A pesquisa recente da Confederação Nacional
da Indústria –CNI- e do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística -
IBOPE-, que aponta uma queda de 6% no índice de popularidade da Presidente
Dilma Rousseff, não altera sua condição de favorita à reeleição em 2014,
quaisquer que sejam os candidatos que ela deverá enfrentar.
As pesquisas e demais sondagens
de tendências da opinião pública têm seu valor indicativo, principalmente no
mercado publicitário, mas em política seus efeitos são modeláveis para quem domina
o poder e tem a caneta para nomear e demitir funcionários públicos, prender e
soltar cidadãos e contingenciar ou liberar recursos orçamentários para os
políticos, além de outros poderes quase imperiais característicos dos
Executivos da América Latina.
O perigo maior para a reeleição
de Dilma não vem, portanto, das estatísticas, mas, sim, de dois fatores
negativos de seu relacionamento com o Congresso Nacional. Em primeiro lugar, o distanciamento
que mantem com as lideranças dos partidos da base de apoio parlamentar, que não
se entusiasmam com a coordenação política da ministra das Relações Institucionais,
Ideli Salvatti.
Não que faltem a Ideli Salvatti
qualidades para efetuar negociações e cumprir sua missão, mas o fato é que os
acordos de liderança no Congresso são instituições do procedimento legislativo
que ganharam, ao longo dos anos, uma força que ultrapassa às formalidades do
processo legislativo e comanda as comissões e
os plenários, em especial nos dias de votação de matérias delicadas,
como os vetos presidenciais às medidas provisórias, as decisões orçamentárias e
matérias específicas, como a lei dos portos.
Os líderes não se contentam em negociar com uma ministra, quando querem ser prestigiados pela Presidente, até mesmo por uma questão de prestígio dentro dos partidos e junto aos seus correligionários e nas bases eleitorais. E Dilma tem governado à distância dessas lideranças, cometendo a mesma imprudência que derrubou o Presidente Fernando Collor.
Outro fator negativo é que, por
conta desse distanciamento, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro –
PMDB-, que controla as duas casas, o Senado e a Câmara, se transformou no peso
decisivo do governo de coalizão com o Partido dos Trabalhadores.
O
vice-presidente Michel Temer, do PMDB, tem prestígio no Congresso Nacional e,
graças ao mesmo, o PMDB socorreu a Presidente Dilma na aprovação da lei dos
portos. Nem a presença do ministro da Educação, Aloisio Mercadante, do PT, nas
viagens oficiais da Presidente Dilma ao exterior, tem conseguido compensar a perda
de substância de poder do PT, principalmente a partir do processo do “Mensalão”
do governo Lula.
A sinergia do governo de coalizão vai se esvaindo nesse “buraco
negro” que engole Dilma no Congresso
Nacional, e com ela o próprio PT, e não há solução à vista para esse problema,
diante dos problemas econômicos que vão se avolumando: Aumento da inflação,
carestia da cesta básica, crescente e elevado custo do assistencialismo via diversas bolsas e gastos elevados com a
Copa do Mundo.
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