quinta-feira, 24 de julho de 2014

A prática da irresponsabilidade no Brasil


Uma crise de responsabilidade por parte das autoridades legalmente constituídas vem assolando o Brasil, estabelecendo uma espécie de acefalia ética e moral das instituições públicas e privadas.

O ex-presidente Lula sempre nega, com êxito, que não tinha conhecimento de um esquema de corrupção baseado na compra de votos parlamentares para apoio ao seu governo, o processo denominado “Mensalão”, que levou à condenação do seu ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e outros parlamentares e empresários.

Lula não foi ao menos convocado para depor perante o Supremo Tribunal Federal - STF-, e toda a nação, aparentemente, acredita que  Lula não sabia que o ministro José Dirceu liderava o esquema de compra de votos .

Agora, a Presidente Dilma Rousseff, que disputa a reeleição em outubro, é isentada pelo Tribunal de Contas da União – TCU-de culpa pela compra, pela Petrobrás, da usina de Pasadena, nos Estados Unidos, operação que causou vultoso prejuízo à estatal brasileira. Mas, como é possível que a Presidente Dilma não soubesse das negociações feitas pelos seus subordinados? E agora, por causa das eleições, o TCU a isenta de culpa?

O candidato do  Partido da Social Democracia Brasileira -PSDB - à Presidência, senador Aécio Neves, com chance real de vencer Dilma, é acusado  (mas nega) de ter favorecido sua família , quando governador, construindo aeroporto de 14 milhões de reais em terras desapropriadas de seu tio-avô,  no município de Cláudio, no estado de Minas Gerais. As obras estão lá, para qualquer cidadão conferir.

O então técnico da seleção brasileira de futebol. Luiz Felipe Scolari, cinicamente, responsabilizou pelo retumbante fracasso do time brasileiro na Copa do Mundo os “seis minutos de apagão” na partida contra a seleção da Alemanha, nas quartas-de-final, quando o Brasil perdeu de 7 a 1. Em nenhum momento, o “balcão de negócios” que é a seleção foi mencionado pelo técnico e os dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol - CBF.

Declarações evasivas e cínicas, fuga de responsabilidade por erros cometidos no trato da coisa pública e linguagem política esquiva têm sido práticas comuns no Brasil de hoje pelos governantes e pelas autoridades investidas em cargos e atribuições que dependem da confiança e do voto popular. Um péssimo exemplo às novas gerações de brasileiros.

Como é possível a um país que almeja uma cadeira no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas cultivar práticas tão deletérias ao bem comum é a causa da governabilidade? Ninguém sabe, ninguém viu, eis a ética prevalecente no poder brasileiro atual.

Nenhum comentário:

Postar um comentário