terça-feira, 25 de março de 2014

50 anos da Revolução causam tensão no País


Há certa tensão no ar e na mídia acerca dos 50 anos da Revolução de 31 de Março de 1964. Pelas redes sociais, circulam convocações para comemorações abertas em praças públicas, e pela mídia, em especial a imprensa escrita, se promovem debates para interpretação dos fatos que levaram à deposição do Presidente João Goulart e à instauração do regime militar, que durou 21 anos.

O único ex-presidente a falar sobre o assunto, em entrevista à “ Folha de S.Paulo”, foi Fernando Henrique Cardoso, que na época se exilou no exterior. FHC ainda vê resquícios do regime de 64 nas atuais relações tensas entre o Poder Executivo, da Presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, e o Congresso Nacional, dominado pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB. O PMDB que apareceu e se consolidou durante a vigência do regime de exceção, liderado por Tancredo Neves e Ulysses Guimarães.

Para FHC, não há clima para nenhum golpe. Obviamente, fala em causa própria do Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB-, o seu partido, que terá como candidato à presidência o senador Aécio Neves, do Estado de Minas Gerais, que tenta firmar-se como principal voz da oposição brasileira.

O PSDB usa um discurso de desgaste da Presidente Dilma Rousseff, com base nas operações desastrosas efetuadas pela Petrobrás, que fizeram a empresa cair do 25º lugar, no ranking das empresas multinacionais do setor, para a 125º colocação. Mas, curiosamente, evita atacar a pessoa do ex-Presidente Lula da Silva, responsável pelo descalabro na empresa, através de dirigentes prepostos, entre os quais Sérgio Gabrielli

Acredito que falar em golpe, de que lado seja, em período de Copa do Mundo e eleições presidenciais, não deixa de ter sua razão de ser, pois a mistura Copa/Eleições é explosiva, ainda mais diante das manifestações de rua contrárias aos gastos com a construção de estádios de futebol, quando há setores carentes de recursos, como a saúde, educação e transporte.

Conversando com um motorista de táxi, à saída do aeroporto de Brasília, ele afirmou que não acredita que o Brasil ganhará a Copa e na reeleição da Presidente Dilma Rousseff. “Aliás –frisou- não acredito na eleição de nenhum dos candidatos que se apresentam, e torço para que os militares reassumam o governo.”

É assim a democracia brasileira, uma democracia mitigada e desmobilizante, que funciona precariamente, sem que apareça uma oposição de verdade para alterar o status quo vigente. Uma democracia sem diversidade de idéias, embora o Brasil tenha um mercado automotivo fantasticamente diversificado em termos de marcas e modelos de automóveis, ônibus, caminhões e máquinas agrícolas. Observando o trânsito nas capitais, raramente se vêem duas ou três marcas iguais rodando próximas entre si.

Voltando às comemorações da Revolução de 31 de março de 1964, os militares da ativa, sujeitos ao regulamento disciplinar, estão proibidos de se manifestarem, mas os militares da reserva , também em parte sujeitos às normas disciplinares específicas do segmento, ensaiam mobilizações  nos clubes e nas ruas que podem ganhar proporções desafiadoras ao governo.

Os militares inquietos com os rumos tomados pela Comissão da Verdade, criada pelo governo para apurar eventuais abusos praticados contra os direitos humanos durante o regime militar, acreditam que se trata de manobra revanchista e contrária ao espírito da Lei da Anistia promulgada durante o Governo Figueiredo. Acreditam que, nesse sectarismo ideológico, caberia também o enquadramento dos que participaram da luta armada contra o regime, matando e sequestrando pessoas e assaltando bancos. Entre os participantes, várias personalidades do PT e a própria Presidente Dilma Rousseff.

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