Gen. Bda
Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira
As Forças Armadas
constituem a única categoria que não possui sindicatos ou entidades que tratem
de seus salários e defendam os seus direitos trabalhistas.
De igual modo, não
possuem agremiações que se pronunciem a seu favor ou contra os ataques que
sofram de outras entidades, inclusive as governamentais.
A Constituição não
permite. É uma pretensa salvaguarda do poder civil, quanto à predominância do
poder militar.
Nada a reclamar. A
democracia é a nossa meta, de civis e de militares.
Nas últimas décadas,
assustados pelo que os militares podem fazer para chegar ao poder, ou coibir a
chegada ao poder de um bando de canalhas, foram criados inúmeros mecanismos
para desprestigiar as autoridades militares.
Com o Ministro da Defesa
e a figura do Chefe do Estado-Maior Conjunto das
Forças Armadas (EMCFA), foram estabelecidas duas barreiras entre os
Comandantes Militares e o chefe da Nação.
Assim, qualquer assunto
de interesse dos militares antes deverá ser tratado pelo Ministro da Defesa e o
seu Assessor, que a seu critério levará as suas decisões ou da presidência para
os Comandantes das Forças.
Sabemos o desprestígio
que tem ocorrido, pois nem nos desfiles oficiais os Comandantes Militares têm
a honra de ocupar a sua posição de destaque no palanque das autoridades.
O Clube Militar do Rio de
Janeiro, fundado em 26 de junho de 1887, para
muitos, deve ser apenas uma agremiação esportiva e social.
Lá, se podem disputar
torneios de xadrez, jogos de “pingue – pongue”, natação, promover
bailes, encontros literários, e outras amenidades para manter os sócios, em
geral da reserva, numa redoma telúrica.
É um similar dos jardins
dos duendes e das sílfides.
Mas nem sempre foi assim.
Lá germinaram e foram difundidos sonhos e aspirações, indignações e posições.
O Clube foi criado como
ambiente de eventos sociais, não políticos, porém na falta de locais destinados
ao trato dos interesses militares, nada mais natural que os seus sócios, entre
uma partidinha de damas ou de palitinhos, abordem seus espantos e incredulidades.
No próximo ano, teremos a
eleição do novo Presidente. Temos quatro candidatos, todos de excelentes
predicados, alguns com experiência anterior na diretoria do Clube.
É uma boa notícia, pois
todos eles percebem que esperamos do Clube algo mais do que tertúlias
quiméricas e desfiles de moda, e que repitam as retumbantes posições do Clube
em situações que se caracterizavam pela perda da soberania e ameaça à
democracia nacional.
Isto em “priscas eras”,
quando os Comandantes despachavam, pessoalmente, com o Chefe da Nação.
No seu histórico, encontramos memoráveis e vibrantes assembleias que marcaram fatos de
grande significado para a vida nacional, como as Campanhas Abolicionista e
Republicana, a instituição do Serviço Militar Obrigatório e as homenagens à FEB
em seu regresso.
Portanto, o
Clube é bem mais do que gostariam os puros de espírito, mas ingênuos de
coração. O Clube é uma postura de dignidade, de uma grandeza que precisa ser
preservada e respeitada.
Os
candidatos se propõem em prosseguir, como no passado, a sua trajetória;
contudo, um por ter elaborado em 09 de março de 2012, o Manifesto dos
Militares, conduta que estremeceu algumas autoridades que pretenderam sancionar
disciplinarmente os infratores, merece destaque na situação de porcos selvagens
encurralados em que vivemos.
Esperamos
que o futuro presidente, qualquer deles, seja desassombrado, que haja com
firmeza, respeitando e sendo respeitado, e cumprindo as determinações
superiores, se dignas, e, do contrário, que se danem, pois o Clube, ao
contrário das Instituições Militares, não é subordinado às tiranias e às
injustiças de um desgoverno revanchista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário