sábado, 6 de dezembro de 2014

Só um alerta e O cerco à indústria brasileira de defesa


Gélio Fregapani(Membro da Academia Brasileira de Defesa)
Só um alerta
O Petróleo e a Corrupção
A crise internacional do petróleo deve intensificar a ofensiva externa para que o Brasil privatize a Petrobrás e o pré-sal. Desgastar a imagem da estatal é uma forma de criar condições políticas para que isso ocorra. Vale tudo para desmoralizar a Petrobrás, de modo a tornar irreversível a privatização da empresa. 
Apesar das licitações viciosas, apesar de todas as corrupções, as encomendas da estatal petrolífera nacional dinamizam a indústria nacional para fabricação de insumos, peças e equipamentos que impulsiona o desenvolvimento dos componentes nacionais, sendo razão principal do desenvolvimento da indústria brasileira, no campo do desenvolvimento tecnológico e na criação de empregos de qualidade. Isto, naturalmente, mesmo sem a corrupção, deixaria a produção mais cara, mas não podemos deixar que a crise que estamos vivendo mate a indústria e o desenvolvimento tecnológico.
É obvio que as firmas estrangeiras estão de olho nesse mercado além de punir os corruptos temos que desenvolver os componentes nacionais e isto tem um custo extra, mas é o único caminho para a independência.Temos que punir os ladrões sem desmanchar nem privatizar as empresas.
Na Energia Nuclear
Uma notícia de sentido estratégico. A usina nuclear Angra I receberá, pela primeira vez, na próxima recarga de combustível de 2015, urânio enriquecido no Brasil. Até o presente momento, todo o urânio usado como combustível na usina era enriquecido no exterior.
Não tem sido fácil o nosso avanço no setor nuclear. O enriquecimento do urânio é tido como uma atividade perigosa, pois pode levar à confecção da bomba atômica. Enriquecer urânio, mesmo em proporção inferior à necessária para a fabricação da bomba, sempre foi atividade obstruída pelos Estados Unidos e países. Isto terminou impedindo, ou dificultando muito, o uso da tecnologia nuclear mesmo para fins pacíficos pelos demais países, criando um fosso entre os que detêm essa tecnologia e os demais.
Entre os países que foram mais atingidos por esse cerco, está o nosso Brasil, que dispõe da sexta maior reserva de urânio do mundo, capaz de abastecer uma dezena de usinas por muito tempo, mas devido a covardia (ou a traição) de três Presidentes, ficamos privados de lançar mão dessa enorme riqueza disponível com que a natureza nos dotou.
No Transporte - Nova traição?
O ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, garante que o governo fará força para ser aberto 100%  do mercado de aviação a estrangeiros. Hoje, uma companhia de fora não pode ter mais do que 20% de capital em uma empresa aérea nacional.
Em navegação marítima, a abertura já está em vigor. Um grupo estrangeiro, que se estabeleça no Brasil – mesmo com 100% do capital em mãos de acionistas do exterior –, tem todos os direitos dos brasileiros, o que inclui o acesso ao crédito do Fundo de Marinha Mercante.
A exigência é ter subsidiária no país. Abrir mão de uma Marinha Mercante nacional é renunciar a uma posição proeminente no concerto das nações. A navegação, especialmente a cabotagem, é estratégica para uma nação. Abrir mão dela é ficar a mercê dos estrangeiros, mais ainda do que no caso das empresas aéreas.
Na Indústria Bélica
Já há algum tempo, tivemos informes de que a nossa única fabricante de munição leve – a CBC, poderia não ser brasileira e que teria sua sede numa ilha do Caribe, que ainda vendia munição para o estrangeiro por nove vezes mais barato do que para o nosso Exército. Se confirmados esses informes, isto caracteriza uma grave vulnerabilidade, facilmente perceptível. O que confirmamos é que o próprio Exército tem bloqueado empresários que desejem fabricar munição no País, a pretextos burocráticos que não dá para aplaudir.

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