quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Bendito "hiperpartidarismo"!


O ministro Ricardo Lewandowski, do Tribunal Superior Eleitoral, usou um neologismo -“hiperpartidarismo”- para definir a situação do sistema partidário hoje no Brasil, que registra 29 partidos oficiais. Há mais 32 partidos em processo de legalização, dois com processo de registro nacional em tramitação no TSE e mais cinco com registros em tribunais regionais, sem registro nacional. Total: 68 partidos.

Dos 29 oficiais, 17 são de centro, liberais e conservadores, 12 são de esquerda, o que denota certo equilíbrio de forças ideológicas, que não é afetado  pela ideologia dos outros 39 partidos ainda sem registro oficial, que também se equilibram.

O tom de Lewandowski é de crítica, mas, penso que uma crítica sadia,sem lamento. Num país que tem cerca de 135,8 milhões de eleitores, cada partido, numa divisão simples, ficaria com cerca de dois milhões de eleitores, um contingente superior à população de muitas capitais brasileiras e de alguns países.

Se 39 partidos não têm representação no Parlamento, não participam do jogo direto,  isso não significa que não tenham expressão política, pois exercem influência indireta na decisão política, principalmente nos municípios.

Poucos países se igualam ao Brasil em quantidade de partidos políticos e o único que o supera são os Estados Unidos, que têm 73 partidos, embora somente dois, o Republicano e o Democrata, se alternem na Presidência e uns cinco ou seis lancem candidatos ao governo.

A representação política se faz com eleitores, votos, candidatos e partidos políticos, e no Brasil ela tem algumas palavras-chaves, como pluripartidarismo-pluralismo ideológico-diversidade cultural. Eis uma riqueza política brasileira pouco observada em conjunto pelos estudiosos.

Pluripartidarismo que reflete os grandes desequilíbrios sociais de um país de muitas visões e muitos discursos, porque o partido político, por mais deficiente que seja, é tradutor da realidade nacional em suas manifestações mais ambíguas ou precisas. Por isso se exige um percentual nacional mínimo de afiliados para registro partidário, para que não fique o partido marcado pelo viés regional.

Pluralismo ideológico que mistura, nos governos de esquerda do PSDB e do PT, gente oriunda do regime militar, como o senador Marco Maciel, vice de FHC, o senador José Sarney e alguns afilhados seus (o ministro Edson Lobão, das Minas e Energia, é um deles, e entrou para a política,quando jornalista, com as bênçãos do Presidente Geisel).

Diversidade cultural que encanta a todos os estrangeiros que visitam o Brasil e percebem, viajando por uma ou duas capitais, que o país tem cores, sons e sabores múltiplos, para todos os gostos, na mistura das raças que compõem o seu povo e na variedade de nacionalidades que integram a sua população.






Nenhum comentário:

Postar um comentário