nacional , para uso privilegiado de cerca de 700 mil índios, entre tribais e
semi- tribais , divididos em 215 etnias, com 180 línguas e dialetos (IBGE).
·
Buscando responder às
espalhafatosas e exacerbadas críticas internacionais acusatórias de ineficácia
na preservação do meio-ambiente e na contenção da “criminosa” devastação da
floresta tropical, o governo lançou, 1988, o ‘Programa Nossa Natureza’, estabelecendo
a política de Desenvolvimento Sustentado.
·
Visando a executar o
‘Programa Nossa Natureza’ foi criado o IBAMA, que vinha obtendo resultados
favoráveis no combate ao desmatamento , mas que, ultimamente, tem perdido
eficiência pela crônica falta de recursos financeiros .
·
Em 1985, devido à preocupação
com a manutenção da soberania brasileira, na região amazônica, surgiu, na então
Secretaria-Geral do Conselho de Segurança Nacional, a benfazeja ideia de
implementar o Projeto Calha Norte, tendo por objetivo o povoamento, atendimento
social e incentivo econômico na larga faixa de nossa fronteira Norte , com 5
países ( Guiana Francesa, Suriname , República da Guiana , Venezuela e Colômbia
) , operação conjunta de Ministérios civis e militares, vem se arrastando por
falta de verba e de interesse dos Ministérios civis. Somente os Comandos
Militares vem realizando, com determinação, a sua parte. Ultimamente, o governo
tem procurado reanimar o andamento desse Projeto .
Vários outros órgãos governamentais atuam na área amazônica, entre os quais o Ministério do Meio Ambiente, e a FUNAI, que substituiu o antigo Serviço de Proteção ao Índio .
Vários outros órgãos governamentais atuam na área amazônica, entre os quais o Ministério do Meio Ambiente, e a FUNAI, que substituiu o antigo Serviço de Proteção ao Índio .
·
Na década de 80, a Amazônia
era considerada o pulmão do mundo, e nós, brasileiros, os incendiários que
estávamos acabando com o oxigênio do planeta. Países hegemônicos, de olho em
nossas riquezas, diziam-se preocupados com a saúde da Terra e, de modo
contumaz, davam palpite em tudo que acontecia na Amazônia.
·
Como contraponto a esses
ataques das grandes potências, surgiu a ideia de criar o Projeto SIPAM e seu
abraço armado, o Projeto SIVAM.Trata-se de um projeto estratégico, concebido
com visão de futuro, de proteção e desenvolvimento da Amazônia Legal, uma área
vital para o País. O objetivo é tornar viável e equilibrado o aproveitamento
econômico da região, por meio da exploração racional do seu potencial, em
proveito do presente, sem descuidar das ações que possibilitem a conservação
dos recursos naturais. Baseado nessa ótica, o Sipam requer coordenação tanto em
nível político quanto estratégico, consubstanciados pela criação do Conselho
Deliberativo do Sipam.
·
Coube ao então Ministério da
Aeronáutica (atual Comando da Aeronáutica) implantar o Sistema de Vigilância da
Amazônia (SIVAM), integrado ao Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), a fim
de prover as ferramentas para o funcionamento do SIPAM.
·
Ao Ministério da Justiça
coube a tarefa de estruturar um conjunto de medidas que permitisse sua
integração ao SIVAM, de forma a habilitá-lo ao desenvolvimento das ações de sua
responsabilidade. A partir daí foi elaborado o Projeto Pró-Amazônia a fim de
aprimorar a capacidade da Polícia Federal no desempenho de suas tarefas na
Região Amazônica.
·
O Ministério da Aeronáutica
assumiu, então, o desenvolvimento do programa de implantação do SIVAM. Para
isso, no entanto, foi preciso ter o conhecimento minucioso das potencialidades
e das limitações da região e da atuação sistematizada sobre as atividades
consideradas lesivas aos interesses nacionais, isto é, a exploração predatória,
o narcotráfico, a agressão ao ecossistema e a ocupação das reservas indígenas.
·
Associada à problemática indígena,
a malsinada tese mais presente, hoje, é a da “Amazônia Patrimônio da
Humanidade”, devendo ser administrada por autoridade internacional, única capaz
de garantir a sobrevivência futura de vida no Planeta. Por incrível que possa
parecer, oferecem aos países que compõem o território amazônico o consolo de
uma soberania partilhada.
·
A propaganda e as pressões
internacionais a favor desta absurda tese de internacionalização vêm revestidas
das falácias pseudo-científicas: Amazônia pulmão do mundo; queimadas da
floresta responsáveis principais pela emissão de dióxido de carbono e
consequente envenenamento da atmosfera ( duas acusações já cientificamente
destruídas ). Amazônia, último espaço de natureza e da vida selvagem a ser
preservada ( preferida dos antropólogos , ambientalistas e indigenistas ) .
·
Os principais propagandistas
e ativistas dessa tese são organizações internacionais não governamentais(ONG
), dos países ricos da Europa e dos Estados Unidos , presentes e atuantes na
Amazônia Brasileira através de suas agências e de missões religiosas, dispondo
de dinheiro farto e envolvendo a participação de brasileiros.
Uma das mais instigantes manifestações dos ativistas da soberania partilhada para a Amazônia , veio-nos do francês M. Pascoal Lamy, ex-Diretor-Geral da Organização Mundial do Comércio. Defendendo o conceito de Governança Global, em conferência realizada em Genebra, perante diplomatas e funcionários de organizações internacionais, o Sr Pascal Lamy, sem o mínimo constrangimento, afirmou:
Uma das mais instigantes manifestações dos ativistas da soberania partilhada para a Amazônia , veio-nos do francês M. Pascoal Lamy, ex-Diretor-Geral da Organização Mundial do Comércio. Defendendo o conceito de Governança Global, em conferência realizada em Genebra, perante diplomatas e funcionários de organizações internacionais, o Sr Pascal Lamy, sem o mínimo constrangimento, afirmou:
·
“As florestas tropicais como um todo, devem ser submetidas à gestão
coletiva, ou seja, gestão compartilhada com a comunidade internacional”. Pascal
Lamy
·
Segundo a proposta do Sr
Pascal Lamy, explicitada em fórum internacional, nossa floresta amazônica deve
passar a ser administrada por uma autoridade internacional a ser criada com
essa finalidade.
·
·
Sobre este infeliz e abusado
pronunciamento do Sr Lamy o Ministério de Relações Exteriores, à época,
apresentou imediato e veemente protesto nos seguintes termos:
·
“As declarações do Sr Pascal Lamy revelam uma visão preconceituosa, que
susbestima a capacidade dos países em desenvolvimento em gerenciar,de forma
soberana e sustentável, os seus recursos naturais . Tais declarações são
incompatíveis com o Cargo de Diretor-Geral da Organização Mundial do Comércio.”
·
Não há duvidas que inúmeros
perigos rondam a nossa integridade territorial, com fulcro na Região Amazônica
. Cabe ao Estado Brasileiro demonstrar forte e inabalável decisão de não
aceitar a violação de seus direitos soberanos, conquistados duramente através
de 5 séculos, por portugueses e brasileiros. Não há de ser a nossa geração que,
por incapacidade de lutar, irá permitir a lesão de nossa soberania em parte do
território nacional.
·
Como nos alerta o conceituado
sociólogo Hélio Jaguaribe, por meio de uma multiplicidade de processos, a
Amazônia está sendo submetida à acelerada desnacionalização, em que se conjugam
ameaçadores projetos por parte de grandes potências para sua formal
internacionalização com insensatas concessões de áreas gigantescas –
correspondentes, no conjunto, a 13% do território nacional – a uma ínfima
população indígena.
·
Os jornalistas Lorenzo
Carrasco e Sílvia Palácios, abordam o tema com muita propriedade no livro
intitulado: “Quem Manipula os Povos Indígenas contra o Desenvolvimento do
Brasil”. Segundo eles, “há uma estranha convergência de interesses socialistas
e capitalistas ligados à Amazônia, em flagrante conspiração contra a soberania
brasileira, fazendo com que grupos de militantes de esquerda lutem por
objetivos inconfessáveis da elite capitalista global”.
·
A Amazônia brasileira,
representando 85% da Amazônia total, constitui a maior floresta tropical e a
maior bacia hidrográfica do mundo, com um quinto da água doce do planeta,
sendo, concomitantemente, a maior reserva mundial de biodiversidade e uma das
maiores concentrações de minerais valiosos, com um potencial diamantífero na
Reserva Roosevelt (RO) 15 vezes superior ao da maior mina da África, reservas
gigantescas de ferro e outros minerais na região de Carajás, no Pará, de
bauxita no Rio Trombeta, também no Pará, e de cassiterita, urânio e nióbio em
Roraima.
·
É mais do que evidente que o
Brasil está perdendo, paulatinamente, o controle absoluto da Amazônia. Torna-se
imperativo uma apropriada intervenção federal, através de uma ação
multidisciplinar envolvendo todos os organismos governamentais ligados na
questão.
·
Os principais aspectos em
jogo dizem respeito a formas eficazes de vigilância da região e de sua
exploração racional e colonização. O Grupo de Trabalho da Amazônia, coordenado
pela ABIN, já dispõe de um importante acervo de dados, contidos em relatórios
aos quais as autoridades superiores, entretanto, não vêm dando a devida
atenção. É indispensável tomar o devido conhecimento dos relatórios, e
perpetrar as ações necessárias para impedir o caos que está se instalando na
região amazônica.
·
Sem prejuízos das medidas
neles sugeridas e de levantamento complementares, é imperiosa e imprescindível
a necessidade de uma ampla revisão da política de gigantescas concessões
territoriais a ínfimas populações indígenas, no âmbito das quais, sob pretextos
religiosos, se infiltram indesejáveis estrangeiros, de todos os matizes,
notadamente missões religiosas que, sob o manto de protetoras das causas
indígenas, exercem atividades espúrias e atentatórias à nossa soberania,
objetivando criar, no futuro, condições para formação de “Nações Indígenas” com
o intento espúrio de, com o apoio de nações hegemônicas, deslanchar e proclamar
a insidiosa independência desses territórios.
·
* Nossa política de defesa
contra as pretensões internacionalistas na nossa Amazônia, a nosso ver, deve se
basear nas seguintes premissas:
·
- Desenvolver métodos e
processos concernentes à “Estratégia de Resistência”, mantendo na região um
dispositivo militar de defesa altamente eficaz, capaz de prover plena cobertura
do espaço aéreo sobrejacente à Amazônia brasileira, ademais de tropas altamente
treinadas em terra, especializadas em guerra na selva, que por seu efetivo ,
armamento moderno , equipamento e adestramento , representem uma força de
dissuasão convincente , capaz de desencorajar aqueles que imaginam uma
conquista fácil;
·
- Demonstrar vontade nacional
permanente e inabalável no sentido de preservar intocável nossa base
territorial (para isto mobilizar a consciência das elites e do povo) e dar
ênfase permanente à Estratégia da Resistência no seio das Forças Armadas;
·
- Possuir uma Diplomacia
super ativa e vigilante, capaz de refutar veementemente , de imediato, qualquer
insinuação ou projeto internacionalista envolvendo o Brasil, surja onde surgir,
em qualquer país ou entidade internacional;
·
- Estreitar relações com os
países nossos vizinhos amazônicos, buscando conscientizá-los e integrá-los na
missão de defesa contra a campanha de internacionalização da área. Incentivar
os projetos de povoamento e de desenvolvimento sustentado da Amazônia Norte e Oeste;
·
- Administrar eficazmente a
proteção da floresta e a preservação do meio-ambiente e, de forma equilibrada,
judiciosa e racional, o atendimento aos povos indígenas de todas as etnias,
provendo-lhes condições educacionais de modo a se inserirem, integralmente, de
forma gradual e sem traumas, no seio da sociedade brasileira;
·
Cai sobre nossos ombros a
imensa responsabilidade de preservar a integridade de nosso território
ameaçado, missão que as gerações que nos antecederam souberam fazer, com
habilidade diplomática, determinação, comovente denodo, intrepidez e mesmo com
sangue, quando necessário.
·
Para encerrar, gostaria de
trazer a lume duas inolvidáveis citações, de ilustres personalidades de nossa
História, e que nós, brasileiros, devemos estar atentos e sempre relembrá-las
em nossas reflexões.
· Primeiramente, a citação do Presidente
Epitácio Pessoa, em 07 de abril de 1920:
“Até
que o perigo da guerra deixe de ameaçar o mundo, será criminoso, perante a
nação, o Governo que não se preparar para enfrentá-la”
·
E, finalmente, frase proferida pela majestática
personalidade da historiografia aeronáutica brasileira, o insigne
Marechal-do-Ar Eduardo Gomes, Patrono da Força Aérea Brasileira.“O preço da
liberdade é a eterna Vigilância."
Nenhum comentário:
Postar um comentário