quarta-feira, 16 de julho de 2014

Futebol mundial nos BRICS


Coincidência ou não, três países membros do BRICS sediam copas mundiais de futebol: As duas últimas, de 2010 e 2014, foram realizadas na África do Sul e no Brasil, e a próxima, em 2018, será na Rússia.

Os BRICS (Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul) constituem um novo e poderoso bloco político e econômico, cujo PIB conjunto representa 18% da economia mundial e que já constituiu banco com capital de 100 bilhões de dólares em futuro próximo e fundo reserva de emergência de 100 bilhões de dólares para ajuda a países em desenvolvimento. São, no total, 200 bilhões de dólares de cacife.

Será que a China e a Índia serão as próximas candidatas? A China tem potencial, pois teria sido o primeiro país a praticar o futebol, em sua cultura milenar, embora o esporte mais popular lá seja, atualmente, o tênis-de-mesa. Quanto à Índia, não parece ter cacoete para esse tipo de evento, além de ter o críquete como esporte mais popular. Mas, nada é improvável no mundo global.

Não se pode descartar um país como candidato a sede de campeonato mundial de futebol só porque não tem tradição nessa modalidade desportiva ou porque sua cultura é anti-futebolística.  Afinal, os Estados Unidos foram sede da copa em 1994, embora sejam uma nação onde os esportes coletivos praticados com as mãos tenham prosperado muito mais do que os praticados com os pés, como o “soccer”.

Os norte-americanos evoluíram desde a fundação do Cosmos, que contou com Pelé, em 1977, e o futebol feminino lá praticado é o melhor do mundo. As recentes participações dos Estados Unidos nas copas estimularam o Presidente Obama a afirmar que não tardará para que o seu país venha a se sagrar campeão.

O ex-secretário de Estado Henry Kissinger, na década dos 80, dizia , com seu faro político e diplomático, que era inconcebível que os Estados Unidos ficassem alheio a uma modalidade de esporte que congrega milhões de praticantes, que aproxima os povos e que tem a maior audiência mundial. Foi um dos estimuladores da contratação de Pelé pelo Cosmos.

Quem observou o grupo de políticos presentes na final entre a Alemanha e a Argentina, no Maracanã, (Dilma Rousseff, Vladimir Putin, Jacob Zuma, Narenda Modi ,Ângela Merckel,  Denis Sassou-Nguesso, Joseph Kabila, János Áder e Michel Martelly)  e o interesse de Obama pelas partidas do mundial pode constatar que  nenhum país sensato quer ficar à  margem do futebol.

O futebol é hoje o produto mais eficaz de imantação da aproximação dos povos e da criação de um sistema de governo mundial, conforme idealização de vários filósofos e políticos, entre os quais o alemão Immanuel Kant, formulador do “imperativo categórico”, que associa idéia e ação, moral e ética, aos princípios da legislação universal.

Não sei se essa “coincidência” de países-membros dos BRICS sediarem três copas tem razões políticas, mas é um fato que merece consideração especial dos analistas da política internacional. Aguardemos a escolha do país-sede após a Rússia!..

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