Previstas para o próximo dia 15
de março, manifestações convocadas pelas redes sociais poderão levar às ruas das
principais cidades do Brasil cerca de um milhão de pessoas, em suposta intenção
de promover o impeachment da
Presidenta Dilma Rousseff, sob a justificativa de comprometimento do governo passado e do atual com desmandos e corrupção no âmbito estatal, além da inépcia para controle da economia,
que registra o crescimento de aguda crise fiscal, da inflação e da dívida externa, com risco de
rebaixamento do Brasil na escala de
países confiáveis para investimentos.
Trata-se, portanto, de uma crise política
e econômica, com agravantes de ordem
ética, como os processos do “Mensalão”, “Lavajato” e BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social),que pode extravasar para o âmbito social,
gerando conflitos em escala epidemiológica, conforme padrões e tipologias
perfeitamente identificados e estabelecidos pela Ciência Política, através da
Teoria dos Conflitos Sociais.
Há perigo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff? De imediato, não, mas, a médio
e longo prazos, a repetição das manifestações e a ausência de uma efetiva
política de comunicação oficial do Governo, para esclarecer à sociedade os
fatos relacionados à Petrobrás, e a adoção de medidas de punição dos culpados
pela bandalheira praticada contra a maior empresa estatal do País, no momento
em que o Brasil adquire certa autonomia no fornecimento do petróleo, podem
minar o campo da governabilidade e causar uma ruptura político-institucional.
É evidente que os donos da
coalizão governamental, o Partido dos Trabalhadores –PT- e o Partido do
Movimento Democrático Brasileiro –PMDB- se encontram em atrito. O PT, pela voz
do ex-presidente Lula e seus apaniguados, briga com o PMDB de Michel Temer, o vice-presidente
de Dilma, e dos presidentes do Senado, senador Renan Calheiros, e da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha.
Dilma vai apanhando a rebarba
desta briga intestina, que dificulta a aprovação de medidas do governo no
Congresso Nacional e empana os atos da Presidenta dignos de maior divulgação,
dos quais um claro exemplo é a recente inauguração do Parque Eólico Geribatu,
em Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul, o maior complexo do gênero na
América Latina, com a produção de energia para mais de 1,5 milhão de pessoas e
investimentos de 2,1 bilhões de reais. Um projeto ousado e inovador na área
energética, ignorado pela maioria dos brasileiros.
O Governo divulga mal o que Dilma
faz, limitando-se a destacar os projetos sociais assistencialistas. Mas, há outros...
É o caso do programa “Minha Casa, Minha Vida”, com a contratação de mais três
milhões de novas moradias, que se somarão a dois milhões já entregues e a 1,75
milhão em construção. A expansão industrial de 2% registrada em janeiro foi a
maior, desde 2013, enquanto que o transporte aéreo de passageiros completa 16 meses
consecutivos de crescimento. O Brasil acaba de bater o recorde - de 96,6
milhões de metros cúbicos - de produção de gás natural. A produção de petróleo subiu 20,3% em relação
a 2014. O trecho entre Anápolis (GO) e Palmas (TO), da Ferrovia Norte-Sul
(FNS), uma das principais obras ferroviárias do País, acaba de ser posto em
operação comercial. E pouca gente no Brasil sabe dessas e outras conquistas,
nas áreas da educação, saúde, transporte público, segurança, agricultura, meio-ambiente
e ciência e tecnologia, conforme mostra rápida leitura do modesto ”Blog do Planalto”.
O caso da Petrobrás, agora aguçado
pela elaboração de lista de 54 nomes mencionados pela Procuradoria Geral da
República como envolvidos nas propinas de mais de 200 bilhões de reais distribuídas
a partidos e políticos, é muito nebuloso. Comenta-se que a lista contem nomes de figuras importantes do PMDB, o que, para Dilma, pode criar uma situação mais confortável para debelar eventual conspiração endógena contra seu mandato por parte desse partido. É uma briga de foice...
Creio que somente a diretoria da empresa e o governo sabem de fato o que está acontecendo, porque a propaganda oficial, que tenta abafar e calar a cobertura dos órgãos de comunicação ao inquérito, menciona estatísticas que não combinam com o que se publica sobre o enfraquecimento da empresa, que venderá, até 2016, 13,7 bilhões de dólares em ativos para sanar o rombo que enfrenta.
Creio que somente a diretoria da empresa e o governo sabem de fato o que está acontecendo, porque a propaganda oficial, que tenta abafar e calar a cobertura dos órgãos de comunicação ao inquérito, menciona estatísticas que não combinam com o que se publica sobre o enfraquecimento da empresa, que venderá, até 2016, 13,7 bilhões de dólares em ativos para sanar o rombo que enfrenta.
Duas perguntas não se calam, diante
de tamanha roubalheira: Por que a Oposição ficou calada, desde o início do
saque à empresa? Onde ficou o fervor patriótico pela defesa da integridade do patrimônio nacional (um dos Objetivos Nacionais
Permanentes).
Na área política, cada tostão que
um político recebe de qualquer empresa é sabido por todos, porque, no Congresso
Nacional, segredo só guarda quem não sabe... Como poderia o PT receber, em 10
anos, cerca de 200 bilhões de reais, ou promover operações bilionárias no
BNDES, sem conhecimento da Oposição?
Quais os atuais critérios de vigília
do patrimônio material e imaterial do País adotados pelas lideranças patrióticas do Brasil,que
permitiram que se levasse a Petrobrás à situação atual de atraente
repasto para gigantes petrolíferas mundiais?
O Clube Militar, com sede no Rio
de Janeiro, prepara, para o dia 19 de março, manifestações em prol da moralidade,
dias depois de repudiar incitações do ex-presidente Lula à colocação do “exército”
de Pedro Stédile (do Movimento dos Sem Terra-MST) nas ruas, lembrando que “só
há um exército no Brasil, O Exército Brasileiro, o Exército de Caxias”.
O zelo pela democracia, o respeito
à Constituição e prudência ditada pelas conjunturas interna e externa fazem dos
militares atentos, mas não inertes observadores do cenário em desdobramento,
apesar de insatisfações frequentemente externadas por importantes chefes
militares.
A doença política do Brasil atual é o golpismo.
Para a esquerda, inspirada em Gramsci, seria a implantação do socialismo
utópico, ou Comunismo, nos termos do projeto do Fórum de São Paulo, uma
ditadura civil. Para a direita, seria o restabelecimento de uma ditadura
militar, inspirada na ideologia salvacionista. Pouco se fala em garantir a
democracia e a governabilidade para quem venceu as eleições, como é o caso da
Presidenta Dilma Rousseff, e muito menos se fala em quem seria colocado em seu
lugar que tivesse a capacidade de governar e garantir que o Brasil
caminhasse melhor do que vem caminhando.
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