quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Jornalismo, profissão letal no mundo inteiro


O ataque, no último dia 7, ao jornal satírico parisiense “Charlie Hebdo”, que resultou em 12 mortos e 11 feridos, é abominável, mas, pior é a estatística da Federação Internacional de Jornalistas - FIP-, que revela a morte de 118 jornalistas no mundo inteiro, em 2014, vários deles decapitados em público.Na América Latina, foram mortos 66.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) registra que, entre 2000 e 2014, morreram 38 jornalistas no Brasil, 56 na Colômbia e 81 no México. Brasil, Paraguai e México estão na lista dos vinte países mais perigosos para a profissão, segundo Comitê de Proteção aos Jornalistas-CPJ-.

Choque de civilizações, como sugere a obra de Samuel Huntington? O caso parisiense sugere um ingrediente ideológico e cultural referente ao fundamentalismo islâmico, mas os demais mencionados nas estatísticas acima têm raízes diversas: Autoritarismo arraigado e cultura antidemocrática e elementos de violência potencialmente disruptiva, tais como tráfico de drogas, disputas internas territoriais do crime organizado e disputas de terras no campo, além da pobreza que, no mundo inteiro, afeta cerca de três bilhões de pessoas, gerando um caldo de cultura propício a toda forma de violência.

Quando se ataca a liberdade de expressão, a primeira vítima é a democracia. Não importa se o ataque foi feito a um jornal de charges, para o qual não existe temática sagrada, ou se a um dos 71 milhões de blogs que, segundo se estima, existem no mundo. Qualquer tentativa de calar a imprensa deve ser repudiada. Assim entendo, como membro da Comissão de  Ética e Liberdade de Expressão das  Associação de Imprensa do Distrito Federal.

O mundo é grande, mas os meios de comunicação tornaram-no pequeno, uma aldeia global, como previra o filósofo canadense Marshall Mc Luhan, o papa da comunicação, que vislumbrou o aparecimento da web há décadas.

Aproveitando esse momento de tensão na área da imprensa, quero observar que a secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, chefiada por Thomas Traumann, poderia ser transformada em Ministério, não se deixando ao Ministro das Comunicações (o anterior era Paulo Bernardo e o novo é Ricardo Berzoini) a complexa tarefa de administrar o setor da mídia como se fosse um adendo ao poder central. Não, a mídia é estratégica na comunicação política e para a governabilidade, e requer um especialista de alto nível político, técnico e intelectual para sua gestão.

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