sábado, 4 de julho de 2015

Obama aposta em Dilma até 2017


Os subterrâneos da política escondem coisas que a sociedade não vê. Isso se aplica não somente à Política como arena eleitoral e partidária do sistema representativo, mas, ainda à Política como esfera de atuação do Estado para concepção e implementação das políticas públicas.
A Presidente Dilma Rousseff foi aos Estados Unidos, recebeu as honras de Chefe de Governo e Chefe de Estado do Presidente Obama, assinou documentos de cooperação bilateral e pronunciou “boutade” como aquela que qualifica a mandioca como conquista brasileira.Pode ser que a boutade da mandioca lançada pela Presidente Dilma signifique muito mais do que aparenta... Os gaúchos têm um ditado:"Se a água da lagoa se mexe, é porque a traíra é grande."
E Washington, nada boba, tratou a visitante como se ela não apresentasse atualmente índice tão alto (cerca de 65%) de rejeição popular ao seu governo, conforme os institutos de pesquisa.
E por que a Presidenta Dilma Rousseff ainda não caiu? Não caiu porque existe em política o efeito inercial de alta e queda da popularidade do governante, pois a comunicação política –conjunto de mensagens que  circulam pelo sistema político condicionando as ofertas e demandas do sistema – ainda não comprometeu a governabilidade, cuja equação é legitimidade + eficácia. A eficácia de Dilma é baixa e compromete cada vez mais sua legitimidade.
A comunicação política, que gera a entropia e perda de governabilidade, quando os curtos-circuitos se tornam inevitáveis, ainda mantem Dilma no poder por causa do parlamentarismo branco que se instalou no Congresso Nacional, onde o presidente do Senado Federal, senador Renan Calheiros, e o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha, atuam como principais protagonistas do poder político, garantindo os fluídos da decisão política aos seus patamares mínimos de consentimento das massas.
O ex-presidente Lula ainda tem força eleitoral e capacidade de aplacar a ira de boa parte da sociedade, sendo o maior eleitor do Partido dos Trabalhadores. Essa força é que segura o avanço do Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB-, ao qual pertence o vice-presidente da República e articulador parlamentar do Planalto Michel Temer.
Em suma, o processo legislativo continua funcionando aos trancos e barrancos, ainda cumprindo seu papel de eixo do equilíbrio político-institucional. Nos Estados Unidos, esse frágil equilíbrio é importante e é de seu interesse, no momento, que não seja rompido em nome de uma mudança de êxito incerto que só perturbaria os últimos meses dos democratas na Casa Branca. Eis porque os Estados Unidos  receberam a “ex-guerrilheira” Dilma Rousseff sem torcer o nariz, ainda mais depois que Washington suspendeu seus embargos a Cuba.
Seria o fim do conflito ideológico nas Américas?  Evidente que não.  As relações entre os Estados Unidos e países como Argentina, Chile e Venezuela continuam em regime de “low profile”, não tendo surgido nenhum projeto de impacto para marcar uma nova fase de relações bilaterais com os mesmos. 
Pouco se comentou o preço que Washington cobrará para apoiar o governo de Dilma, evitando a ruptura político-institucional. Mas, o portifólio brasileiro é variado, e vai dos campos de petróleo do pré-sal ao envolvimento do Brasil com os BRICs, em especial com a China, que tem feito vultosos investimentos no Brasil– esse um fator de real preocupação para os Estados Unidos. E os democrata preferem que Dilma não saia até 2017, quando termina o mandato de Obama.
 

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