terça-feira, 26 de abril de 2016

Temer continua sendo a pedra angular


Questionando a legitimidade do  vice-presidente Michel Temer, a Presidenta Dilma  Rousseff, que teve seu impeachment aprovado pela Câmara dos Deputados, vem dizendo que Temer quer sentar-se na sua cadeira sem ter votos. Mas, Temer teve, sim, votos dentro daqueles 54 milhões da reeleição.

Aguardando a votação da admissibilidade de seu impeachment no Senado Federal, no próximo dia 10, Dilma ainda não se refez psicologicamente do impacto da derrota que sofreu na Câmara dos Deputados, o que se percebe pelas suas declarações erráticas de intenções de apelar para tentar uma reviravolta. Mas, como diria o filósofo, “Inês é morta”...

Dilma e Lula chegam a pensar no encurtamento do mandato para uma nova eleição presidencial ou continuam trabalhando nos bastidores para convencer senadores a se rebelarem contra a saída de Dilma. Mas, é tarde, porque Dilma não voltará e nem tem condições de retomar seu governo.

Não foi golpe. Dilma perdeu a governabilidade porque perdeu a eficácia de governo e junto com esta a legitimidade por conta da corrupção escancarada na política, que faz cerca de 200 bilhões de reais se escoarem para o ralo anualmente. Os 54 milhões de votos que ela e Michel Temer tiveram juntos já se dissiparam nas brumas da desconfiança por causa da situação  caótica em que o Brasil se encontra.

Tão caótica que o governo aceita o contraponto obsceno de uma mulher nua posar ao lado do seu marido, o novo Ministro do Turismo, em foto que viraliza nas redes sociais.  A corrupção e a obscenidade, a cusparada insana de petistas, quebrando regras da cidadania, constituem-se, sim, em golpes contra a democracia brasileira, pois não se ajustam à tipologia de cidadania adotada pela Organização das Nações Unidas –ONU- com base na proposta de T.H.Marshall.

Podem ser observados, em nichos institucionais suspeitos e insuspeitos do País, tentativas sutis de se inviabilizar a posse do vice-presidente Michel Temer, que aguarda o desfecho da votação do impeachment no Senado preparando-se para fazer o que tem que ser feito a ferro e fogo e que, no momento, só ele pode fazer: Resgatar o Brasil desse buraco negro em que foi lançado pelos pescadores de águas turvas do socialismo utópico. Esse governo de salvação pode se tornar mesmo uma ponte para um futuro, como propôs o PMDB, mas o País precisa recorrer com urgência à sua essência de nacionalidade e fugir desse vórtice inercial.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Salvem os Deputados,salve o Povo brasileiro!


Houve grande repercussão nos meios de comunicação e nas redes sociais das votações dos parlamentares que mencionaram seus familiares e outros laços de afeto e seus municípios-bases-eleitorais e até confissões religiosas para justificarem sua posição a favor do impeachment.

No senso comum brasileiro, esse comportamento dos parlamentares demonstrou o baixo nível da representação política brasileira, além de fornecer um handicap à Presidenta Dilma Rousseff com baixa frequência de citação da razão principal dela estar sendo impedida: As denominadas “pedaladas fiscais” e a sua leniência com os esquemas de corrupção que se constituíram sob sua gestão e na do ex-presidente Lula, seu criador, que, a exemplo de Dilma, nunca soube de nada.

No exterior, a imprensa também criticou esse “baixo nível” dos parlamentares brasileiros, como se não bastassem as negociatas e tratativas espúrias que o Governo e o ex-presidente Lula promoveram à luz do dia perante os olhos do Brasil e do mundo para angariar votos contra o impeachment. O site da revista alemã “Der Spiegel chamou de “Insurreição dos hipócritas” e criticou o “clima carnavalesco” reinante durante a votação.

Mas, eu quero aqui, sob a ótica culturalista, defender e exaltar o espetáculo em si, explicando todo aquele “carnaval” como produto da cultura carnavalesca e lúdica do Brasil, País do carnaval e do futebol. O País é aquele cadinho de raças que se transformou na maior miscigenação da cultura lusófila do mundo, assim como os Estados Unidos se transformaram na maior miscigenação da cultura anglófila. Duas vertentes que causam inveja ao resto do mundo.

Essa miscigenação, que se expressa no Brasil pela informalidade e transforma tudo em samba, é um patrimônio extraordinário e ajuda na terapia nacional das graves crises, embora, eu admito, aumente a tolerância à corrupção. Tentar implantar o Comunismo no Brasil, ou a própria Democracia pura, é como tentar “lavrar no mar”, como diria Simon Bolívar. A cultura - forma apropriada de pensar, sentir e agir - é quem determina o comportamento do povo, é quem determina a própria cultura política.

Esse espetáculo que vimos é a cultura política brasileira, sem tirar nem por adjetivos. E querem que a Câmara dos Deputados, que representa o Povo, reflita aquém ou além da sociedade que elegeu seus representantes? Tivemos uma apoteose do voto: One man, one vote.

Mas, há outras observações cabíveis em defesa do espetáculo do impeachment. Quem conhece o Parlamento brasileiro, sabe que apenas uns 30% dos 594 parlamentares da Câmara e do Senado tinham acesso aos meios de informação, em especial as revistas, jornais, rádios e emissoras de televisão, que divulgam  os trabalhos de seus preferidos. A mídia seletiva é também elitista para a constituição da própria elite congressual.

Iludem-se os que pensam que todo parlamentar se sente poderoso lá dentro do Congresso Nacional. O princípio é de igualdade entre todos os eleitos, mas há gradações nessa igualdade, onde alguns são mais iguais do que outros, por razões diversas, entre as quais capacidade de aculturação, número de votos, posições ideológicas, talento para articulações de bastidor e oratória, prestígio dentro do partido, condição financeira, etc.

No dia 17, todos os deputados  tiveram as televisões do Brasil e do exterior estampando seus rostos por preciosos minutos ou até segundos  que jamais lhes teriam sido concedidos pela mídia nacional e estrangeira em condições normais.Nas suas bases eleitorais, o impacto foi grande, e terá enorme repercussão nas eleições municipais deste ano. Eis uma razão de terem citado seus municípios e bases eleitorais.

Quanto à citação de esposa, filhos, netos e religião, eu creio que foram influenciados, e muito, pelas redes sociais, destacadamente o faceboock, que se transformou no principal canal de comunicação da sociedade brasileira, onde a classe média se faz maciçamente presente revelando suas dúvidas e certezas do cotidiano. As redes vêm pautando a grande imprensa e há muitos políticos, deputados e senadores, que as frequentam como um vício. Jornais, revistas, rádios e televisões não podem mais ignorar a força das redes, que pautaram o voto familiar contra a corrupção que assola o País.

Aplausos aos deputados que se comportaram como vereadores na votação. É bom que os seus críticos reflitam que eles todos são caciques nas suas regiões e que o vestibular para obtenção de um mandato eletivo é o mais difícil que existe. Dentre quase 200 milhões de habitantes, eles foram ungidos pelo voto popular, e os que os elegeram merecem respeito. Alí não tem ninguém tolo. Quem é tolo ficou de fora...

 

 

domingo, 17 de abril de 2016

Câmara admite processo de impeachment de Dilma por 367 contra 146 votos

Em longa sessão Plenária, a Câmara dos Deputados aprovou ontem, em Brasília,  por 367 votos a favor e 146 contra, a admissibilidade de processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, por crime de responsabilidade praticado com as denominadas "pedaladas fiscais" sem autorização do Congresso Nacional.

O impeachment será remetido hoje ao Senado Federal, que marcará sessão para decidir se acata ou não a decisão da Câmara dos Deputados. Esse processo poder durar mais de seis meses, embora haja pressa da Oposição para que Dilma saia do poder e o vice-presidente Michel Temer assuma e implemente, com apoio do empresariado, uma agenda de governo que restabeleça os investimentos externos no País de imediato.

Temer disse que só vai se pronunciar depois que o impeachment for decidido pelo Senado Federal, enquanto Dilma e sua assessoria, que conta com o ex-presidente Lula da Silva, estariam examinando a possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal, em ultima instância, caso o Senado aprove a medida.

As ruas de Brasília e das principais capitais brasileiras foram tomadas por milhares de pessoas que se manifestaram contra e a favor do impeachment, mas não se registraram maiores incidentes.

Uma curiosidade sobre a votação feita pelos parlamentares. Muitos invocaram suas famílias para justificar seus votos em favor da saída de Dilma, fato que poderia ser atribuído à influência das redes sociais, em especial blogs, faceboock e twitter.

As redes se transformaram na principal tribuna da classe média brasileira, insatisfeita com o Lulopetismo e o Governo Dilma, e serviram de modo especial  para combater a corrupção que abrange o sistema político brasileiro atual e que vem sendo apurada pela "Operação Lava Jato", sob o comando do juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
 

sábado, 16 de abril de 2016

Jogo duro,mas Oposição é favorita


Governo e Oposição fazem jogo de informes e desinformes, pelos meios de comunicação e pelas redes sociais, alardeando votos conquistados contra e a favor da admissibilidade do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, no grande embate de Plenário que ocorrerá amanhã na Câmara dos Deputados.

O grande jogador de futebol Didi dizia que “treino é treino e jogo é jogo”, numa alusão à diferença de empenho de cada equipe em virtude da motivação pelo prêmio que se disputa. A aprovação autorizando a abertura de processo, por 38 a 27 votos, do parecer do deputado Jovair Arantes, da Oposição, na Comissão instalada para decidir com base nas denúncias de prática de “pedaladas fiscais” pela Presidenta Dilma Rousseff, que teria cometido crime de responsabilidade, não deve ser projetada para o Plenário. Na Comissão foi treino, e no Plenário é jogo, e jogo pesado.

A Oposição precisa conquistar 342 votos dos 513 deputados, maioria absoluta, de dois terços, para que o processo continue e seja remetido ao Senado Federal. O Governo necessita de 171 votos para barrar o processo. As duas partes garantem que conseguirão os votos almejados, contando com traições, perdões, infidelidades e... ambições dos parlamentares.

O Governo continua prometendo cargos e verbas tentadores, diante da grave situação econômica dos Estados, além de alívio aos parlamentares envolvidos nos crimes apurados pela “Operação Lava Jato”. Mas, Dilma não tem mais condição de continuar governando, pois perdeu o comando do processo por ter se afastado das bases políticas e empresariais e se desgastado junto ao Povo. Perdeu legitimidade e eficácia; perdeu a governabilidade.

A Oposição com Temer também promete as mesmas coisas para angariar votos. O balcão de negócios funciona igualmente para os dois lados, mas a diferença fundamental é que um eventual governo-tampão de Michel Temer, com apoio dos investidores, empresários e de boa parcela da classe média e do eleitorado petista frustrado, oferece melhores perspectivas de segurança aos políticos em termos de cargos, verbas e votos nas eleições municipais deste ano, que definirão o potencial dos partidos para a disputa presidencial de 2018. Ser ou não-ser agora com Dilma em queda, ou ser ou não-ser com Temer em cenário terapêutico, eis a questão que gera indecisões até a última hora.

Temer também corre o risco de ser cassado junto com Dilma, se o Tribunal Superior Eleitoral –TSE- resolver ou for pressionado a puni-los por terem utilizado recursos irregulares na campanha de reeleição da chapa. Mas, esta espada de Dâmocles sobre a cabeça de Temer é melhor do que a rejeição popular a Dilma e a estagnação que tomou conta do País. Por ora, o melhor é escapar do pântano, segundo intuição dos políticos.

Prometer o que não pode se pagar, e prometer aquém do que ambiciona o político, nesse jogo em que prevalece a ética de resultados, e não a ética pessoal, seria um risco tanto para o Governo quanto para a Oposição. Se alguém está indeciso para votar, é porque não está satisfeito com o que lhe foi oferecido. A hora é de negociar, e o preço do voto, que sempre foi e será a moeda corrente da política, é altíssimo nesta e o será na undécima hora.

Não vou me omitir em opinar sobre o resultado de amanhã, em respeito aos meus leitores de fora do Brasil: A Oposição ganhará, com reduzida folga, porque, tratando-se de uma disputa dentro do campo político, com transição horizontal do poder, há um fenômeno típico dos vasos comunicantes, onde os níveis de água (força) se equilibram. Mas o desgaste imenso do Governo Dilma e do Lulopetismo fará pender para o lado de Temer, a única esperança do momento para que o País deixe a estagnação, não obstante a pouca popularidade deste. De resto, mudar é a tendência que se verifica nos demais países bolivarianos, que tiveram sua economia desmantelada.

Há um velho adágio político no Brasil: "Eleição e mineração, só na apuração". Mas, a maioria dos brasileiros demonstra interesse ver Dilma fora do governo, com ou sem impeachment. Isto deve influenciar a votação de amanhã.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Corrupção é o maior golpe contra democracia no Brasil


Golpe é a corrupção sistêmica, que faz sangrar o Brasil. O provável impeachment da Presidenta Dilma Rousseff tem suscitado debates de toda ordem, mas que apenas resvalam no maior câncer que atinge atualmente o Brasil: A corrupção sistêmica, que consome cerca de 85  a 100 bilhões de reais por ano, segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo –FIESP-  e da Organização das Nações Unidas –ONU-.

Essa corrupção é o maior golpe contra a democracia brasileira e, por si só, justificaria a continuidade da “Operação Lava Jato”, sob o comando do juiz Sérgio Moro, que, até agora, relacionou como envolvidos 316 políticos de 28 dos 32 partidos políticos.

O governo Dilma cai pela sua ineficácia política e pela prática de “algumas pedaladas fiscais”, mas reina uma expectativa em relação à continuidade da “Operação Lava Jato”, que  chegou a nomes de empresários, funcionários públicos e privados, militares, diplomatas ,advogados e juízes, descobrindo a bandalheira geral de vários anos que sangra o Brasil.

A Nação observa atentamente os movimentos do novo ministro da Justiça, o  subprocurador da República Eugênio Aragão, que não poderia assumir o cargo, na visão de diversos juristas, por incompatibilidade de funções e razões legais, mas que foi pinçado pelo atual Governo  para controlar a  Polícia Federal e a “Operação Lava Jato”. Há quem aposte que o juiz Moro mandará prender em breve o ex-Presidente Lula et caterva.

Sérgio Marcus Rangel Porto, cronista e escritor mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta ( Rio de Janeiro,1923-1968) diria que quase todos se locupletaram e pediria a restauração da moralidade (“Ou restaura-se a moralidade, ou locupletemo-nos todos”). Mas, Stanislaw ficaria decepcionado com o teor do áudio vazado pelo vice-presidente Michel Temer, em ensaio para assumir o governo em caso de impeachment de Dilma Rousseff. O áudio não menciona o combate à corrupção, hoje a principal bandeira que leva milhões de cidadãos brasileiros indignados às ruas.

O que acontecerá com tantas pessoas relacionadas pela “Operação Lava Jato”, inclusive quase todos os integrantes da cadeia sucessória, o que deixa o Brasil quase acéfalo e de olhos indagativos às Forças Armadas?

Santo Agostinho, em suas “Confissões”, afirma que só é corruptível o que é bom, porque o mau já foi corrompido e o ótimo (Deus) não se permite corromper.  O cientista político Samuel Huntington, dos Estados Unidos, tem um estudo que justifica a corrupção nos países menos desenvolvidos. Nestes, o capital externo sufoca os empresários nativos e estes se escudam na política como meio para sua salvação, locupletando-se das benesses do poder; nos países desenvolvidos, ao contrário, os donos do capital procuram a política como fim para seus projetos de vida.

Pelas duas óticas acima, não há solução à vista para a corrupção no Brasil, um atavismo cultural que já vem de longe, quando Pero Vaz de Caminha, escrivão da Armada de Pedro Álvares Cabral, dizia , em carta ao Rei Dom Manuel I, que, no Brasil, em se plantando, tudo dá, mas já pedia prebendas a familiares e amigos. Outras figuras notáveis do Brasil, que é melhor não serem citadas aqui, escalaram o poder usando as estratégias mais bizarras e inescrupulosas, como se justificando à sobeja  o que dizia Maquiavel, que os meios justificam o fim.

O Senado Federal aprovou o fim da reeleição. Prefiro a palavra reelegibilidade para os cargos executivos, que significa a continuidade administrativa, algo importante para o Brasil, mas, que é distorcida pelos políticos brasileiros. Não é esse instituto o culpado pelas mazelas praticadas pelos ocupantes dos cargos, culturalmente influenciados pelo vício do patrimonialismo e do continuísmo.

A reforma política ideal  brasileira teria que se iniciar pela reciclagem cultural das elites nativas, algo complexo. O poder político teria que ser blindado contra a má influência do poder econômico junto aos partidos e eleitores. A meritocracia na estrutura estatal teria que ser restaurada e os valores liberais, republicanos e democráticos adaptados aos novos tempos de globalização. Não sei se eu estarei vivo para ver alguma mudança dessa dimensão. E não sei se meus filhos, netos e bisnetos estarão... Não se corrige a sombra de uma vara torta...

Duvidando do futuro e dimensionando os prejuízos no presente

 
        Aylê-Salassié F. Quintão*
 
          Não notou ainda que você, cidadão civil, desempregado, está só. Se não se posicionar para ocupar um lugar no futuro do presente, poderá ser obrigado a aceitar o futuro que vier (Honesko,2016). O futuro, como o concebemos na imaginação,  não existe. É uma invenção discursiva cultivada desavergonhadamente por políticos profissionais, na venda de esperanças; e pelo capital ,para se reproduzir em cima do sistema produtivo e das economias alheias. Inspira-se na “fé”, cega e inibidora , dos espíritos fracos e na ganância dos invejosos. Ampara-se em carências afetivas e materiais, nas dúvidas eternas e na crença na necessidade de contribuir , como cidadão, com a conformidade pessoal,  para manter a sociedade coesa e a  previsibilidade dos ganhos. Perceber isso exige coragem e pragmatismo.
 
           Desconfiado e inseguro, o homem, carregado de frustrações na vida material desde o tal “Descobrimento”, alimenta-se, ao longo da existência,  numa expectativa final do retorno do “Salvador” ou na possibilidade de dar  uma volta por cima no outro lado da vida, após a morte, acreditando que encontrará algo diferente, como  um “paraíso edênico” -  que, para as novas gerações,já pulou do real para o virtual - um “inferno demoníaco”  ou, ainda, para os mais reprimidos, “quarenta mulheres virgens”.
 
             Não vou debruçar sobre as dezenas de autores que tem explorado a ingenuidade alheia escrevendo sobre o futuro, fazendo projeções que nunca se realizaram.  O quadro atual, não apenas brasileiro, mas também mundial, torna evidente uma “ruptura” – e não propriamente um declínio – que envolve a desvalorização das atividades dos políticos, dos religiosos, dos industriais e etc. , seguida do achatamento das oportunidades fáceis de emprego hardware oferecidas por empreendedores privados que, até aqui, tem contribuído para  inibir inteligências, “emburrecer”  o ser humano, e distanciar os homens  entre si .
 
             Nesse rastro, emergem cientistas e messias que, amparados em questões casuísticas do cotidiano,  transformam alucinações pessoais em ideologias e essas em leis (fé compulsória) até bater às portas do fanatismo.  Fazem acreditar que os homens são parte de classes sociais distintas,  e estabelecem genericamente disputas pela hegemonia, usando, como instrumentos de manobra, populações fragilizadas pela ignorância e pela pobreza. 
          
           Minha geração profissional foi inspirada na busca do emprego público ou num modelo japonês  de futuro, em que a família do trabalhador era parte do negócio. Recebia dela escola para os filhos, apoio à saúde, casa para morar, ticket de transporte,  tinha um fundo de pensão e  frequentava os mesmos lugares e clubes que os companheiros de trabalho. Era uma alienação geral do sujeito.
 
         Sem recuar ao já dado, a realidade – e não o futuro - está aí, abrindo os braços para milhares de recém-formados e desempregados . Apresenta-se para a imaginação da maioria em formas totalmente desconhecidas, instigando os sujeitos a se descobrir no meio do caos.  O novo mundo ampara-se  na inteligência artificial, nos big data e na sustentabilidade.  O primeiro  nos instiga a uma viagem para além do comum; o segundo,  nos oferece uma plataforma para a pós-modernidade; e o terceiro é  quase uma advertência: "Vai comer o quê?” Coloca um dilema, sim,  para um mundo da superprodução de alimentos, cujos resultados se vulgarizam,  de tal forma a distanciar as novas gerações dos modelos produtivos.  Divagar, esperando que o Estado vá alimentar  os 200 milhões de brasileiros não é ilusão, é suicídio.
        
         Daí, a observação: não espere fazer só o que você gosta e, com isso, atingir as metas do que imagina para si como futuro. Não espere que alguém vai dar solução para sua subsistência. Os recursos são cada vez mais escassos. Posicione-se já como visionário. Quando tiver uma boa ideia,  não a consuma no botequim da esquina. Faça uma avaliação rápida, e configure-a logo, antes que alguém tenha a mesma intuição. Mas, comece por dimensionar , sobretudo, os prejuízos.  Lucros são uma decorrência da gestão e da oportunidade reprodutiva do investimento e do trabalho que só o capital sabe como fazê-lo.  Se tiver condições de suportar os prejuízos, invista no futuro imediato. O futuro longínquo a Deus pertence.
 
        Não fique parado esperando a volta dos empregos, o impeachment ou à permanência da presidente Dilma. Quando isso acontecer, com ela, com Temer ou seja lá com quem for, os investidores estarão longe. Pode faltar capital. A cada crise os investimentos migram e, em geral, para um outro mundo. E não é o mundo do futuro. Os bons investidores nunca aplicam no futuro. Os ganhos são imediatos e reais. Para os cidadãos comuns vai sobrar só trabalho, sacrifício e, lá no fundo, a sua fugaz criatividade. Não a deixe escapar. Apegue-se a ela.
 
*Jornalista, professor. Doutor em História Cultural

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Janela de Brasília(XXXVI)


1. Clima de impeachment hoje, que poderá se confirmar no próximo domingo, em nova etapa, quando será a votação na Câmara dos Deputados, mas que terá outras etapas no Senado Federal ou até mesmo no Supremo Tribunal. Senão...As Forças Armadas teriam que decidir. Do jeito em que se encontra, estagnado, o Brasil não pode continuar. Estagnado por causa da corrupção, esta, sim, um golpe contra a democracia, mais forte do que a ineficácia do governo no cumprimento de suas metas políticas, econômicas e sociais.
2. É curioso como o debate sobre o impeachment no País omite que a roubalheira e a falta de ética e moral na política têm sido, nos últimos anos, a causa dos males nacionais. Governar exige lisura, patriotismo, desambição pessoal, competência, planejamento, eficácia, e não aventuras políticas. A expectativa de crescimento do Brasil  para este ano chega a 3,6% pontos negativos, impactando para baixo o crescimento da América Latina. Tínhamos a sexta economia do mundo, há uma década.
3. Fazer política não deve e não pode ser roubar: É aplicar os recursos  materiais e imateriais da Nação para o  seu desenvolvimento integral.Essa é a propedêutica republicana, muito diferente do quadro de contaminação de quase toda a cadeia sucessória brasileira no momento e dos poderes constituídos.
4. Ocorrendo o impeachment de Dilma,  Michel Temer assumirá com um discurso e um projeto prontos e até já divulgados, mas será um governo-tampão, que possa restabelecer os investimentos externos no País a curto prazo e a volta imediata da governabilidade. Até que venha a reforma do sistema eleitoral ( maior controle do poder econômico) e partidário (com 36 partidos, não há solução à vista). De Gaulle dizia que a França era quase ingovernável com tantos tipos de queijos...
5. O que acontecerá com os 316 nomes de políticos, empresários e funcionários envolvidos na roubalheira que quebrou o Brasil, em especial o "Mensalão" e o "Petrolão" e o BNDES, conforme apurou a "Operação Lava Jato" sob o comando do juiz Sérgio Moro? Aliás, não custa perguntar: "O que acontecerá com a "Lava Jato", com ou sem o impeachment?
6. O governo do Distrito Federal colocou aquele grotesco muro metálico na Praça dos Três Poderes para separar os simpatizantes e antipatizantes do "impeachment", como se houvesse equidade nesse processo, que envolve, de um lado, os brasileiros indignados com a corrupção generalizada, e de outro, os que se recusam a aceitar que a corrupção é o maior golpe contra a democracia, ainda mais quando visa esse golpe à implantação de nova ordem socialista inadequada para nossos trópicos.
7. Seria cultural a corrupção no sistema político brasileiro? Simon Bolívar dizia que pregar a democracia nas Américas é como "lavrar no mar..." Entre os óbices que mencionava, estão o autoritarismo e a índole corrupta enraizados  na região que ele considerava um "viveiro de ditadores".
8. Muita gente se preparando em Brasília para ir  á Esplanada dos Ministérios no domingo para não deixar a peteca do impeachment cair e deixar claro que não aceitará que  a "Operação Lava Jato" seja controlada por esse e outro governo.

Continuidade deletéria



 
 
 
Adriano Benayon * -
 
Publiquei, este ano, artigo “O Golpe Permanente”, em que resumi como as lamentáveis estrutura e infraestrutura econômica e social do País são o resultado da continuidade, nos últimos 62 anos, de políticas determinadas por interesses vinculados às potências imperiais ou, no mínimo, capitulações diante de pressões dessas potências.
2. A continuidade, geralmente despercebida, tem prevalecido sob governos e regimes díspares, incluindo os militares e os eleitos pelo voto direto, e também os instalados através de eleições indiretas pelo Congresso “Nacional”.
3. Essa realidade prossegue sob a presente “ordem” constitucional, e perdurará, enquanto esta existir, como também sendo ela  substituída por mais um regime incapaz de conduzir o Brasil ao desenvolvimento econômico e social.
4. Tenho enfatizado que a corrupção mais profunda  é de natureza distinta da que costuma ser investigada pelas autoridades competentes e exposta ao público pelos meios de comunicação social.
5. Muitos brasileiros estão divididos entre, os que consideram que a preservação (?) do inexistente (mas oficialmente assim definido) regime democrático depende de rejeitar o pedido de impeachment contra a presidente da República, e os que julgam que esse regime somente sobreviverá se conseguirem defenestrar a primeira mandatária.
6. Não obstante a segunda “alternativa” afigurar-se a mais deletéria, o País terá agravados os seus desequilíbrios com qualquer desses desfechos.
7. No deprimente espetáculo oferecido por políticos e partidos, o PMDB apresentou mais um número digno de seu passado de conchavos espúrios e deslavado fisiologismo, afastando-se do Executivo petista, de que fez parte desde o primeiro mandato de Lula.
8. De fato, por todo esse tempo, caciques peemedebistas, Temer, Cunha e outros, - além das cornucópias reservadas ao Legislativo, como as emendas ao orçamento – desfrutaram de cargos e feudos na área do Executivo.
9. E já o haviam feito nos oito anos de FHC (PSDB), cumpliciando-se em todos os atos de frontal desprezo aos interesses nacionais.
10. É manifesta a orfandade dos brasileiros no que dependa da representação política, cujas mazelas independem da dualidade esquerda (PT, PC doB ?) / direita (PSDB e aliados, agora reforçados pelo PSB, em traição às memórias de seus fundadores).
11. Se a “direita”, é confessadamente alinhada às posições defendidas pelo império angloamericano e em favor de sua oligarquia financeira, os governos encabeçados pelo PT nunca deixaram de se acomodar com esta.
12.  Isso vem desde antes da primeira posse de Lula, quando este fez acordo de “governabilidade”, no qual concordou em sufocar os movimentos que pleiteavam rever as grossas bandalheiras das privatizações, em que foi dilapidado o grosso do patrimônio público.
13. Recorde-se que o surgimento de Lula e do PT foi patrocinado durante goveno militar, sob a direção de Golbery, ligado à CIA, a fim de dividir a esquerda que, à época ainda contava com figuras nacionalistas de expressão: Leonel Brizola e Miguel Arraes.
14. A escalada de Lula foi fomentada, não só pela ala pró-EUA do governo militar, mas também pela grande mídia, tradicional sustentáculo dos interesses dos carteis transnacionais, desde antes da derrubada do presidente Vargas em 1954.
15.  O apoio externo ao sindicalista de resultados manifestou-se, de forma despercebida pelo público, por exemplo, em cenários ilusórios de perseguição contra Lula, para transformá-lo em suposta vítima do governo ditatorial, como o sobrevoo ameaçador de concentração de seguidores, por helicópteros das FFAA.
16. Outro episódio marcante foram as fraudes contra Brizola para que Lula obtivesse, por pequena margem, o segundo lugar no 1º turno da fatídica eleição de 1989, que elevou Collor à presidência, para, entre outras medidas devastadoras, fazer o Congresso aprovar, em 60 dias, pacote de leis tão volumoso, como nocivo ao País.
17. Entretanto, fazendo justiça a Lula, lembre-se que ele, no primeiro mandato, tomou algumas medidas favoráveis à economia e deteve temporariamente a destruição da Petrobrás, encetada por FHC, desde a Lei 9.478/1997 e a infiltração de agentes de interesses externos na na ANP e na estatal.
18. Lula pôs em posições executivas da Petrobrás, técnicos, como Guilherme Estrella e Ildo Sauer, que dirigiram as descobertas das grandiosas reservas do pré-sal,  além de ter conseguido aprovar a Lei que instituiu regime especial para a exploração dessas reservas.
19. Mas a qualidade das administrações da Petrobrás não se manteve no segundo mandato e deteriorou-se sob Dilma, com Graça Foster e muito mais com Bendine.
20. As políticas deste são contraditórias e destrutivas, como comprova: 1) o balanço de 2015, em que foram enganosamente desvalorizados e subavaliados os ativos da empresa; 2) a açodada venda de parte substancial de ativos.
21. É desastrosa a atuação da presidente Dilma, em áreas cruciais como o petróleo e a eletricidade, em manteve o sistema de caos programado instituído por FHC, e acabou consumando a virtual falência da Eletrobrás.
22. Entretanto, constatar esses fracassos não leva a concluir que a devastação do patrimônio do País não será ainda mais incrementada, se o Executivo for assumido por qualquer dos opositores.
23. No próximo artigo, avaliarei antecedentes históricos das mentirosas  “alternativas” existentes no cenário político. 

* Adriano Benayon é doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Alemanha; autor de Globalização versus Desenvolvimento.

AOS EX. SENHORES MINISTROS DO STF


Estou escrevendo para o mundo, pois tenho certeza que não serei lido por
Vossas Excelências. Sou apenas um cidadão e não uma autoridade, logo sem
muito valor.
Fiquei atônito, pasmado quando vi na TV o Ex. Sr. Ministro Marco Aurélio
perguntar ao jornalista se ele acreditava no STF e ele sem pestanejar
respondeu: NÃO.
Durante toda a minha vida fui educado a acreditar no STF, que para mim era
e é a última salvação do País, pois  um STF desacreditado, é a morte da
Nação.
Como sou muito idoso, só agora estou vendo Ministro do STF dando, quase que
diariamente, entrevista. É a vulgarização do cargo. Ministro do STF tem
como obrigação primeira manter a majestade do cargo.
Vi todas as crises. Nunca tinha visto se falar tanto em segredo de JUSTIÇA.
Ladrão pequeno, bandido reles são mostrados nas TV, jornais e rádio e até
procuram esconder a cara. Ladrão grande, de bilhões de reais, desculpem Ex.
Sr. Ministros, de bilhões de dólares, são guardados com cuidado, pois
roubaram a Nação. Segredo de Justiça para quem rouba o acervo do Palácio?
Penso que é injustiça. Quem rouba o QUERIDO BRASIL deveria ser logo preso.
Se funcionário público ainda mais cadeia.
Por que tanta demora em julgar os que são possuidores de fórum
privilegiado? Alguns com vários processos ainda continuam dando palpite na
vida nacional, quando a cadeia é pouca.
Na China homem público roubou é processado e se culpado condenado a morte.
Na Islândia acusado pede demissão. No Japão se suicida. Aqui, no velho
Brasil de guerra, alguns voltam para casa,  outros para casa com
tornozeleira eletrônica e com direito a mil e uma apelação e os pobres
desempregados por causa de ladrões de colarinho branco, cortando o leite
dos filhos.
Quando o Jornalista afirmou que não acreditava no STF o Ministro Marco
Aurélio ficou parado. O rosto impassível. Parecia aquele rosto de uma
senhora com a mão aberta no rosto, lábios ligeiramente abertos e com os
olhos arregalados quando os alemães fizeram o quinto gol na copa do mundo.
Eu, também, pois deixar de acreditar na justiça brasileira é o fim do
mundo.
O Ministro Teori Zavascki (Teori Albino Zavascki), preocupado com o
cumprimento da lei, que é um mérito, não gostou que fosse dado conhecimento
a determinados telefonemas gravados, pois a lei não permite. E roubar o
País não é pior? Por que não julga os poderosos acusados no LAVA JATO? Não
deveriam já se encontrar preso?
Gostaria de saber se os senhores ministros fossem roubados como foi o
Brasil, se os ladrões que avançarem nos pertences de V. Ex. teriam direito
ao tão falado segredo de Justiça?
Ao terminar, gostaria que o meu STF fosse intocável e que a Justiça fosse
para todos.
O ARTIGO 5º DA C F DIZ:
TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI.
GRUPO GUARARAPES
GEN TORRES DE MELO COORDENADOR

Pílulas do Vicente Limongi Netto


Impeachment de Collor
Defensores da permanência de Dilma na Presidência da República, entre eles, juristas, jornalistas, políticos, artistas, analistas  e empresários, na ânsia desesperada  de retrucar aqueles que pensam o contrário, alegam que existiam denúncias que justificavam o impeachment de Collor, situação que, de acordo com a manada favorável a Dilma, não ocorre agora.

Na verdade, a maior bandeira das patifarias usadas pelos algozes de Collor foi um carro Fiat Elba que servia à cozinha da Casa da Dinda. Outra aberração ,em forma de matéria investigativa que os paladinos de barro também usaram contra Collor, foi leviana e irresponsável matéria de revista semanal.
Tratava-se de capenga e atormentada entrevista de ressentido e já doente irmão de Collor, com grotescas e infundadas acusações. Collor foi apeado da Presidência da República por orquestrado e imundo jogo político, e não por corrupção. Tanto é verdade que foi inocentado em dois julgamentos pelo STF.
Como presidente da República Collor jamais induziu, pressionou ou mandou algum ministro brecar ou atrapalhar qualquer investigação em curso sobre o covarde, canalha e imoral impeachment que o arrancou do cargo. Muito menos determinou que fizessem barganhas envolvendo cargos.
Farsante
É cômico e patético se não fosse estúpido. De repente a política ficou repleta de paladinos de meia pataca. Botam  uma máscara desgraçada de isentos. Falam dos adversários políticos como se fossem sábios que descobriram a vacina contra todos os males da humanidade. Só eles prestam. Não têm defeitos. É o caso marcante,  por exemplo, do obscuro e ressentido deputado Roberto Freire(Painel - 11/4), citando com cinismo e torpe ironia, Paulo  Maluf e Fernando Collor. Nem com o telescópio da NASA consigo enxergar em que o pretensioso e arrogante  presidente do PPS é melhor e mais digno do que Maluf e Collor.
Falta Lacerda
Falta Carlos Lacerda, seguramente, a meu ver, o maior tribuno e o mais fulgurante  orador que o Congresso Nacional conheceu. Poucos parlamentares hoje, diria até, raríssimos, têm a inteligência e o brilhantismo do saudoso Lacerda, que também foi respeitado jornalista, que enfrentava todos com firmeza, lucidez e rapidez de raciocínio. Lacerda faz imensa falta.
Melhoraria a qualidade política e mental, da atividade pública, hoje tão em baixa no cenário da vida nacional. O que temos hoje são obscuros e medíocres fantasiados de imaculados, diariamente falando besteiras. Tanto no senado como na Câmara.  Mestres em falar pelos cotovelos , mas não dizem nada que se aproveite em favor da coletividade. São cretinos e cinicos engravatados que botaram na cabecinha ôca que são carrascos e juizes. Não têm espelho em casa. Muito menos autoridade nem moral para criticar ou insultar ninguém. São apenas pigmeus e vassalos da banda podre da midia, que se julga dona da verdade e do Brasil.

Seis por meia dúzia

A surrada, venal e ordinária cartilha dos políticos boçais que tiram onda de imaculados, determinou que Michel Temer saia do jogo, para a entrada triunfal do  bolorento e galhofeiro Romero Jucá.  Mestre na imunda arte de enganar trouxas e desinformados. Jucá disputa com o insano, decaído e medíocre Lindenberg Faria, o troféu do senador mais grosseiro do planeta.  A dupla não respeita a liturgia.

Na sessão de terça-feira ,Jucá e Lindenberg, nas suas débeis argumentações, debocharam do senador Collor. Desrespeitaram o colega e ex-presidente, ausente do plenário. Pura molecagem. Por sua vez, os senadores Cristovam Buarque e Aloisio Nunes foram elegantes em seus apartes ao puríssimo Jucá.  Salientaram  que diante da podridão  e dos escândalos que afundaram o governo Dilma, Collor merece, então,  desculpas dos brasileiros, já que  foi arrancado da Presidência da República por acusações  consideradas irrelevantes e menos graves.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Brasileiros em busca da governabilidade


O ex-presidente Lula, do Partido dos Trabalhadores- PT-, lidera com 21% as intenções de voto segundo recente pesquisa divulgada pela Datafolha a respeito das eleições presidenciais de 2018, seguido pela ex-senadora Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, com 16% dos votos.

O senador Aécio Neves, do Partido da Social Democracia - PSDB-, da Oposição, obteve o terceiro lugar com cerca de 12% dos votos. Lula tem, porém, a maior taxa de rejeição, com 53%, seguido de Aécio Neves, 33%, e Marina Silva, 20%.

No momento em que a Câmara dos Deputados se prepara para votar, no próximo dia 17, na Comissão Especial, o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, esses altíssimos índices de rejeição dos três mais fortes nomes lembrados para disputar o Palácio do Planalto em 2018 tornam clara a dificuldade de se debelar a crise política brasileira a curto ou médio prazos, ainda que Dilma seja impedida de continuar na Presidência, fato que tende a ocorrer.

Analisando-se as pesquisas, constata-se que não surgiu até agora um nome forte e convincente diante do eleitorado para restabelecer a confiança dos investidores internacionais na política brasileira, assolada pela onda de corrupção dos últimos anos.

Haverá verdadeira batalha campal na Praça dos Três Poderes para a votação do impeachment na Câmara, no próximo domingo, diante de um grotesco muro metálico construído para separar os simpatizantes e antipatizantes do impeachment ,que os petistas insistem em chamar de golpe, embora seja forte a corrente de juristas que não consideram assim, pois a medida está prevista na Constituição e, certamente, seria menos traumática, se funcionasse no Brasil o instituto do recall, com a consulta plebiscitária ou referendária feita diretamente ao Povo. Dilma tem o direito de resistir, porque foi eleita, mas o Brasil não pode continuar quase acéfalo..

O próprio PT, quando disputava o poder, valia-se de pedidos de impeachment para desestabilizar o governo, obtendo êxito na saída de Fernando Collor. Agora experimenta na própria carne essa ameaça e denuncia que há uma trama golpista liderada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB-, também alvo de denúncias de recebimento de propinas para reeleição da sua chapa com Dilma.

Os fatos concretos são estes, que refletem a presente crise de governabilidade ou governança:

1.       O governo Dilma Rousseff está completamente estagnado, desde 15 de março passado, quando cinco milhões de brasileiros, cientes das denúncias de corrupção apuradas pela Operação Lava Jato, sob o comando do juiz Sérgio Moro, foram às ruas do Brasil protestar contra a impunidade dos políticos e empresários acusados;

2.      Dilma perdeu a condição de protagonista e não tem como aprovar nenhuma medida econômica importante para restabelecer a fé dos investidores e do povo e nem se encontra com força suficiente para exercer o governo e comandar alguma equipe ministerial;

3.      Lula perdeu sua força carismática, apesar de liderar as pesquisas com baixo percentual, e tende a aumentar mais ainda a rejeição contra seu nome e o “Lulopetismo”, ainda que, nas próximas eleições municipais, o PT se mantenha como partido de esquerda forte, mas não mais como protagonista de governo.

4.      Michel Temer continua silencioso trabalho de composição de sua equipe, para quando assumir a vaga de Dilma, e vem colhendo apoio multipartidário para elaborar um programa de governo que restaure de imediato a confiança dos investidores externos e restabeleça um coeficiente de governabilidade até as próximas eleições presidenciais. Afinal, governabilidade é legitimidade + eficácia. Sem eficácia, perde-se legitimidade, mas, com eficácia, é possível obter legitimidade (é bom lembrar o exemplo do ex-ditador peruano Alberto Fujimori).Em discurso gravado, que vazou para a imprensa, Temer define claramente as linhas do que será sua gestão - a busca de governabilidade.

5.       O juiz Sérgio Moro continua sendo controlado pelo Supremo Tribunal Federal –STF-, que, por causa da contaminação dos Poderes Executivo e Legislativo, cujos presidentes são alvos de denúncias, é o único elo da cadeia sucessória em condições de acionar as Forças Armadas em caso de ameaça aos poderes constituídos, à lei e à ordem. Mas, até o STF, com dez dentre 11 juízes nomeados por Lula e Dilma, tem sido acusado de práticas bolivarianas. Comandos militares acatam a posição da Corte, mas só até os limites dos valores ideológicos e doutrinários da instituição militar. Além desses limites, imperaria a  última rattio regun”.
 

 

 

 

domingo, 10 de abril de 2016

O Poder, A presente crise


Adriano Benayon *
 
A política trata do poder. Como ensinou Maquiavel  - o principal mestre da ciência política – a questão fundamental é conquistar e manter o poder.
2. O nome de Maquiavel ficou, para muitos, associado à crua violência e à falta de escrúpulos que ele descreve, ao avaliar o jogo político. Dizem e repetem que, para ele, os fins justificam os meios, e isso parece ser uma condenação definitiva.
3. Antes de apreciar se essa condenação é bem fundada, e o que está por trás dela, lembro que Maquiavel foi reverenciado por Spinoza, grande gênio da filosofia do Século XVII, quando, a meu ver, a filosofia atingiu seu cume.
4. Pode ter havido filósofos (não muitos) de valor intelectual comparável a Spinoza,  mas nenhum de seu porte ético, o que é interessante em relação ao conceito que ele teve de Maquiavel.
5. Não há como ignorar ou desprezar os fatos. Eles recaem sobre as pessoas. Os povos e as nações têm sido vítimas de exploração,  manipulações e violências inimagináveis, por parte de oligarquias e tiranos. Não é fácil conceber que se possam liberar de tais afrontas a suas vidas e à sua dignidade, sem recurso aos meios que viabilizam dispor de poder.
6. Na lição do próprio Maquiavel, esses meios são o ouro e as armas. No caso, entenda-se a palavra ouro representando a finança, incluindo os patrimônios transformáveis em dinheiro, e o controle dos meios físicos de produção, ou seja, o poder econômico, em seu todo.
7. Não admira que as oligarquias cuidem ciosamente de concentrar esse poder, bem como de manter todo tipo de armas sob seu comando e controle.
8. Diferenciemos os termos oligarquia e elite. Isso é, não só importante, como, amiúde, deixado de lado. A oligarquia é um grupo de pessoas ou famílias que usam seu poder dominando e subjugando os povos e as nações.
9. Elite tem dois sentidos. Um, genérico, abrange também a oligarquia e também qualquer grupo que se destaque por seu valor, incluindo dotes  como liderança, coragem, inteligência, know-how.
10. Este é a elite, propriamente dita, grupo dotado de valor, que tem por meta exercer o poder, assentado no consentimento e na participação da maioria do povo, que precisa fortalecer, educar e preparar, até para enfrentar a oligarquia.
11. Cabe, pois, à verdadeira elite, à qual devem ter acesso oriundos de estratos populares, ligar-se à respectiva nação e liderá-la na formulação de seus projetos de desenvolvimento econômico e social.
12. Maquiavel propugnava, para a Itália de seu tempo (transição do Século XIV para o XV), o comando de um príncipe capaz de unificar a nação, dividida em numerosos Estados e tendo regiões ocupadas por forças militares de potências estrangeiras. Para ele, os príncipes assentariam seu poder, tornando o povo contente.
13. Evidentemente, não havia como alcançar tais objetivos a não ser pelos meios que secularmente sustentam o poder: ouro e armas.
14. Nos tempos atuais, é o império angloamericano que recorre a esses meios em doses colossais, aos quais agrega mais recursos, derivados desses dois: manipulação da informação, pela grande mídia – que dispõe de recursos visuais e acústicos eletrônicos, técnicas de psicologia social aplicada etc. - e por institutos, entidades, universidades e outros centros formadores de opinião.
15. Ao mesmo tempo, concentra poder econômico, aumentando-o principalmente por meio da finança, controlada pela oligarquia banqueira, e faz na indústria de armamentos o grosso dos investimentos materiais.
16. Às nações é oferecido – para se iludirem, imaginando participar do poder – o simulacro de eleições, cada vez mais manipuladas. Grana distribuindo recursos para as campanhas eleitorais e dominando a grande mídia, principalmente a televisiva, de maior impacto.
17. Isso não tem bastado para assegurar, de modo completo, o aprofundamento da penetração imperial. Daí as “revoluções coloridas”, movidas por serviços secretos das potências imperiais e entidades a elas ligadas, ONGs etc., as quais promovem manifestações de rua, atentados etc..
18. Assim, realizam golpes institucionais, combinando a pretensa vontade de manifestantes com a infiltração em poderes do Estado, inclusive polícia federal e  Ministério Público. 
* - Adriano Benayon é doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Alemanha; autor de Globalização versus Desenvolvimento.
A presente crise
Adriano Benayon * - 30.03.2016
Muitos correspondentes perguntam como o Brasil poderia livrar-se da crise econômica e política.
2. Trata-se, como em toda crise, de sintomas agudos das perdas e da deterioração do organismo (no caso o País).
3. Iludem-se os que cogitam de que ela provém somente da tentativa keynesiana, na gestão de Mantega na Fazenda, de elevar o financiamento público para investimentos produtivos de grandes empresas.
4. A crise foi agravada com o  término dessa política anticíclica, ao iniciar-se, em 2012, o segundo mandato da presidente da República, e ser adotada a brutal elevação dos juros, bem como cortes orçamentários, ambos  danosos à economia e ao social, a pretexto de sanar o desequilíbrio financeiro.
5. De fato, as duas coisas convergem para deprimir ainda mais a economia e o emprego. E são contraditórias em relação ao pretenso objetivo, pois a elevação dos juros - na dimensão que teve, e incidindo sobre estoque de dívida interna de R$ 4 trilhões -  causa aumento da despesa pública muito superior ao corte de gastos.
6. Os efeitos não poderiam ser mais perversos. Significam violento ataque sobre um organismo fraco, e que já sofreu, ao longo dos anos, crises devidas ao crescimento errado e a sucessivas tentativas de correção, com danos adicionais ainda mais pesados.
7. Por que o organismo ficou fraco? Devido a  causas estruturais, que acarretam as crises. A causa fundamental é desnacionalização, que conduz à desindustrialização e à concentração. As três coisas não cessaram de aumentar nestes 62 anos.
8. As doenças socioeconômicas têm sido exponenciadas pela deterioração das instituições políticas e pela profunda penetração política e cultural (anticultural) dos carteis transnacionais e de entidades internacionais e de potências estrangeiras.
9.  Essas instâncias intervêm no País, não só através de pressões financeiras, atribuídas ao “mercado financeiro”, mas de pressões políticas, intensificando as causas estruturais da insanidade.
10. A cada momento, surgem mais sintomas desse quadro patológico. O Estadão noticia, em 28 do corrente:
“Só em São Paulo, 4.451 indústrias de transformação fecharam as portas em 2015, número 24% superior ao de 2014.” 
“Muitos trabalhadores demitidos não receberam salários e rescisões. De acordo com o IBGE, entre novembro e janeiro, a indústria brasileira fechou 1,131 milhão de vagas, recorde para um trimestre.”
11. Não são só pequenas empresas. Em Guarulhos, há pouco, as metalúrgicas Eaton, Maxion e Randon encerraram suas atividades.
12. Nos implementos rodoviários houve retração de 50%. A têxtil Polyenka, de Americana (SP), que já tivera 2.000 empregados, deixou de produzir.
13.   A MABE, linha branca, também com 2.000 empregados, pediu falência em fevereiro e fechou as fábricas de geladeiras Continental em Hortolândia e de fogões Dako em Campinas.
14. A grande empresa de autopeças Delphi fechou duas fábricas em 2015, em Mococa (SP) e Itabirito (MG), e este ano completa a transferência da unidade de Cotia para Piracicaba (SP). 1,7 mil trabalhadores perderam os empregos.
15. Antes da queda de 8,7%, em 12 meses até janeiro de 2016 (dado do IBGE), a indústria caíra de 35% (anos 80) de participação no PIB, para menos de 10%.
16. O País regride, em condições piores que as do início do Século XX, à condição de exportador de bens primários. Avultam desastres terríveis, como a lama tóxica da mina de ferro da SAMARCO (Vale desnacionalizada e a transnacional Billiton), que devasta grandes áreas e o Rio Doce, e até o mar. Há tragédias potenciais desse tipo.
17. Na agropecuária, desastre permanente de enormes dimensões, determinado pela subordinação da estrutura econômica e da infraestrutura às conveniências dos “mercados” importadores.
18. Veja-se: “O Brasil consome 20% dos agrotóxicos”.  De longe, o maior do mundo no uso desses venenos. Ademais, usa 14 agrotóxicos proibidos em outros países. Ora,  a incidência de câncer é três vezes superior à média em áreas contaminadas por agrotóxicos.
19. Em função do agronegócio, cujo objetivo é produzir para países industrializados, metade da área utilizada pela agricultura no Brasil é para a soja, quase toda transgênica.
20.  Ademais, o cartel transnacional das sementes transgênicas e fertilizantes e pesticidas químicos impingiu a aceitação desses flagelos, que estragam solos, subsolos e águas, e intoxicam agricultores e consumidores.
21. Grande número de brasileiros come alimentos cozinhados com óleo de soja transgênica, sem informação  para procurar nos rótulos o microscópico T, nem dinheiro para opções de oferta limitada.
22. O poder combinado das transnacionais e dos ruralistas, grandes doadores de recursos de campanha, explica o apoio oficial a grandes projetos mineradores e às fazendas industrializadas.
23. Os ruralistas têm quase a  quase metade dos 594 parlamentares e tornaram inócuas as leis proibitivas de plantas geneticamente modificadas.
24. Respondendo à pergunta inicial: com a permanência da presidente ou sua derrubada, o cenário é péssimo, nada havendo a esperar de honesto nem de salvador por parte dos pretendentes. O moralismo, manchado pela seletividade, tem servido para intensificar a desnacionalização e a desindustrialização, queda da produção e o desmonte da Petrobrás e empresas de engenharia.
25. Não há saída sob o atual regime. Tampouco, sob um calcado nos governos de 1964 a 1984.
 
* - Adriano Benayon é doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Alemanha; autor de Globalização versus Desenvolvimento.