Dorival Ari Bogoni *
"A educação é o principal instrumento que alguém pode usar para mudar o mundo." Nelson Mandela
O mundo reverencia com respeito e admiração o passamento de uma luz entre os seres humanos. O negro Nelson Mandela. Líder da luta contra a discriminação na sociedade sul africana, dominada e espoliada por uma minoria branca e alienígena, liderou a maioria negra para que reconquistasse o poder e pudesse decidir seu próprio destino.
Pronunciou frases memoráveis, persistiu na luta - de todas as formas, algumas condenáveis - e atuou de modo prático para o desmoronamento das estruturas discriminatórias e injustas do seu país. Preso por longos anos foi liberto em 1990 e sem rancores ou vingança realizou obra magnífica de conciliação, união e paz, reconhecida pelas mais destacadas lideranças mundiais, inclusive brasileiras.
Madiba, carinhosamente chamado, foi o artífice da reconstrução da África do Sul e, no final da vida, um exemplo de moderação e harmonia entre as diversas facções e divisões da sociedade. Pregou a igualdade e a cidadania para todos, independentemente de cor, etnia e origem social. Herói nacional e mundial será exemplo para os povos e um ícone da história.
O Brasil foi colonizado pelos portugueses, mesmo povo que ocupou e explorou as costas africanas, e que deixou marcas no país de Mandela. Ao longo da formação da nacionalidade, nos mais de cinco séculos, o Brasil pouco se assemelha ao processo evolutivo das sociedades africanas. Teve sorte e destino diferentes. As nações africanas precederam o Estado, enquanto que no Brasil o Estado moldou a Nação
A população da então Colônia foi sendo formada e se multiplicou pela miscigenação gradual de brancos, índios e, posteriormente, negros. Nos meados do século XIX e no século XX, povos e gentes de todos os continentes aportaram em solo brasileiro. Houve predomínio e exploração pelos brancos, é verdade, mas o processo de fusão das raças ocorreu num ambiente tal que, qual cadinho onde são produzidos metais, a liga sanguínea da sociedade se fundiu e moldou ao ponto de não ter mais retorno.
É público e notório que a sociedade brasileira é miscigenada. A nação, se não a mais, das mais miscigenadas do Globo. A nossa cor cobre todos os matizes possíveis e a aparência representa a universalidade do espectro humano. Qual nação não gostaria de estar na nossa situação? Os EUA, a atual e única superpotência, pagou preço altíssimo e está despendendo esforço hercúleo para dar início a um processo de integração social que nós recebemos como dádiva divina, e graças aos portugueses!
O objetivo de Mandela não seria chegar à situação em que nos encontramos nós brasileiros, como sociedade humana pluralista e harmonicamente integrada? Madiba lutou uma vida interira para desconstruir o mal feito. Conseguiu refazer as estruturas e a organização social de seu País, calcada na justiça, na igualdade e na paz. Buscava tão somente a igualdade e os mesmos direitos para todos. O processo inacabado está em curso e ao que se crê, alcançando os resultados almejados.
O nosso Brasil nas atuais circunstâncias, lamentavelmente, está trilhando o percurso inverso ao do perseguido pelo expoente negro para a África do Sul. Estamos atuando, em especial nos últimos governos, na contramão do processo histórico de formação da nossa nacionalidade. Ao invés de manter o curso da miscigenação iniciado por nossos antepassados, estamos tentando desconstruir a coesão interna.
São demarcadas reservas indígenas absurdamente extensas e tribos reconhecidas como nações; são destinadas áreas geográficas a comunidades negras, isoladas em quilombos, como se grupos ainda estivessem na África; cotas raciais são destinadas a pessoas, como se fossem diferenciadas ou inferiores aos demais cidadãos. Quem sabe, defender a formação da seleção brasileira de futebol por cotas?
A dar prosseguimento ao processo retrógrado do presente, pensar talvez em construir caravelas e destinar cada qual ao seu continente de origem. Os indígenas atuais, quiçá soubessem resolver todos os problemas da Terra Brasilis. Bem claro, nada contra os indígenas, na grande maioria excelentes cidadãos e brasileiros. Constatei este fato ao viver em todas as regiões do País, inclusive na Amazônia. Críticas acres aos que se utilizam de índios, negros e demais minorias para semear a cizânia interna, levantar causas obscuras, e defender interesses próprios e ou alienígenas.
A todos os maus brasileiros que atuam na desconstrução da Nação, incluídos o governo brasileiro, ONG, igrejas e a mídia politicamente correta, professores e formadores de opinião, todos os que não defendem nossa terra e os interesses nacionais mais legítimos, por ocasião da despedida de Nelson Mandela, ouçam e divulguem o grito dos brasileiros de bem:
HIPÓCRITAS! Defendam os ideais de Mandela, sim. E que os mesmos ideais sejam propagados e respeitados no nosso Brasil. Basta de desconstruir a sociedade brasileira. Nossa nação está construída sob a égide da miscigenação, trilha no caminho certo e não quer reverter o curso. Todo cidadão brasileiro honesto exige direitos e deveres iguais, para quem quer que seja!
Não sendo assim, não mencionem Mandela. Ele merece descansar em paz!
Dorival Ari Bogoni - Doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares. Cursou a Escola Superior de Guerra, Rio, RJ. Possui curso de Administração pelo CEUB, em Brasília. MBA pela National Defense University, Washington, USA. Atuou na implantação da infraestrutura e construção de rodovias na Amazônia, e na região Nordeste do Brasil. Tradutor, articulista e professor. Autor do livro ‘Brasil XXI - Posse e Conquista - Desafios para a Integração.’
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