O Papa Francisco denunciou a “eutanásia
cultural” que se pratica hoje contra os jovens e os idosos, isolados na
sociedade diante do culto ao dinheiro, à fama, e ao poder. O Sumo Pontífice, em
visita ao Brasil, conclamou os jovens a irem às ruas e reivindicar: 'Os jovens têm que sair fazer-se valer, lutar pelos valores, e
os velhos têm que abrir a boca e os ensinar e transmitir a sabedoria dos
povos'.
Os idosos no Brasil- os que têm
60 ou mais anos de idade - somam hoje 14,5 milhões, número que corresponde a
8,6% da população, podendo ultrapassar, nos próximos 20 anos, 30 milhões, quase
13% da população, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- IBGE-. As mulheres são maioria, 8,9 milhões.
Francisco sabe que o papel dos
idosos, fragilizados no País, é fundamental para o equilíbrio social e que os
quase 6,5 milhões de internautas da terceira idade , do total estimado em 94,2
milhões de internautas brasileiros, têm participação
ativa na Internet. Nas manifestações de rua, em junho, a terceira idade ajudou
a mobilizar a população, por meio das redes sociais e dos principais sites.
O Estatuto do Idoso, aprovado em
2003, representa um avanço no reconhecimento das necessidades dos idosos,
especialmente na fixação de direitos de cidadania, mas o preconceito social e
no mercado de trabalho pode ser constatado no dia-a-dia, dentro da concepção de
que é melhor investir nos jovens do que nos idosos, não obstante a existência
de significativo número de idosos que são arrimos de família.
Tratamento especial, nos
estabelecimentos bancários e comerciais, transportes urbanos e eventos públicos
é uma prática ainda incipiente no Brasil. O espaço público é hostil aos idosos
e à também às crianças, pela violência urbana e pelo próprio preconceito cultural, acentuando-se
a indiferença contra essas duas faixas etárias nos campos do lazer e
entretenimento, nos quais faltam políticas públicas e legislações adequadas à
inserção social da criança e do idoso, vítimas do confinamento, da solidão e
dos maltratos por familiares e estranhos.
Os jovens têm os fantasmas do
primeiro emprego e do desemprego a assustá-los, mas ocupam amplamente o espaço
público, o lazer e o entretenimento, de acordo com uma cultura excludente das
crianças e dos idosos, que são relegados ao espaço doméstico – espécie de gueto
social, onde o cair da noite, comumente, é um convite para a televisão, a
internet e o sono...Poucas opções de cinema, teatro, recital, jogos de lazer,
espetáculos artísticos e eventos culturais para crianças e idosos de baixo
poder aquisitivo...
É mais ou menos assim no Brasil e
nos demais países da América Latina e Caribe, regiões que terão cerca de 100
milhões de idosos em 2025 e 190 milhões em 2050, em meio a enormes desafios nas
áreas da saúde, previdência e assistência social, diferentemente do que ocorre nos países mais desenvolvidos, segundo
alertam estudiosos desse tema.
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