quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Não ficará pedra sobre pedra...

General Torres de Melo
Magistrados e investigadores norte-americanos já calculam que a Petrobras corre o risco de levar uma multa próxima de US$ 5 bilhões, caso seja condenada com base no Foreign Corrupt Practices Act - Lei contra Atos de Corrupção no Exterior (FCPA, na sigla em inglês)
Caso a condenação se efetive, e o valor não seja pago, a empresa fica sumariamente afastada do acordo de globalização corporativa e impedida de negociar ADRS na Bolsa de Nova York. Se tal condenação for imposta nos EUA, investidores "minoritários" promoverão enxurradas de ações judiciais  pedindo ressarcimento de prejuízos.
Multas pesadíssimas também podem ser aplicadas, em caso de condenação, aos dirigentes da empresa. Condenados criminalmente lá fora, ficam passíveis de  prisão se deixarem o território brasileiro. Integrantes da informal  "Associação de Juízes Anticorrupção" esperam convencer especialistas norte-americanos que existe a possibilidade concreta de o Conselho da Administração da Petrobrás, do qual fazia parte a presidente Dilma Rousseff, e do Conselho Fiscal, também serem incriminados nos EUA, junto com o corpo de executivos da Petrobras.
Esta é a grande dúvida dos processos civis e criminais tocados com apoio do Departamento de Justiça dos EUA contra a Petrobras. Há alguns dias, por força legal e de mercado, a Petrobrás foi obrigada a informar ter recebido, no dia 21, uma notificação da Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais norte-americano, requerendo documentos sobre a operação Lava-Jato.
A estatal de economia mista garantiu que eles serão enviados após trabalho com o escritório nacional Trench, Rossi e Watanabe Advogados e com o americano Gibson, Dunn & Crutcher, já contratados para fazer investigação  interna independente.
Conforme o Alerta Total revelou, na recente conversa com altos diplomata dos EUA com Dilma Rousseff, durante o G-20 na Austrália, a Presidenta brasileira foi advertida de que a situação era delicada, porque a Petrobrás era alvo de investigações pelo Departamento de Justiça e da Securities and Exchange Commission - a SEC.
 Os norte-americanos reclamam, sobretudo, da "falta de humildade" de Dilma para tratar do assunto que envolve diretamente o nome dela, já que foi  presidente do Conselho de Administração da Petrobras na gestão Lula da Silva. Dilma e outros membros dos Conselhos de Administração e Fiscal correm risco de processo.
Mesmo risco das empresas de auditoria PriceWatherhouseCoopers e KPMG Auditores Independentes que assinaram balanços da estatal, sem qualquer ressalva, durante o período investigado pela Lava Jato - e agora, também  pelos norte-americanos.
O pavor dos corruptos brasileiros aumenta porque os investigadores dos EUA prometem fazer um pente fino em operações de subsidiárias e coligadas. Um alvo direto é a PFICO (Petrobras International Finance). A empresa sofreu uma estranha cisão parcial por decisão da Assembleia Geral da Petrobrás, em 16 de dezembro de 2013. Outro "target" é a Petrobras Global Finance B. V. – uma caixa preta sediada em Rotterdam, na Holanda. Por causa da Lava Jato, os investigadores também cuidarão de uma pouco conhecida coligada situada em um paraíso fiscal: a Cayman Cabiúnas Investment.
Os norte-americanos têm outros alvos bem definidos. O principal deles é a compra da refinaria de Pasadena, no Texas. Investigadores acenam com a forte suspeita de que a empresa tenha sido adquirida em uma mera operação de lavagem de dinheiro. Também entram na rigorosa apuração as obras da refinaria de Abreu e Lima (PE) e do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj).
Nos EUA, gera condenações à prisão ou multas milionárias o pagamento de comissão a funcionários públicos para obtenção de vantagens comerciais ou licenças para construção. Um magistrado brasileiro, membro da "AJA", ironiza: "A Presidenta Dilma tem toda razão. Não vai ficar pedra sobre pedra"...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Momento decisivo

 
 
Adriano Benayon *
 
1. O momento é decisivo, pois exige resposta urgente da sociedade:  aproxima-se o ponto  da irreversibilidade do processo de exploração predatória do povo brasileiro e de seus recursos naturais.
 
2. Nos últimos 60 anos, a oligarquia mundial tem regido sucessivos golpes – com e sem participação militar – para desnacionalizar a indústria e  impedir o desenvolvimento tecnológico do Brasil.
3. Desse modo, os carteis financeiros e industriais transnacionais  lograram alcançar extrema concentração de poder econômico em suas mãos, o que lhes proporcionou também o  crescente controle do sistema político, abrangendo todos os poderes do Estado.
4. Só os que não se indagam sobre a essência das coisas, iludem-se com as aparências da democracia supostamente instaurada em  1988.
5. A Constituição foi produto híbrido das articulações reacionárias do Centrão e de avanços democráticos. Só que a maioria destes se tornou letra morta. Além disso, os mais importantes foram suprimidos por emendas constitucionais.
6. Outra não poderia ter sido a evolução (involução), dadas as relações de poder real, correspondentes às estruturas de mercado, econômicas e financeiras, caracterizadas pela concentração e pela desnacionalização, muito grandes desde o final dos anos 60.
7. Esse quadro não cessou de se agravar, foi acelerado, de 1990 a 2002, e prossegue em marcha.
8. Isso lembra o conceito de enteléquia, de Aristóteles: um  princípio de “desenvolvimento” ou programa (como um software), que contém, desde a origem, os elementos conducentes à sua plena realização. No caso, um processo de degradação, como uma doença degenerativa.
9. Na Constituição promulgada em 1988, há, pelo menos, dois pontos incompatíveis com a soberania nacional:  o artigo 164 e a inserção fraudulenta –durante o processo da Constituinte - do acréscimo ao art. 166, em seu parágrafo 3º.
10. O art. 164 sujeita o Tesouro – portanto a União Federal e o próprio País – a endividar-se junto aos bancos privados e demais concentradores de capital, pois: 1) dá ao Banco Central a competência exclusiva para emitir moeda; 2) o dinheiro que o BACEN cria, só o pode repassar aos bancos privados, sendo proibido de provê-lo ao Tesouro ou a qualquer ente público.
11. O acréscimo ao § 3º do art. 166 (“excluídas as que incidam sobre: a) ...; b) serviço da dívida; c) ...”) libera os juros e amortizações da dívida  dos requisitos a que estão sujeitas outras despesas para serem autorizadas.
12. Em consequência desses dispositivos e do desequilíbrio nas relações de poder econômico e político, o serviço da dívida já nos custou, de 1989 a 2014, em moeda atualizada, mais de R$ 20 trilhões. Sim, mais de R$ 20.000.000.000.000,00, o equivalente a quatro PIBs de 2014.
13. Apenas doze dealers (10 bancos e duas distribuidoras de títulos) determinam as taxas efetivas dos juros dos títulos públicos vários pontos percentuais acima da já injustificadamente elevada SELIC, novamente em aumento, todo mês, desde novembro.
14.  Embora só uma parte dos mais de R$ 20 trilhões tenha sido paga com recursos tributários, a maior parte é paga com a emissão de novos títulos do Tesouro. Por isso,  a dívida mobiliária interna cresce sempre e ultrapassou R$ 3 trilhões.
15. Muitos dos manipuladores da opinião publicada (como diz o ex-ministro Roberto Amaral), negam os números reais do serviço da dívida, pretextando que ela se paga com novos títulos do Tesouro, mas, se fossem coerentes, deveriam negar também a própria dívida, pois foi assim que ela cresceu.
16. Além do serviço da dívida, há mais mecanismos – também  escondidos do conhecimento público - através dos quais o Brasil se descapitaliza em dezenas de trilhões de reais, a cada ano, e transfere  renda em favor dos concentradores, principalmente os sediados no exterior, estrangeiros e brasileiros.
17. Em contraste, escancaram-se e magnificam-se, perante o público, casos de corrupção na Petrobrás e nas empreiteiras, a fim de fulminar o que resta da indústria e da tecnologia nacionais.
18. Esses são casos reais, e sua repetição tem de ser coibida, punindo exemplarmente todos os indivíduos responsáveis e sem privilegiar os corruptíssimos delatores premiados.
19. Mas isso não será viável, sem modificar profundamente o presente sistema político, em que as instituições e os  partidos estão viciados no fisiologismo.
20. As eleições são movidas a dinheiro grosso e  pela corruptíssima grande mídia, que abusa da exposição sensacionalista da corrupção, inerente ao sistema, como arma a serviço dos interesses da oligarquia transnacional. E as propostas só tem chances de ser aprovadas no Congresso, à base do “é dando que se recebe”.
21. É imperioso fortalecer a Petrobrás, o maior dos patrimônios do País, bem como os conglomerados privados nacionais que desenvolvem valiosas tecnologias, como fornecedoras da Petrobrás e prestadoras de bens e serviços em áreas de igual significação estratégica.
22. Não fazê-lo implica decretar a queda do Brasil à condição de subdesenvolvido irrecuperável, intensificando a política que vem destruindo o País, ao eliminar seu capital humano e moldar a infra-estrutura segundo o interesse dos carteis transnacionais estrangeiros.
23.  O modelo subjacente a essa política determinou nulo ou pífio crescimento do produto interno bruto (PIB), nos últimos anos, e ele  teria sido  muito negativo,  não fossem os desempenhos da Petrobrás, da mineração e da agricultura.
24. Ora, isso reflete a desindustrialização, subproduto da desnacionalização da economia, que se manifesta brutalmente, fazendo o Brasil regredir,  de modo  devastador, à infra-estrutura colonial  e desintegrar economia nacional
25. O minério de ferro  é explorado, há decênios,  em quantidades absurdas, mesmo considerando as fabulosas reservas do País, de resto, desnacionalizadas, desde a privatização da Vale do Rio Doce, em 1997.
26. A Vale, que tem 85% da produção brasileira, planeja chegar a 450 milhões de toneladas/ano até 2018.  A exportação do Brasil atingiu 340 milhões de tons/ano em 2014.
27.  O que fica no País são buracos e poluição,  inclusive no caso dos minerais estratégicos como o nióbio e o quartzo, cujos produtos finais são importados por cerca de cem vezes o preço dos insumos exportados, afora o descaminho desses minérios e dos preciosos.
28. Enquanto a produção de bens de alto valor agregado retrocede, a primária cresce. Um dos maiores escândalos é a soja a ocupar  50% das terras em uso. De sua produção (90 milhões de toneladas),    80% são exportados sem processamento e 10% transformados em produtos de baixo valor agregado, como o farelo.
29. Sobra para o Brasil o empobrecimento dos solos, com emprego excessivo de fertilizantes químicos e de agrotóxicos, gasto descomunal de água, além da poluição de solo e águas.
30. Em suma, a desnacionalização da economia -  dominada por carteis aqui instalados e por suas matrizes no exterior - acarreta prejuízos anuais  ao País assim estimáveis:
 
1)   diferença entre a taxa de juros efetiva da dívida pública e a  adequada: 0,13 [13%] x R$ 2,5 trilhões =  R$ 320 bilhões; 2) diferença entre a taxa média dos juros, no crédito às empresas e pessoas físicas, e a que deveria prevalecer: 0,2 [20%] x R$ 2,6 trilhões = R$ 520 bilhões; 3) sobrepreços nos bens e serviços produzidos para o mercado interno = 80% do PIB = R$ 4,2 trilhões; 4) sobrefaturamento das importações de produtos finais e insumos para a indústria, e de serviços: 60% de US$ 229 bilhões  (bens) = US$ 137,4  x 2,8 = R$ 385 bilhões + R$ 115 bilhões (serviços) = R$ 500 bilhões; 5) subfaturamento das exportações: 50% de US$ 225,1 bilhões = US$ 112,5 bilhões x 2,8 = R$ 315 bilhões; 6) perdas na relação de troca (terms of trade), devidas à primarização da economia: importar, por preços até cem vezes superiores,  bens acabados produzidos  com matérias-primas exportadas a preço vil.
 
31. O item 6 é difícil de quantificar, mas corresponde certamente um múltiplo (2 ou 3) do presente valor do comércio exterior do País, a que se  deve aplicar outro múltiplo (no mínimo, 10) decorrente de comparar o atual PIB, com o que teríamos, se o País não se tivesse submetido ao modelo dependente, desde os anos 50:  R$ 800 a 1.200 bilhões x 10 = R$ 8 trilhões a R$ 12 trilhões anuais.
32. Mesmo sem adicionar o item 6, que equivale ao dobro dos cinco anteriores, a soma destes  totaliza R$ 5,85 trilhões, cujo cálculo não é exagerado: embora possa conter algumas duplas contagens,  aplica alguns percentuais provavelmente subestimados.
33.  As perdas acima resumidas incidem a cada ano. Não incluem as pontuais, como as enormes transferências fraudulentas para o exterior através do BANESTADO nos anos 90, nem os prejuízos superiores a R$ 50 trilhões, decorrentes das privatizações de FHC, afora os que prosseguem, desde então, em função delas.
* - Adriano Benayon é doutor em economia pela Universidade de Hamburgo e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.
 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Proibido ser pequeno


Jaime Sautchuk

A cultura ocidental, da acumulação, prega a idéia do crescimento, das coisas grandes, mas, no Brasil, essa visão ganhou dimensão ainda mais forte na relação do ser humano com a natureza. Nas aglomerações urbanas, nos negócios, nas moradias, em tudo está cravado um estigma: É proibido ser pequeno.
É certo que a população brasileira aumenta freneticamente, por mais que haja um controle espontâneo da natalidade em parcela da sociedade. Estamos crescendo a taxas que resultam em quase três milhões de novos viventes por ano.
Ou seja, todo ano adicionamos o equivalente a uma cidade de Salvador, a capital dos baianos, aos nossos índices. E a taxa de mortalidade segue o sentido inverso, como resultado dos avanços científico-tecnológicos e da melhoria da qualidade de vida tupiniquim.
No entanto, esse fato não justifica o preconceito contra a dimensão adequada dos elementos que compõem a vida nos espaços da Terra. A tecnologia deveria influir no rumo contrário, mas nem sempre é assim, pois um de seus focos é a redução da presença humana na produção de bens, por meio da automação, nas cidades e no campo. 
Na área rural, as máquinas substituem o braço humano nas lavouras, mas essas ficam cada vez maiores, tirando a terra do pequeno, que vai pras cidades virar sem-terra, sem-teto, sem-nada. Há menos de cem anos, uma vaca dava um litro leite por dia, mas agora dá 30 e mesmo assim a maioria dos ruralistas mantêm a média de uma rês por hectare de chão, como era um século atrás.
Nas cidades, o empresário é forçado a expandir o seu negócio sem limites. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por exemplo, já nos seus estatutos determina que seu suporte visa fazer com que o micro deixe de ser micro.
O cara do carrinho de cachorro-quente tem que sonhar com um caminhão truck lunch, senão não terá futuro. Não interessa se o carrinho já lhe dá um sustento digno.
Nas próprias moradias, as classes mais abastadas fazem casas, mansões ou mesmo apartamentos enormes, exagerados, com cômodos desnecessários. É comum vermos pessoas que raramente visitam partes de suas habitações – e nem se tocam que ao seu redor há milhares de famílias que viveriam felizes naqueles espaços vazios.
As áreas urbanas, por sua vez, são acometidas de complexo de inferioridade se não tiverem novas ruas, novos bairros a cada ano, ainda que não tenham redes de água e esgoto, nem onde depositar lixo. Salvam-se algumas tombadas como patrimônio histórico, como se apenas as coisas muito velhas representassem nossa história.
Com essa volúpia, lá se vão as áreas verdes, os cursos d’água, lagoas, a fauna e a flora, enfim. Nem campos de pelada existem mais, tal a ganância da especulação imobiliária.
O mais grave, no fim das contas, é que a dimensão da existência humana é colocada nas aparências, não em seu conteúdo ou consistência. É, pois, uma visão autocorrosiva, sem grande porvir.

O Xadrez Geopolítico Mundial

Gélio Fregapani(Membro da Academia Brasileira de Defesa)
Cada país joga o seu jogo, mas os Grandes players são os EUA e aliados contra Rússia, enquanto os “peões” servem a um ou outro lado, as vezes visando seus próprios objetivos.
 
Num lance do jogo, há anos atrás, já, tinha sido decidida pelos EUA uma guerra contra a Síria para abrir o caminho para o Irã e controlar as reservas de gás, momentaneamente impedido pela Rússia, a criação do ISIS( Estado Islamico) afetou as prioridades, sem alterar o objetivo final.
Reconhecendo o ISIS como um perigo maior do que um governo hostil na Síria, os EUA realizam alguns ataques aéreos para conter o avanço do ISIS enquanto equipam oposicionistas “moderados” para os combaterem e posteriormente derrubar o governo sírio.
O fanatismo dos combatentes do Estado Islâmico é um câncer e como tal se alastrará. Não se pode vencê-lo com charges e piadinhas, como não se extirpa um câncer com aspirinas, somente será contido com uma ação conjunta da Cristandade, tal como aconteceu nas Cruzadas, mas aparentemente o Ocidente, como um todo, não se deu conta do perigo representado pela atratividade de um califado sobre os muçulmanos nem sobre a superioridade moral sobre um Ocidente hedonista, descrente e efeminado. Menos ainda se deu conta da diferença da taxa de crescimento demográfico que ameaça inundar de maometanos quase todos os países ainda cristãos.
Entretanto, no momento, o embate principal realiza-se na Ucrânia. Enquanto a OTAN procura se aproximar da fronteira da Rússia e esta tenta afastá-la e proteger sua minoria naquele país, talvez aproveitando para ampliar seu território. A Ucrânia alia-se à OTAN para manter sua integridade territorial e a tentar (missão impossível), dominar a força uma minoria hostil e reativa. Em curto prazo esse é o único cenário onde um passo em falso pode desencadear uma guerra mundial.
Na América Latina, os EUA maquiavelicamente incentivam a derrubada dos governos hostis, aproveitando a indignação popular com a irrefreável corrupção; e estão, aliás, com habilidade, mais próximos de controlar os recursos naturais que ainda não controlam. Para isto contam com o inestimável auxílio dos movimentos indianistas e ambientalistas orientados pelas suas ONGs.
Enquanto isto a China, sorrateiramente acumula riqueza, poder, usando com perfeição os métodos nacionalistas e protecionistas e tende a se transformar no principal poder mundial.
Quanto ao nosso País, mesmo sem armamento nuclear é uma peça chave no hemisfério Sul, mas sem uma vontade unânime acaba por ser conduzido pelos interesses dos outros. A hostilidade aos EUA do atual Governo não toca nos pontos importantes que são a atuação das ONGs e o orgulho nacional que poderia ser criado pelos altivos “desaforos” da Dilma que ficam anulados pela subserviência dela aos “parceiros” da piada que é a UNASUL.
Para os EUA o importante é evitar o fortalecimento dos laços de aproximação com os BRICS, não tanto pelo Brasil mas para minar potencial econômico do bloco. Para a Rússia e China, além dos recursos naturais interessam desmanchar o tabuleiro geopolítico desenhado pelos EUA desde a II Guerra, contando com o Brasil como um aliado quase incondicional.
A união faz a força. Já a desunião...
Já diziam os filósofos gregos que a democracia com corrupção degenera em demagogia e que isto termina por exigir um governo forte que ponha ordem na sociedade. A nossa História parece comprovar esta assertiva.  Foi só entregar o poder para os políticos e deu no que está aí.
Sucederam-se ineptos, traidores e ladrões. Com Sarney teve impulso a compra de votos e com Collor, mais do que a corrupção avultou a traição à Pátria na questão ianomâmi, traição que, com FHC tomou um vulto nunca igualado.
Após, com a eleição de indivíduo reconhecidamente inepto e demagogo – o Lula, a corrupção se espalhou em todas as camadas da classe política e à sua sucessora, ainda que melhor intencionada, faltou um mínimo de habilidade; ensaiou uma faxina ética e teve que recuar em nome da “governabilidade”, ensaiou medidas econômicas nacionalistas e recuou ante as pressões da oligarquia financeira internacional, mas mesmo cedendo, aquela oligarquia decretou sua queda.
A Presidente, além de incompetente, acuada ao extremo, nada consegue fazer além de tentar sobreviver, vendendo até a alma. Por sua história de guerrilheira não soube pedir o apoio dos militares para que a garantissem contra as pressões advindas da corrupta politicalha quando contrariada e das pressões internacionais. Ao contrário, Dilma permitiu humilhações a eles como a Comissão da ”falsa” Verdade e a colocação de um inimigo como Ministro da Defesa afastando assim os únicos que poderiam protegê-la.
Na hora em que ela poderia amparar-se no nacionalismo dos militares faltou-lhe a vontade viril transformadora inibida por sua história esquerdista. Agora que até a opinião pública a repudia, está perdida. Ou sofrerá um impeachment ou será neutralizada e dominada pelas forças que ensaiou combater.  Quanto ao Legislativo, que só pensa em tirar vantagem, o sorvedouro de recursos é algo estarrecedor. O Poder Judiciário está dobrado e corrompido em nível medular.
A saúde econômica do País ingressa em um período difícil, em parte pela inépcia governamental, em parte pela corrupção generalizada, mas principalmente pela atuação da oligarquia internacional que, atuando maquiavelicamente no complicado xadrez mundial, cria as condições para se apropriar do petróleo e outras riquezas, pelas beiradas, de forma a dificultar uma possívell reação. Tenta colocar no governo um novo FHC.
Por último, mas não por fim, a insegurança no campo e nas cidades, o acovardamento da população desarmada e ensinada a não resistir prepara a nação a ceder ante qualquer ameaça, (Guerra de 4ª Geração), que nos deixa ainda mais vulneráveis do que nossa debilidade militar.
O merecido descrédito político ,somado à permanente sensação de insegurança, tirou a esperança dos brasileiros.  Não há condições de mudar nada no nosso País.  Ninguém sabe de nada, ninguém quer nada, um autêntico carnaval travestido de Semana Santa .O Governo, como está, não pode persistir, é clara a aspiração de mudança, mas qual, se dentro da legalidade não se vê nada melhor?
Fosse somente um problema interno ,terminaríamos por seguir a teoria do sábio grego e resolver o problema com um governo forte, mas a orientação externa é de impedir, a qualquer custo, o surgimento aqui de uma potência que possa agir com independência e contam com o auxílio de legiões de compatriotas que, no afã de derrubar um mau governo ,estão dispostos a prejudicar o País, o que é uma tolice evidente. 
Uma nação pode sobreviver até aos gananciosos, mas terá dificuldade para superar os danos causados pela tolice aproveitada pelo inimigo externo, se for grande o número de ingênuos que não visem em primeiro lugar ao interesse nacional. Estamos em dificuldades reais. Pior ainda, não acreditamos em nós e apreciamos falar mal de nós mesmos. Ainda o pior de tudo, estamos desunidos.  Já se disse que uma casa dividida não se sustenta em pé.
Sem noção
1- Rodrigo Janot, o Procurador Geral da República, está em Washington, para falar mal da própria Pátria. Parece que o objetivo é ajudar seus colegas americanos a ferrar a Petrobrás. Janot é o mesmo que, ao discursar na abertura do ano legislativo, se referiu à revisão da lei da anistia, citando o parecer da revanchista comissão.
2- O Exército Brasileiro foi e é ainda um dos grandes culpados do desarmamento civil, portanto, não somente do morticínio de cidadãos indefesos ,como do acovardamento geral da nação pela cooperação com o incentivo a “não resistência”. É muita ingenuidade. Na Amazônia ,fala em Estratégia da Resistência, mas como com o povo acovardado? Que guerra ele quer ganhar? Que tome  consciência das consequências do que faz”.
3-É de uma ingenuidade de estarrecer o internacionalismo dos nossos governos. Poderíamos ter construído a hidrelétrica de Itaipu totalmente em nosso território, nas Sete Quedas. Optamos por ajudar o Paraguai com uma sociedade e deu no que deu. Durante o governo tucano, optou-se por favorecer aos cartéis norte-americanos e no governo petista a financiar obras em outros países. Agora se pensa fazer uma hidrelétrica no rio Uruguai, juntamente com a Argentina. Será que nunca aprenderemos?
4-Todos reclamam da queda de preço das ações da Petrobras. Então por que não recomprá-las? Parece que o George Soros as está comprando.
5-Todos são iguais perante a Lei, mas os índio são melhores e tem mais direitos. Aliás os negros também tem seus privilégios, mas os mais diferenciados são os gays. Sobre esses talvez seja proibido até dizer que são privilegiados pela Lei.
6-A punição maior para os Juízes condenados por crime ou corrupção é a aposentadoria imediata com vencimentos integrais
Dilma isolada
A Presidente está sem noção de “o que fazer”. Isolada, encurralada, sem base parlamentar nem apoio social, contestada até dentro do PT, com um novo esqueleto no armário aflorando a cada dia, tudo tende a piorar. A rigor Dilma teria uma chance: Fazer uma faxina radical, mas para isto precisaria de decidido apoio militar para evitar que o Congresso a tire no mesmo dia que começar a faxina. Esse apoio é difícil de conseguir mantendo um inimigo das Forças Armadas no Ministério da Defesa.
Os apagões e a Marina
Claro, o setor elétrico tem outros problemas, mas o seu subdimensionamento e vulnerabilidade à seca não teria a dimensão atual se sucessivos governos não tivessem se curvado às pressões do aparato ambientalista-indigenista internacional, em sua insidiosa campanha contra o desenvolvimento da infraestrutura física do País, que se assemelha a uma virtual guerra econômica permanente.
No setor energético, esse aparato intervencionista é diretamente responsável por: 1) atrasos, encarecimentos e até mesmo cancelamentos de numerosos projetos, principalmente, de usinas hidrelétricas e 2) uma reorientação nos critérios de projeto das usinas hidrelétricas, reduzindo drasticamente os seus reservatórios, para privilegiar os chamados empreendimentos "a fio d'água" - com a consequente redução da capacidade de armazenamento de água, para fazer frente a secas prolongadas.
É certo, estamos em meio de uma guerra econômica, mas o inimigo tem aliados nacionais, uns enganados por uma propaganda eficiente, outros traidores mesmo, comprados ou não. A principal é  Marina Silva, a queridinha da casa real britânica. Essa pessoa já causou mais dano ao nosso País do que os corruptos somados e com a provável queda do Governo atual pode vir a assumir uma posição onde cause ainda mais dano. Quem sabe em novas eleições, com o apoio da imprensa internacional, venha a ser a nova presidente.
O interesse nacional tem de falar mais alto.
A situação é preocupante. Colocados ativistas políticos nos postos chave, estes aproveitaram suas funções para roubar, roubar para o partido e para si mesmos. Estes canalhas (a maioria do PT), merecem, sim, a pena capital, mas eles, não as empresas, como a Petrobras, que já ficou muito prejudicada e para piorar a situação o preço do petróleo segue em queda, provavelmente, respondendo também a fatores geopolíticos. Se o preço cair abaixo de 45 US$ por barril o pré sal deixa de ser lucrativo.
Com a instabilidade política atual ,persiste o assédio para que se desnacionalizem as poucas grandes empresas públicas e privadas que ainda lhe restam, sendo o principal ataque, naturalmente, sobre a Petrobrás  essa campanha encontra eco em pessoas que não enxergam o prejuízo que isto significaria.
 A Petrobrás é a espinha dorsal do desenvolvimento industrial brasileiro. A cadeia produtiva e comercial do petróleo e do setor naval representa mais de 10% do nosso produto interno bruto, constituindo a principal ancora da indústria de bens de capital.  É uma empresa criadora e difusora de tecnologia, de investimentos e de produtividade que beneficiam toda a economia.
Foi graças aos seus esforços que se descobriu as reservas do pré-sal e é ainda graças à sua tecnologia original de produção que o Brasil já retira do pré-sal, em tempo recorde 700 mil barris diários de petróleo, que brevemente alcançarão mais de 2 milhões, assegurando autossuficiências e a exportação de excedente. Entretanto, só o corte de investimentos previsto, da ordem de 30%, já provocará impacto negativo de 1 ponto percentual no PIB, sem contar a queda na arrecadação tributária, aumento do desemprego e outras consequências nefastas para uma economia já combalida.
A perda de know how já é difícil de mensurar. O prejuízo que causaria a destruição da Petrobrás então seria inimaginável.  O desgaste e a desnacionalização da Petrobrás interessam a muita gente, mas não ao Brasil.
Há quem esteja convencido de que, sem ruptura institucional completa, não há esperança de o Brasil deixar de continuar afundando, com a corrupção desenfreada, mas mesmo para isto não é preciso acabar com a Petrobras e nem derrubar a economia. Além disto os postulantes parecem ser da mesma laia, sendo que alguns, para tomar o poder, se declaram simpáticos a certa privatização, mesmo que os novos donos sejam estrangeiros. Esses são ainda mais perigosos do que os corruptos.
Obs: O mundo não para no carnaval
Deus nos proteja!

Pílulas do Vicente Limongi Netto


Conselho a Dilma
Mando um conselho de graça, urgente e desinteressado para a Presidenta Dilma: Demita, jogue na lata do lixo, mande para o inferno, o sexteto de notáveis de araque que a senhora insiste em manter perto de si. Timeco de incompetentes, arrogantes e inúteis. Aloisio Mercadante é o pior deles. Não se sabe por que, a senhora encantou-se por ele. Antipático, se julga com o rei na barriga. Não perca mais tempo. Comece a conversar, pessoalmente, com a dupla de políticos que têm competência para tirá-la do sufoco e do inferno astral: Deputado Eduardo Cunha e Senador Renan Calheiros. Sem o apoio deles a senhora ainda vai sofrer um bocado.
Convença-se, de uma vez por todas, que a senhora meteu-se neste oceano de enrascadas por culpa, obra e graça do seu partido, o PT.  Caia em si, Presidenta Dilma e admita: Trate logo de amar, com candente paixão, Eduardo Cunha e Renan Calheiros. O Congresso está em pé-de-guerra com o Palácio do Planalto. O indócil vespeiro de marimbondos encrostado na Câmara e no Senado só ouve e respeita Cunha e Calheiros. Dois autênticos profissionais.
Bloco dos hipócritas
Acabou o carnaval, mas o bloco dos hipócritas e donos de araque do monopólio da verdade continua fantasiado, desafinando o samba na avenida. Porque não reclamaram ou denunciaram, antes do carnaval começar, que a Beija-Flor recebeu patrocínio da ditadura da Guiné Equatorial? Porque as vestais grávidas não criticam artistas, políticos, jogadores de futebol e jornalistas que em carnavais recente achavam uma maravilha usufruir das mordomias dos camarotes de banqueiros do bicho? Francamente...
Fernando Collor
Não apenas Marcelo Adnet, mas também a coluna Gente Boa (9/02) foram tremendamente injustos com o ex-presidente e senador Fernando Collor. A verdadeira história politica brasileira precisa ser reescrita com, isenção e clareza. Basta de calúnias, torpezas e canalhices contra Fernando Collor.
Primeiro: Collor não foi apeado da Presidência da República por corrupção.  Mas, sim, por um imundo jogo politico orquestrado por patifes derrotados por Collor na disputa eleitoral pela Chefia da Nação. Hoje, até as pedras das ruas sabem e reconhecem isso.
O tempo passou e Collor foi inocentado pelo STF de todas as leviandades e mentiras de seus detratores. Elegeu-se senador. Foi presidente de duas importantes comissões técnicas na Câmara Alta, a de Relações Exteriores e a de Infraestrutura.
Ano passado, em 2014, novamente Collor foi absolvido pelo STF de sua última ação penal, anda relativa ao período que governou o Brasil. Ou seja, Collor é o único politico brasileiro absolvido em dois julgamentos pela Suprema Corte do país.
Ainda em 2014, Fernando Collor foi reeleito, com expressiva votação, senador pelo PTB de Alagoas. Portanto, o cidadão, chefe de família, jornalista, advogado, empresário e líder politico Fernando Collor não pode, não deve, nem merece ser chamado por vocês, por exemplo, de "eticamente condenável" ou de "vilão".
Argumento equivocado
O senador petista Lindbergh Farias usou frágil argumento na ânsia desesperada de retrucar a senadores da Oposição que exigem o impeachment de Dilma. Alegou que existiam denúncias que justificavam o impeachment  de Collor, situação que, de acordo com ele, não ocorre agora.
Na verdade, a maior bandeira das patifarias usadas pelos algozes de Collor foi um carro Fiat Elba, que servia à cozinha da Casa da Dinda. Outra aberração em forma de matéria investigativa que os paladinos de barro também usaram contra Collor, foi uma leviana e irresponsável matéria da revista "Veja". Tratava-se de uma capenga e atormentada entrevista de um ressentido e já doente irmão de Collor, com grotescas e infundadas acusações. Collor foi apeado da Presidência da República por um orquestrado e imundo jogo politico, e não por corrupção. Filme que grupos políticos querem agora reprisar a todo custo.
Polo de Manaus fatura alto
O Polo de Manaus encerrou o ano de 2014 com faturamento de R$ 87,2 bilhões (US$ 37 bilhões). Na moeda brasileira, o valor representa um aumento de 4,74% em relação ao ano anterior (R$ 83,2 bilhões). Este é o maior valor já registrado pela SUFRAMA a partir dos dados apurados junto às empresas instaladas no polo. Em dólar, o faturamento teve recuo de 3,83% na comparação com 2013 (US$ 38.5 bilhões).
O superintendente, em exercício, da SUFRAMA, Gustavo Igrejas, afirmou que o resultado “é até positivo diante do cenário econômico instável que se apresentou em 2014, principalmente devido aos desafios que enfrentamos, em especial no setor industrial”.
Dentre os segmentos produtivos que tiveram destaque no ano passado, o Eletroeletrônico (incluindo os Bens de Informática) representou quase metade (49,26%) do faturamento total do PIM em 2014, com R$ 42,8 bilhões (US$ 18.2 bilhões).
Isolado, o setor de Informática representou 16,51% do total faturado no Polo Industrial, desempenho nunca registrados nos Indicadores, superando inclusive o setor de Duas Rodas, que faturou R$ 13,6 bilhões (US$ 5.8 bilhões) ou 15,71% do total. Em seguida, vêm os subsetores Químico (12,53%), Termoplástico (5,05%) e Metalúrgico (4,59%). Outros segmentos somam 12,85%.
O ano de 2014 foi ano de Copa do Mundo de futebol. Tradicionalmente, o evento provoca aumento da demanda por televisores. No ano passado, a Copa elevou a procura por aparelhos de tela grande e baixo custo, o que provocou crescimento nas TVs de Plasma, mais baratas que as de LCD/LED.
A produção de televisores com tela plasma cresceu 89,16% (1,8 milhão de unidades produzidas em 2014 ante 957 mil em 2013). Os condicionadores de ar tipo split também registraram aumento de produção no comparativo com o ano anterior (23,74%).
Outros produtos que apresentaram crescimento na produção em 2014 foram os monitores LCD para informática (22,70%), condicionador de ar de janela (17,79%), receptor de sinal GPS (16,46%), forno microondas (16,27%), aparelhos DVD/Blu-Ray (14,65%) e tablets (11,27%).
O Polo fechou 2014 com média mensal de 122.026 postos de trabalho ocupados diretamente, entre mão de obra efetiva, temporária e terceirizada. Esta foi a maior média já registrada pela SUFRAMA. “Chegamos ao pico de 126 mil pessoas empregadas no primeiro quadrimestre, principalmente devido à demanda gerada pela Copa do Mundo de futebol, mas enfrentamos uma redução destes números no fim de ano, por conta do cenário econômico que continuou apresentando reflexos em diversos segmentos da sociedade. É preciso trabalhar forte este ano para que consigamos resgatar os níveis de geração e manutenção de empregos”, declarou Gustavo Igrejas.

Argenleaks, Politileaks e a marcha contra Cristina Kirchner

Francisco das Chagas Leite Filho
 
No último dia 18, uma marcha estrepitosa, estimulada pelos setores concentrados da mídia e da economia, tentou minar e até destituir a presidenta Cristina Kirchner. Em princípio, convocada por cinco promotores desavindos com o governo, a título de lembrar o primeiro mês da morte do promotor Alberto Nismman, ela foi logo instrumentalizada politicamente pelos Grupos Clarín, La Nación e Perfil, que controlam a mídia privada.
A marcha de los fiscales (promotores), como se autodenomina, é considerada um desafio político tão inquietante como aquele da revolta do campo, que ameaçou a chefa do Estado argentino, pouco depois de ela haver assumido a Casa Rosada, em 2008.
Neste contexto, os livros Argenleaks e Politileaks, do jornalista Santiago O'Donnel,  traduzem-se numa referência para entender o processo argentino e latino-americano na sua relação com os Estados Unidos e o chamado mundo ocidental.
Eles são considerados de suma importância, por desvendarem, através da publicação, edição e análise dos cables (documentos secretos) da embaixada estadunidense em Buenos Aires. É que eles indicam o nível de relacionamento, as opiniões e mesmo delações feitas pelas principais figuras da oposição, além de donos, editores e repórteres especiais de jornais, que costumam frequentar a sede da representação na Avenida Colômbia, 4300, ou trocar ideias com seus diplomatas e agentes secretos, em lautos almoços e jantares, em residências privadas ou nos finos restaurantes portenhos.
O jornalista Santiago O'Donnell, editor internacional do Página 12, recebeu, pessoalmente, em Londres, das mãos de Julian Assange, diretor do  Wikileaks, um pen-drive de 2.700 documentos (cables, telegramas, emails) trocados pela Embaixada Americana, em Buenos Aires, com a sede do Governo em Washington.
Ele, na verdade, integra o pacote de mais  de dois milhões de documentos publicados pelo site, em 2012, com grande repercussão internacional. O que O'Donnel encontrou nesse minúsculo dispositivo foram provas cabais daquilo que era simples voz corrente: a sistemática intromissão dos EUA nos assuntos internos daquele país, começando pelo tutelamento da mídia hegemônica, entidades empresariais, setores da sociedade e dos principais líderes oposicionistas com vistas a sabotar e torpedear as iniciativas envolvendo a emancipação e a soberania do país.
No caso específico do ex-procurador Alberto Nisman, essa intromissão, que também arrolou os serviços secretos da CIA, do israelense Mossad e do britânico MI6, resultaram no prolongamento indefinido das investigações sobre o atentado da AMIA, onde morreram 85 pessoas e outras 252 ficaram feridas. Isto foi ao ponto de, até hoje, passados 21 anos, de marchas e contramarchas, não produzir qualquer conclusão confiável, além de continuar a produzir mais controvérsias, destruição de reputações de juízes, promotores, jornalistas e mortes, como a de Nisman, encontrado morto numa poça de sangue no banheiro de seu apartamento de Buenos Aires, no último dia 18 de janeiro.
Desse modo, os documentos do Wikileaks renderam a O'DOnnell dois livros "Argenleaks" e "Politileaks", escritos em espanhol, ainda não traduzidos no Brasil, mas que já podem ser baixados, ao preço de dez dólares, pelo celular ou micromputador, nas lojas da Apple e da Amazon.
Eles são agora considerados essenciais para entender o momento do vizinho do Prata, sobretudo o "Politileaks", o último a ser lançado, já que escarafuncha a relação promíscua de Nisman, que poucos dias antes de sua morte, tinha denunciado a presidenta Cristina Kirchner e o chanceler Héctor Timerman de acobertarem os cidadãos iranianos acusados de autores do atentado da AMIA .
O Café na Política entrevistou O'Donnell, quando ele relatou sua experiência no trato com esses documentos, num vídeo através do Skype, ainda em preparação, assim como analisa a situação deflagrada pela súbita morte do procurador, anunciada em 18 de janeiro último.
O vídeo, que ainda depende de um contato final com O'Donnel, será apresentado neste espaço, e transmitido pela TV Cidade Livre de Brasília, Canal 12 da NET (DF) e postado no Youtube. Enquanto isso, convidamos o leitor a apreciar algumas das conclusões do escritor argentino, que ainda teve uma experiência de quatro anos de repórter policial no Washington Post e no Los Angeles Times.
“A embaixada diz ter uma relação muito estreita com o Clarín, do mais modesto periodista ao editor-geral, com quem está constantemente falando e mandando-lhes passagens para que se divirtam, (coisa) que o jornal muito agradece e que não opõe qualquer obstáculo em colocar matérias editoriais em suas páginas".
"O procurador que investiga o atentado de 1994 contra o edifício da sede da AMIA, Alberto Nisman se desculpou junto à embaixada dos Estados Unidos, por não lhe ter avisado de que pediria a detenção do ex-presidente e atual senador Carlos Menem, por suposto desvio da investigação, nos primeiros anos da causa contra os ex-funcionários iranianos.
Nisman estava “especialmente interessado em desculpar-se” porque sua atitude, que surpreendeu os americanos, num momento em que chegava ao país o diretor do FBI, John Pistole. As palavras entre aspas surgem dos emails do então embaixador Earl Wayne: 'Nisman disse várias vezes não ter pensado que a visita (de Pistole) coincidiria com seu anúncio. Referiu que pedia muitas desculpas e que agradecia o apoio e a ajuda do governo dos Estados Unidos e que de nenhuma maneira queria subestimá-lo

Carnaval e diplomacia de mãos dadas


A Escola de Samba Beija-Flor, campeã do desfile de 2015 na Sapucaí, teve um enredo enaltecendo a Guiné Equatorial, país africano, rico em petróleo, com 1,6 milhão de habitantes e submetida a ditadura sangrenta desde 1979, instalada por Teodoro Obiang Nguema, até hoje no poder.
A Guiné- Equatorial faz parte de uma lista de quatro países que tiveram 80% de uma dívida total de 1,9 bilhão de reais com o Brasil perdoada, recentemente, pelo Governo Dilma Rousseff: Congo-Brazaville, Gabão, Sudão e Guiné-Equatorial. Por conta dessas  benesses concedidas pelo Brasil aos africanos e outros países, o Senado Federal já pensa em mudar as regras para tais concessões.
Esse enredo da Beija-Flor, com o estranho título "Um Griô Conta a História: um Olhar Sobre a África e o Despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos Sobre a Trilha de Nossa Felicidade"? está longe dos motivos nacionais  que o regulamento recomenda às agremiações do Rio de Janeiro. Defensores da Beija-Flor argumentam que o samba-enredo é uma exaltação à negritude africana, que faz parte da cultura brasileira.
No mundo global, tudo está ligado. Assim como o futebol, as escolas-de-samba são excelentes lavanderias de dinheiro. Obviamente, o samba-enredo é válido, ainda mais quando se trata da África. Mas, o patrocínio financeiro, de valor em torno de 10 milhões de reais, ainda que oficial do Governo de Malabo ou garantido por investidores privados (como garante a embaixada daquele país em Brasília), e o perdão da dívida equatoriana são práticas do velho adágio diplomático, segundo o qual entre os países não há amizade, mas sim interesses.
 

 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

PMDB quer blindar ou se descolar da coalizão?


O Partido do Movimento Democrático Brasileiro –PMDB- se prepara para uma campanha nacional da legenda, no próximo dia 26, destacando a presença de seus seis ministros no Governo Dilma Rousseff e os seus respectivos programas de ação. Também entram na campanha o Vice-Presidente da República, Michel Temer, e os presidentes do Senado Federal, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Os ministros que devem expor suas atuações são Kátia Abreu, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Helder Barbalho, a Pesca e Aquicultura; Eliseu Padilha, da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República; Eduardo Braga, das Minas e Energia; Edinho Araújo, da Secretaria de Portos da Presidência da República e Vinicius Nobre Lages, do Turismo.
Essa propaganda, por todos os meios de comunicação, seria ato corriqueiro na vida de um partido político, anda mais se tratando do PMDB, esteio da coalizão governamental que elegeu e reelegeu a Presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores – PT-. Mas não é...
No momento em que as redes sociais e os demais meios de comunicação, estimulados pelos institutos de pesquisas, que apontam vertiginosa queda de popularidade da Presidente Dilma Rousseff, em meio a denúncias de corrupção na Petrobrás e no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES-, envolvendo o PT, além da situação da economia brasileira, pautada pelo crescimento da inflação, ocorre-me uma indagação quase automática:
O PMDB está reforçando sua imagem para blindar a coalizão governamental com o PT, ou está preocupado em descolar, perante o eleitorado nacional, sua imagem da coalizão diante de uma hipotética e eventual possiblidade de um processo de impeachment contra a Presidente Dilma
Mostrando sua força, o PMDB, mais uma vez, estaria repetindo o que aconteceu quando o Presidente Collor, em 1992, foi defenestrado por um golpe parlamentar legitimado pelos "caras-pintadas”, e o seu vice,  senador Itamar Franco, assumiu a Presidência sem nenhuma reação popular.
Estaria o PMDB, novamente, trabalhando com a hipótese de um novo impeachment, lançando essa campanha nacional, cujo objetivo parece bem claro: Mostrar que o PMDB  é um partido sem jaça  e não tem nada com o PT de Lula e Dilma.
Mas, quando se propagam denúncias sobre o “Mensalão, BNDES, “Petrolão”, se cobram responsabilidades dos Governos Lula e Dilma, esquecendo-se - a sociedade e os meios de comunicação - de cobrar o silêncio e a ineficácia da Oposição, que, certamente, durante todos esses anos, sabia de tudo que vinha acontecendo, porque, no meio político, não há segredo que não se desvende. Uma oposição eficaz inibe os desmandos de um governo, mas, uma oposição omissa e ineficaz até estimula as práticas "não republicanas".

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Pílulas do Vicente Limongi Netto



Boa política
A boa politica se faz com o cérebro e não com o fígado. Assim, creio que a presidenta Dilma agiu certa telefonando para cumprimentar e desejar sucesso ao presidente eleito da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha.  Respeito é bom e precisa ser cultivado entre o Executivo e o Legislativo. Será benéfico e saudável para a democracia e para a governabilidade. Nesta linha, tomara que Dilma também tenha tido a mesma sabedoria e desprendimento e telefonado para o presidente reeleito do Senado e do Congresso, Renan Calheiros. Dilma vai precisar muito da competência e experiência de Cunha e Renan.
Quixotesco
Luiz Henrique é do "grupo independente do PMDB". Morro de rir. Senador obscuro, tropeça no vernáculo sem nenhum constrangimento. É, apenas, mais um que bota banca de isento no cenário politico. Coitadinho. Ele e outros candidatos de araque ,na disputa com Renan, não têm, não tinham votos nem para se elegerem vigias noturnos das quadras onde moram, em Brasília. Foram na conversa fiada do Aécio, e caíram do cavalo. Porque o próprio Aécio não bateu chapa com Renan? Não é o tal, o bamba das urnas? Ou seja, Aécio também foi outro derrotado por Renan, e ponto final
Golpista
A nação brasileira desconhecia a faceta golpista do "jurista"(com aspas, por favor) Ives Gandra da Silva Martins(Tendências/Debates, 3/2). Nesta linha de desencanto, concordo com o leitor Tales Castelo Branco(Folha de S.Paulo,Painel do leitor de 4/2), quando ,acertadamente, salientou que "os vencidos na eleição da presidente Dilma estão inconformados". Lamentável que um cidadão que eu  tinha em boa conta, como Ives Gandra, surja da escuridão do ódio e do açodamento, para exortar,  sem nenhum constrangimento, o impeachment de Dilma. Triste saber que Ives Gandra jogou no lixo o saber jurídico para esfaquear a Constituição e violentar o bom senso.
Farsantes
Acho ótimo quando alguns colunistas pretensiosos e arrogantes, fantasiados de paladinos,  anunciam "entro de férias".Melhor ainda se declarassem na volta: "Não sou mais jornalista. Vou vender bananas na feira".
Lembrando o golpe contra Collor
Pois é, Merval Pereira (O Globo),  foi bom você recordar a frase infame do canalhão Ibsen Pinheiro, "o que o povo quer, esta Casa acaba querendo", que fez parte do  melancólico e cretino espetáculo orquestrado por patifes, contra um Presidente da República eleito com mais de 35 milhões de votos, Fernando Collor de Mello.  O jovem e idealista Collor caiu porque não dobrou a espinha para a quadrilha de maus brasileiros, desapontada com os rumos de modernidade que o governo Collor imprimia ao Brasil.
O tempo passou, Collor cumpriu seu calvário em silêncio, com altivez e dignidade. Nada de concreto foi provado contra ele. Collor não foi arrancado do cargo por corrupção, como a escória da má-fé insistiu em fazer crer aos brasileiros. Na verdade, Collor foi apeado da Presidência através de um imundo e sórdido jogo politico conduzido pelos adversários derrotados por ele nas urnas. Com o apoio velado, descarado e covarde de imprensa, do empresariado e da OAB.
Hoje Collor orgulha-se de ser o único politico inocentado pelo STF em dois julgamentos, de todas as torpezas e acusações levianas de seus detratores.  Collor foi reeleito senador, vai continuar trabalhando por Alagoas e pelo Brasil. Com a determinação, firmeza e espirito público de toda a vida.
Por fim, a propósito, por onde anda a ratazana Ibsen Pinheiro? Em qual buraco de esgoto enfiou a cara podre, amarga e fracassada? Acabou desprezado pelo povo gaúcho e pelas urnas. Como ele, ordinários da mesma laia que tramaram contra Fernando Collor.
O grande Havelange
Lamentável que colunistas esportivos como Renato Mauricio Prado e Fernando Calazans entrem na infame, ressentida e irresponsável cruzada pela mudança do nome do Estádio Engenhão, cujo nome oficial é Estádio Olímpico João Havelange, para Nilton Santos.
Nem o próprio Nilton Santos, colossal atleta e admirável figura humana, se estivesse entre nós, concordaria com a covarde retaliação e deplorável ingratidão contra João Havelange. 
Perderam o valor para os cretinos as três Copas do Mundo que Havelange, como presidente da então CBD, deu ao Brasil, país que tinha a síndrome de "cachorro vira latas”, como dizia Nelson Rodrigues.  Para os dementes e recalcados, agora não tem méritos o homem que elevou o nome do Brasil durante 26 anos, como presidente da FIFA e como membro efetivo do Comitê  Olímpico Internacional.
Que uniu povos, levando uma chance para um continente esquecido por todos, o Africano, pudesse expandir o esporte para a Ásia e América do Norte. Goste ou não goste a escória do ódio e da hipocrisia, Havelange é o maior dirigente esportivo do século.
João Havelange, hoje com 98 anos, também teve participação decisiva nas escolhas do Brasil para sede da Copa de 2014 e para sediar as Olimpíadas Rio 2016.
Não tenho vergonha do Brasil onde nasci. Mas tenho profunda vergonha e desprezo por determinados canalhas e covardões que aqui nasceram.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

"Impeachment" pode ser golpe


A melhor imagem que conheço para simbolizar os 35 anos de existência do Partido dos Trabalhadores –PT-(comemorados ontem)e seus quase 12 anos de governo no Brasil é a pintura “A persistência da Memória”, do surrealista e anarco-monarquista espanhol Salvador Dalí.
Na referida obra, os relógios se derretem e o tempo se deforma, conforme a relatividade descoberta por Einstein, criando imagens surrealistas. O PT era, no seu início, o partido organizado e ético, que veio com a proposta de contribuir para o restabelecimento da democracia no Brasil. Lula ensandecia a classe trabalhadora nos palanques e nos clubes operários. Agora, a imagem do PT se derrete como os relógios de Dalí... Enquanto o Partido do Movimento Democrático Brasileiro -PMDB- continua sendo, na aparência, o relógio intacto.
O que acontece hoje com o PT, que de massa passou a disfarçada legenda de quadros, por conta de sua oligarquização, é a exaustão de seu discurso e o seu desgaste gerado pelo processo do “Mensalão” e pelas recentes denúncias da “Operação Lava Jato”, que apura os desmandos na administração da Petrobrás.
As redes sociais e os celulares via wathsapp convocam debates e reuniões para promoverem a ideia de impedimento da Presidente Dilma Rousseff, fornecendo combustível para os golpistas de plantão. Até aí, o silêncio da Presidente Dilma Rousseff se escora na sua própria decisão, quando reeleita, e ontem reafirmada no discurso na festa do PT, de promover a fundo as investigações na empresa estatal, doa a quem doer.
Mas, a posição saneadora de Dilma, que atuou em gestões anteriores da Petrobrás, agora se torna enigmática com a dimensão da delação feita por Pedro José Barusco Filho, ex-gerente de engenharia da Petrobrás, segundo a qual, entre 2003 e 2013, o PT teria recebido propinas, em noventa dos maiores contratos da Petrobrás, no valor aproximado de 200 milhões de dólares. É muito dinheiro!
Ante o impacto de tal denúncia e o impacto gerado pela demissão de Graça Foster da presidência da empresa, além de vários diretores, eis que se anuncia o nome de Aldemir Bendini, ex-presidente do Banco do Brasil, amigo pessoal de Lula, para "fortalecer" a Petrobrás, como diz o ministro das Comunicações,Antônio Berzoini. Mas, todos sabem que o nomeado arrosta denúncias contra sua administração no Banco do Brasil. Por que, então, a sua nomeação, que pouco altera o ânimo negativo do mercado em relação à Petrobrás, a não ser que seja para manter as coisas como estão?
Como se não bastassem tais denúncias sobre os desmandos na Petrobrás, uma das mais reputadas empresas do mundo, pesam contra as administrações de Lula e Dilma denúncias de manipulações de empréstimos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES-, presidido por Luciano Coutinho, apaniguado do ex-presidente Lula. O valor do rombo no BNDES é assustador: Seria de cerca de um trilhão de reais, dos quais cinco bilhões teriam sido amealhados por Lula, conforme afirma em seu blog o engenheiro e empresário paranaense Ossami Sakamori.
A Petrobrás é uma empresa da qual o Brasil sempre teve orgulho, embora fosse mais benéfica para seus acionistas, investidores e funcionários do que para o povo brasileiro, que paga caro pelos derivados do petróleo; já o BNDES é um banco de fomento do desenvolvimento -como o nome indica – e tem importância estratégica para todos os brasileiros.
Não se pode acusar sem provas, e cabe aos acusadores o ônus das provas. A direção do PT fala em tentativa da Oposição de satanizar o partido, com objetivo de inviabilizar eventual candidatura de Lula às próximas eleições presidenciais. Também alguns petistas vêem um plano conspiratório internacional para desgastar a Petrobrás, cujo valor real cresceu consideravelmente com as reservas do Pré-Sal.
Há quem mencione interesses subterrâneos do PMDB em sublevar a massa contra Dilma, provocar seu impedimento e colocar o vice-presidente Michel Temer na Presidência. Assim, o PMDB ficaria com a Presidência da República e com a direção do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, montando uma engenharia inédita da cadeia sucessória do Brasil, dominando os Poderes Executivo e Legislativo – e quiçá o Judiciário.
A Presidente Dilma estaria isolada, em caso de conspiração endógena na coalizão, e teria dificuldades para enfrentar um processo de deposição oriundo do clamor popular, a exemplo do que ocorreu com o Presidente Fernando Collor, que não tinha partido para blindá-lo.
O PT teria condições de blindar a Presidente Dilma?Se Dilma entende que a Oposição continua fazendo maior alarde e sendo mais convincente no uso dos meios de comunicação, é um ponto de vista a ser analisado pelos especialistas em marketing do PT.  No momento, nas ruas, do motorista de táxi ao quitandeiro, a opinião pública parece propensa a acreditar que Dilma e Lula têm culpa no cartório e que não conseguirão se explicar a contento sobre as denúncias de fatos ainda não esclarecidos que teriam ocorrido nos seus governos.
O dramático de uma eventual desestabilização da Presidente Dilma Rousseff, que determinou a rigorosa apuração dos fatos, é que o golpe não é o caminho para a consolidação da democracia no Brasil, que, ficaria ao nível das republiquetas antidemocráticas que levaram Simon Bolívar a afirmar  que pregar a democracia na América Latina é “lavrar no mar”. Não haveria os militares, as Forças Armadas se comprometendo com esse tipo de manobra, como imaginam milhões de inocentes úteis que se manifestam pelas redes sociais saudosos do regime militar.

Alguns analistas políticos insistem em afirmar que impedimento ("impeachment") não é golpe, mas, sim, um legítimo mecanismo legal e constitucional, que pode ser acionado por qualquer parlamentar. Ponto de vista que era defendido pelo então deputado José Dirceu, do PT, contra o Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Tem que haver sólida justificativa que justifique um pedido de impedimento do Presidente, e esta razão é construída sempre por quem deseja derrubar o Presidente. Por causa de um carro Elba que Collor aceitou de presente, pediram, e conseguiram, o seu impedimento.Não pode a razão suplantar o veredito das urnas, pois isto torna o impedimento um golpe. O PT usou contra Collor esse mecanismo, e hoje a Oposição quer usá-lo contra Dilma, na linha do adágio "quem com ferro fere, com ferro será ferido". Não é por aí... Dilma, Lula e o PT devem esclarecimentos à Nação quanto às denúncias e têm o dever de prestá-los.
As conjunturas interna e externa  atuais não são favoráveis a nenhum golpe,  a nenhuma ditadura,civil ou militar, mas, sim, impõem o caminho democrático, ainda  que pedregoso.O terrorismo internacional e as violências urbana e rural no Brasil -essas agravadas pelas condições climáticas desfavoráveis e pela retração econômica, -são fatores que contribuiriam para engolfar o Brasil numa convulsão intestina sem precedentes, em caso de ruptura político-institucional.
 

 

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Ode ao pragmatismo do PMDB com Eduardo Cunha e Renan Calheiros


Dizer que o deputado Eduardo Cunha, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB- do estado do Rio de Janeiro, impôs uma vitória acachapante à Presidenta Dilma Rousseff, ao vencer as eleições para a presidência da Câmara dos Deputados, contra o candidato do Partido dos Trabalhadores - PT-, Arlindo Chinaglia, é incorrer num equívoco palmar, daqueles do tipo  em que as aparências enganam.

O deputado Eduardo Cunha pode ter suas características de rebelde e altivo, mas não é um candidato eleito pela Oposição. Afinal, é um deputado pertencente ao mesmo partido do vice-presidente da República, Michel Temer, que cumpre segundo mandato com a Presidenta Dilma Rousseff nesta coalizão governamental que tem enfrentado fortes tempestades políticas.

Eduardo Cunha, como terceiro homem da cadeia de sucessão presidencial, não pode ir além das posições do PMDB e nem muito aquém dos interesses dos partidos que o ajudaram a se eleger e que compõem a base de sustentação do Governo no Congresso Nacional. São partidos que pleiteiam cargos no Executivo e nas empresas estatais que rendem votos e que ainda dispõe de alguns membros já atuando na equipe ministerial.

Eduardo Cunha é um especialista em Orçamento Federal e sabe onde repousam os interesses dos parlamentares que lhe deram voto: Nas verbas para obras nos estados e municípios, onde o deputado tem seus redutos eleitorais. Esse mapeamento de interesses ele vem fazendo desde que anunciou sua disposição de disputar a Presidência da Câmara, na legislatura passada.

É natural que haja certa aresta entre o Palácio do Planalto e o novo Presidente da Câmara dos Deputados, no tocante à elaboração de uma pauta de votações onde o Governo manifeste suas prioridades e os interesses dos governos estaduais e dos municípios, num momento de dificuldades econômicas e financeiras enfrentadas pelo Brasil, mas, no final, pelo bem da coalizão, Eduardo Cunha terá que dialogar com o Planalto, pois não é candidato da Oposição, mas, sim, do PMDB da coalizão governamental.

Essa interpretação dada pela mídia, após a proclamação da vitória de Eduardo Cunha, de que a desmoralizada foi a Presidente Dilma Rousseff, não deixa de ser em boa parte equivocada. Sim, o ideal para Dilma é que não tivesse que depender de Eduardo Cunha para a aprovação de importantes matérias do governo, mas, já que o candidato Chinaglia foi derrotado, que a coalizão governamental trate de se ajustar ao novo cenário. A política, afinal, é uma espécie de caleidoscópio, pois muda a todo instante.

Sim, mais negociações e jogo de cintura serão exigidos ao Planalto, mas a estrutura de apoio ao governo permanece intacta. O PMDB, numa jogada profissional, mantem o controle das duas casas do Congresso Nacional, com Renan Calheiros no Senado e Eduardo Cunha na Câmara. É como dizia Deng Xiaoping, o grande estadista moderno chinês, em sua ode ao pragmatismo: “Não importa a cor do gato, desde que ele apanhe o rato.”

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Pílulas do Vicente Limongi Netto


Renan vence porque é o melhor
É simples, didática, exemplar e cristalina a leitura sobre a votação no senado, que, pela quarta vez, reelegeu Renan Calheiros: O senador alagoano venceu porque teve mais votos. Ganhou porque era o candidato mais competente. Por sua vez, os adversários dele perderam, porque não têm votos e são incompetentes. Ponto final.
DNA político
A revista "Isto É" tem ampla matéria sobre os herdeiros políticos com sangue tucano, com destaque para Arthur Bisneto, que além do DNA tucano tem a marca forte do sobrenome Virgílio no Congresso Nacional, firmada pelo seu avô, senador Arthur Virgílio Filho e pelo pai, o ex-senador, ex-deputado federal e o prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto.
 A matéria destaca Bisneto como o deputado federal proporcionalmente mais votado do país, com 250 mil votos. À revista, Bisneto diz que está ciente da responsabilidade que o sobrenome e a herança política lhe trazem e que está preparado para isso.
GDF
É indiscutível que o verdadeiro brasiliense torce para que o atual governador saiba enfrentar  os imensos  obstáculos com  firmeza e perseverança. A tarefa é árdua, requer união, competência e pressa.  Para obter êxito em suas ações, o governador lançou metas e anunciou aumentos. Até aí sem novidades. O povo já viu este filme de horror dezenas de vezes. Novamente vai sangrar o bolso da população.
E cara alegre para não piorar as coisas. Contudo, seria bom, exemplar, estimulante e merecedor de aplausos, se o próprio governador Rodrigo Rollemberg , secretários, diretores de autarquias e os presidentes do BRB, CEB e CAESB, Terracap e Novacap participassem da marcha pelo sacrifício coletivo, cortando um pouco de seus salários.
 Nesta linha, na medida em que for entrando mais dinheiro para ir colocando as finanças em ordem, o governo precisa passar mais esperanças a população, dando-lhe mais segurança, mais escolas, postos de saúde que atendam as pessoas com dignidade, melhor transporte público, ruas e pistas asfaltadas e saneamento. Caso contrário, no português claro e popular, a vaca vai prô brejo antes do tempo.