Tenho viajado por algumas cidades
do Brasil e sentido o clima que antecede às eleições gerais desse domingo, dia
5 de outubro, quando a Presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel
Temer tentam sua reeleição para manter a coalizão de poder entre o Partido dos
Trabalhadores –PT- e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB-, com
apoio de vários partidos da esquerda e do centro. O clima é de mesmice, de pouca consciência crítica e mínimo fervor cívico.
Com provável realização de
segundo turno eleitoral, em 26 de outubro, o quadro atual das intenções de voto,
de acordo com os institutos de pesquisas, registra 40% para a Presidente Dilma Rousseff,
24% para a candidata do Partido Socialista Brasileiro –PSB- e 21% para Aécio
Neves, candidato do Partido da Social Democracia Brasileira-PSDB-. Em segundo
turno, Dilma teria 48% contra Aécio ou Marina, que ficariam com 41%, conforme
as simulações realizadas.
Claro fica, nesse cenário, que a
disputa mais acirrada em primeiro turno será entre Marina e Aécio, pois a
Presidente Dilma estabilizou sua posição valendo-se de um marketing político
bem agressivo articulado por João Santana, considerado um dos maiores
especialistas do mundo nessa área.
Sem os dados dos institutos de
pesquisas de opinião, fica muito difícil para qualquer analista fazer previsões
sobre o Brasil que emergirá das urnas, após outubro, mas a população nas ruas
reclama dos serviços de transporte urbano, da falta de segurança pública, da
qualidade da educação, da dificuldade de obtenção de emprego - em especial para
os egressos das faculdades - e das condições dos hospitais e do sistema de
saneamento básico.
Esses problemas são básicos e são
recorrentes em todas as eleições, elegendo e destruindo reputações de políticos,
mas, nessas eleições, o eleitorado cobra com mais veemência soluções ao Governo
federal e às prefeituras das maiores cidades beneficiadas com os investimentos
em infraestrutura efetuados durante os preparativos para a Copa do Mundo de
Futebol e os previstos para as olimpíadas vindouras.
Sob o guarda-chuva da moralização
dos gastos públicos e do combate à corrupção, as redes sociais colocaram no ano
passado milhares de pessoas em passeatas nas ruas, em protesto contra desvios,
enriquecimento ilícito e impunidade de políticos e malversação de verbas públicas,
além dos gastos abusivos com a Copa e a falta de verbas para saúde, transporte
e educação.
Não houve manifestações
significativas contra o desmatamento na Amazônia ou contra os critérios de
exploração do petróleo brasileiro pelas empresas estrangeiras. Muito menos
contra os financiamentos de usinas e portos em Cuba e outros países africanos e
latinos, em prejuízo do atendimento das prioridades estruturais e conjunturais brasileiras.
Não se debateram as gigantescas dívidas interna e externa do País.
Não se falou da política de
imigração do governo, que vem trazendo gente desqualificada da África, da Ásia,
das Américas e da Arábia. E a libertação dos presos condenados pelo “Mensalão”?
Parece que punido mesmo foi o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal - STF-,
ministro Joaquim Barbosa, relator do processo de condenação dos envolvidos no
maior processo de corrupção política do País. Joaquim não consegue nem sua
carteirinha da OAB para advogar...
A demolição da Petrobrás,
mediante contratos suspeitos e investimentos incompatíveis com os objetivos da
maior empresa brasileira, vai sendo feita debaixo de acusações, falsas apurações,
comissão de inquérito abortada no Congresso e nenhuma ameaça concreta de
punição aos corruptos.
A agenda de debates dos
candidatos nessas eleições é oca, insignificante para o processo de formação de
consciência crítica do País, e isto explica porque a Presidente Dilma Rousseff
continua com grande possibilidade de se reeleger amparada nos milhões de
beneficiários do sistema assistencialista de bolsas. Não se construíram até
aqui os alicerces para uma oposição séria e contundente no próximo governo. Nem
Marina, nem Aécio acenaram com esse tipo de oposição ao próximo governo de
Dilma... Sim, Dilma, porque acredito que ela vencerá, apesar de quase 10% de o
eleitorado continuar indeciso e porque os 4% dos votos a serem auferidos pelos
demais candidatos não representarão ameaça à atual coalizão.
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