quarta-feira, 29 de abril de 2015

Pílulas do Vicente Limongi Netto


Indonésia serve de exemplo
O caso da execução do brasileiro na Indonésia precisa ser analisado sem demagogia e sem hipocrisia. As leis da Indonésia são claras e rigorosas. Não há a menor possibilidade de perdão para quem entrar no país com drogas.
Não é correto nem inteligente sustentar discussão criticando e insultando a soberania da Indonésia simplesmente porque aquele país tem leis duras e exemplares e não abre mão delas. Quem entra na Indonésia fica logo sabendo que lá traficante não se cria.
O governo brasileiro erra ao insinuar que pretende estudar retaliações econômicas com a Indonésia.  O Brasil agiria bem, teria o apoio da coletividade, se também agisse com rigor e precisão cirúrgica contra bandidos, assassinos, traficantes, sequestradores e pedófilos. Corja imunda de ordinários que destroem famílias.  Não demora, estão soltos e impunes. Com um porém: Se as leis brasileiras fossem enérgicas e fuzilassem traficantes, sem demora acabaria o estoque de balas no país.
Senador Omar Aziz quer indústria de fertilizantes no Amazonas
O senador Omar Aziz foi incisivo ao questionar o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, durante audiência da Comissão de Assuntos Econômicos     no Senado Federal. Membro titular da CAE, Omar ressaltou a importância de indicações técnicas ao invés de políticas para os cargos de direção nas estatais e defendeu a criação de uma indústria de fertilizantes no Amazonas.
“Como é que o Brasil, que é um País agrícola, não tem uma indústria de fertilizante, tendo a terceira maior jazida de potássio do mundo? E nós temos o seguinte: temos nitrogênio no gás, temos o potássio, falta só o fósforo. Você teria uma indústria química no Estado do Amazonas hoje, gerando emprego e acabando com a importação de fertilizante, que é necessário”, afirmou Omar.
Na avaliação do parlamentar, Bendine deve exigir que os diretores da Petrobrás sejam nomeados da sua confiança. “Não indicação de partido político, para dar apoio político. Isso é que acabou com o maior patrimônio do Brasil, que é a Petrobrás; isso deixou a Petrobrás na situação em que está hoje”, analisou.
Omar lembrou ainda de conversas que manteve com a então presidente da Petrobrás, Graça Foster, quando era governador do Amazonas. O agora senador criticou que a estatal tenha privado o Amazonas de investimentos, ao mesmo tempo em que escândalos aconteciam nos bastidores.
“Quando eu a procurei para que a Petrobrás fizesse os investimentos, a Graça Foster disse para mim na época que não tinha condições de fazer os investimentos. E depois eu me assusto, porque debaixo dela passou tanto dinheiro que a Petrobrás perdeu em coisas não lícitas neste País, e não tinha dinheiro para investir em meu Estado. Mas tinha dinheiro para fazer superfaturamento de obra, tinha dinheiro para fazer aditivos, tinha dinheiro para fazer investimentos em Pasadena. Tinha dinheiro para isso e aquilo, mas não tinha dinheiro para colocar no Estado do Amazonas”.
Empossado em fevereiro como presidente da Petrobrás, Bendine concordou com o Senador Omar Aziz sobre a importância de indicações técnicas e explicou como está atualmente a composição da Estatal. “Sou originário do Banco do Brasil, assim como Ivan Monteiro, o Diretor de Finanças. O Diretor de Governança, Risco e Conformidade foi selecionado em um processo de headhunter no final do ano passado, e tomou posse, também, no início de fevereiro, vem do mercado. E os cincos demais diretores, das áreas específicas da Petrobrás, são funcionários de carreira e estou bastante satisfeito com o trabalho deles. São técnicos brilhantes de dentro da própria casa”, assegurou.
“Fico devendo a informação do volume de fertilizantes empregados nos últimos quatro anos, notadamente de potássio, mas me comprometo a lhe passar pessoalmente depois esses dados envolvendo, inclusive, o seu Estado, Amazonas”, finalizou Bendine.
Ração para eles
Mandarei pelo correio uma caixa de ração para todos os formidáveis deputados e senadores que insistem em exigir o impeachment de Dilma.
Verme
Um verme sem cérebro que assina sandices com a alcunha de Mirson Murad, novamente joga as patas imundas contra Collor, no blog Hélio Fernandes. Não perderei meu tempo dando trela ao canalhão e recalcado Murad. Apenas lembro ao imbecil que Collor foi absolvido em dois julgamentos pelo STF de todas as acusações de seus levianos detratores e foi reeleito senador pelo PTB de Alagoas. Suja é a cabeça oca do Murad. Sugiro que enfie a cara na privada e dê a descarga.
Recalque
Bernardo Mello Franco até que é razoável analista politico. Acerta mais do que erra. Mas, como muitos outros jornalistas, escorrega feio no tomate quando resolve comentar o que não conhece (Opinião- Folha- 23/4).
Foi o que ocorreu, quando Bernardo também bota na conta do novo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, a derrota de 7x1 para a Alemanha. Futebol é esporte dinâmico, repleto de variações. Contudo, a FIFA ainda não descobriu a fórmula do  dirigente esportivo ganhar alguma partida sem entrar em campo para jogar e, muito menos, sem colocar chuteiras nos pés.
Quanto ao fato de Bernardo Mello Franco permanecer desapontado e pessimista com os rumos do futebol brasileiro, sugiro que comece desde logo a fazer campanha para quem sabe, um dia, ser presidente da CBF. Aí, claro, as coisas melhorarão. Mas aguarde até 2019, quando termina o mandato de Marco Polo Del Nero.  

Tiradentes: herói ou mártir?


J. Bernardo Cabral (advogado, ex-deputado federal,ex-ministro da Justiça e ex-senador)
Feriado nacional: dia 21 de abril, exatamente o da execução de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, considerado hoje herói nacional e mártir da Inconfidência Mineira, o patrono cívico do Brasil e das Policias Militares dos Estados.

Salto o capítulo da sua infância, mocidade, sua prática farmacêutica, dentária, de minerador, até se alistar na tropa da então Capitania de Minas, da qual, apesar de atingir o grau de Comandante do Destacamento dos Dragões, não conseguiu passar do posto de Alferes (era a patente inicial, à época) equivalente hoje ao posto de 2º tenente.
Pede licença da tropa e vai morar no Rio de Janeiro, onde seu esforço não é reconhecido onde trabalhava – abastecimento de água – o que lhe motiva o retorno para Minas Gerais, mas precisamente Vila Rica (hoje Ouro Preto).
Começa aí o seu desempenho pela Inconfidência – nome dado à rebelião ou movimento pela Independência – aliando-se a expoentes do clero e da elite mineira – tendo como exemplo a independência das colônias da América do Norte em face da Inglaterra, das ideias liberais que circulavam na Europa e a decretação pelo Governo Imperial Português da Derrama, medida administrativa que permitia a cobrança de impostos, ainda que, para isso, fosse necessário prender aquele a quem era feita a cobrança. A conspiração estava em marcha. (A senha era: tal dia – é o batizado. O dia do batizado seria a data da derrama).
Para encurtar a crônica, a conspiração foi abortada porque um dos inconfidentes, Silvério dos Reis, traiu os seus companheiros, e a delação chegou ao conhecimento do Vice-Rei, no Rio de Janeiro, que determinou a investigação conhecida como DEVASSA. Uma traição mudou a História do Brasil.
Todos os inconfidentes foram presos e julgados ( o processo foi ultimado em três anos), uns condenados à morte e outros ao degredo, mas acabaram as sentenças, pela clemência da Rainha, alteradas só para degredo. E é aí que avulta a figura de Tiradentes: terminou por assumir toda a responsabilidade e inocentou os companheiros.
O resto foi o cumprimento da sentença naquela manhã de sábado, no Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792: “Manda que com braço  e pregação seja conduzido pelas ruas públicas desta Cidade ao lugar da forca e nela morra pela morte natural para sempre e que depois da morte lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, donde será conservada em poste alto junto ao lugar da sua habitação, até que o tempo o consuma; que seu corpo seja dividido em quatro partes e pregado em iguais postes pela estrada de Minas nos lugares mais públicos”... e “que a casa da sua habitação seja arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique”.
Na atualidade, o País é que está sendo esquartejado!

 

terça-feira, 28 de abril de 2015

Quem manda no País


Adriano Benayon *
 
É importante, especialmente em situações críticas como a que vivemos no Brasil, atentar mais para os fatos que para ideologias. Não que teorias não possam ser úteis, mas,  para gente honesta e consciente de seus interesses,  elas só se validam se forem conformes à  realidade. 
2. Ao contrário, o sistema de poder concentrador -  que objetiva, sobre tudo, acumular mais poder - emprega intelectuais para criar teorias, que mistificam os povos,  e, mercê do controle sobre a mídia, as transforma em “verdades”,  aos olhos da maioria. 
3. Não importa se você é de direita ou esquerda: Se é brasileiro, está sendo brutalmente saqueado, salvo as infames exceções dos agentes e colaboradores da oligarquia financeira internacional.
4. Tampouco importa se você é militar ou civil ou, ainda, se é adepto da intervenção do Estado, ou se acredita numa quimérica livre iniciativa, praticamente inexistente onde se admitem e subsidiam carteis.
5. Enrolados por doutrinas e por distorções dos fatos, os  brasileiros brigam por causa de opiniões e teorias, como o império angloamericano mundial gosta, pois sempre investiu em dividir suas vítimas com antagonismos ideológicos e querelas religiosas, étnicas e outras.
6. É como uma cidade cujos residentes  se digladiam, enquanto suas casas são ocupadas por assaltantes armados.  E quanto mais se distraem nisso, mais aumenta o saqueio.
7. O colossal esbulho cresce e alcança novas áreas, sob um sistema político caracterizado pela corrupção sistêmica e no qual, em todas as instâncias, se verificam manifestações de acordo, ainda que implícito, com a dominação exercida pelos carteis transnacionais e por grupos financeiros concentradores.
8. Demonstra ser tal sistema imprestável, não haver nele partido político algum,  de expressão, que se oponha a esse estado de coisas.
9. O que a massa de trabalhadores, empresários, gerentes, técnicos, funcionários civis e militares não percebe – porque lhe é cuidadosamente ocultado – é que os políticos, como o gato da fábula milenar  de Esopo, tiram as castanhas do fogo para a raposa, os carteis financeiros e econômicos transnacionais.
10.  Grande quantidade  de gente indigna-se contra alguns políticos e executivos, colocados na Petrobrás, receptores de  propinas de grandes empreiteiras, e reclama a privatização da estatal e/ou penas letais para essas empreiteiras.
11.  Ressalvado que esses delitos envolvem quantias de menor monta, comparadas aos prejuízos que a corrupção sistêmica causa ao País, e mesmo a outros casos de corrupção derivada, a indignação é compreensível. 
12. Porém, esse tipo de resposta aos escândalos da Operação Lavajato denota visão  obscurecida pela cobertura do assunto na grande mídia, sempre vinculada aos  interesses antinacionais.
13. Há verdadeira campanha midiática em cima dessa Operação, enquanto  se oculta a corrupção sistêmica e as praticadas por empresas transnacionais, grandes bancos e políticos afinados com esses concentradores.
14. O trabalho da grande mídia é alimentado pelo  tratamento dado ao inquérito pelo juiz que o preside, abusando da delação premiada, fazendo  vazamentos à mídia e  mantendo presos, indevida e prolongadamente, executivos das empreiteiras, postura com a qual colaboram membros do Ministério Público.
15. Em vez de haver investigação isenta e eficaz, vê-se desrespeito a direitos constitucionais dos acusados, o que é o oposto da propalada sede de justiça e pode frustrar, mais adiante, a punição dos responsáveis.
16. O resultado é que: a) as atividades da Petrobrás e as da engenharia nacional privada são prejudicadas; b)  são reforçados,    na opinião pública, falsos conceitos, de há muito inculcados, de que estatais são inconvenientes e as empresas privadas nacionais são intrinsecamente corruptas, enquanto essa não seria a regra entre as estrangeiras.
17. Estando a maioria dos parlamentares alinhada com os financiadores de suas eleições, e a chefe do Executivo pouco  resistente a pressões dos concentradores, fica claro o assalto transnacional às fabulosas reservas de petróleo descobertas pela Petrobrás, tramado em projeto-de-lei do senador J. Serra.
18.  Esse desempenhou,  no governo de FHC, papel destacado nas privatizações, quando a União entregou setores inteiros e fabulosas estatais, gastando, para isso,  dinheiro público em montante muito superior às receitas dos leilões.
19. O jornalista Motta Araujo observou, em artigo recente, no Jornal GGN, a inexistência atual, no Brasil, de um centro de poder político, como na antiga tradição presidencialista do País.
20. De fato, espaços de poder, antes do presidente,  vêm sendo ocupados pelo Legislativo e pelo Judiciário, e parte do Ministério Público e da Polícia Federal agem em aguda dissintonia com o Executivo.
21. Os países que caminharam na direção de se tornar potências, o fizeram havendo  harmonia entre os poderes e preponderância de uma só autoridade, fosse o presidente nos EUA, fosse o primeiro-ministro nos regimes parlamentaristas ou, ainda, o chefe do partido único, sob os regimes centralizados da Rússia e da China, respectivamente na primeira e segunda metades do século 20.
22. E mais letal que o esfacelamento do poder no âmbito interno, por si só suficiente para inviabilizar o desenvolvimento, é ser o poder real exercido de fora do Brasil.
23.  Essa situação decorre das intervenções do império dirigido pela oligarquia financeira angloamericana, através de golpes de Estado –coordenados pelos serviços secretos dos EUA, do Reino Unido e de potências coadjuvantes – e mediante corrupção e cooptação de muitos nos setores público e privado, ademais de investimentos constantes  para controlar os meios de comunicação social, desinformar, arrasar a cultura e abaixar os valores éticos e a  qualidade da educação.
24.   A estratégia da dominação teve por ponto de partida o controle dos meios de produção e financeiros. O primeiro e decisivo impulso foi dado, de 1954 a 1960, quando os governos egressos do golpe de agosto de 1954 e o da eleição de JK do final de 1955 proporcionaram às empresas multinacionais (transnacionais) colossais favorecimentos para assenhorear-se dos mercados no País, desde a  Instrução 113 e seguintes da SUMOC, em janeiro de 1955.
25. Esse processo nunca mais foi estancado, e foi acelerado durante a maioria dos mandatos, pois a regra ficou sendo adotar políticas do agrado das transnacionais, que se haviam tornado a classe dominante.
26. Os EUA e seus parceiros impuseram, quando quiseram, golpes de Estado, em que a intervenção militar direta funcionou como  ameaça, ou recurso em caso de o resultado não ser obtido sem ela. 
27. A subida ao poder de líderes nacionalistas e dotados de atratividade eleitoral, foi impedida através de medidas discricionárias, nos 20  anos de governos militares, e novamente sob a democracia de fachada instituída em 1988, mediante inúmeras jogadas e fraudes políticas e mediáticas em prejuízo de Brizola e Arraes e, mais tarde, do Dr. Enéas.
28. Não é possível ignorar a ilegitimidade das “escolhas” de Collor e FHC para presidir a República, a não ser sob a ótica bitolada dos que não percebem as colossais manipulações e abusos de poder nem os esquemas de corrupção praticados com esse fim.
29. Tampouco se pode  entender a política dos governos encabeçados por Lula e Dilma, sem ter notícia dos acordos e conchavos destes com os mentores imperiais de seus predecessores.
30. Resumindo, os  membros do Judiciário e do MP  deslumbrados com os holofotes da mídia corrupta que agem com desenvoltura e até contra a lei, só o fazem por estarem agradando as transnacionais e a oligarquia local a elas vinculada.
31. Ademais, o Executivo  enfraqueceu-se e perdeu apoio popular e a confiança de entidades que o apoiavam, em consequência das concessões às oligarquias mundial e local.
32.  Desde Getúlio Vargas, faltou aos presidentes focados na realidade do País, decisão para convocar o povo às ruas e mobilizar lideranças do Exército, a fim de ganhar condições de ocupar o poder real.
33. Carecem, por outro lado, de base as ilusões cultivadas a respeito de líderes como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves.
34. Neves derrotou Maluf, nas eleições indiretas de 1985, porque a oligarquia financeira o preferia. Tanto é assim, que sua vitória se deveu à defecção no PDS para criar a Frente Liberal, liderada por Marco Maciel, tradicional articulador em favor das oligarquias.
35. Haja vista o ministério legado por Tancredo: Educação: o próprio Maciel; Comunicações: Antônio Carlos Magalhães (ACM), mantendo o feudo deste, associado a Roberto Marinho; Itamaraty:  Olavo Setúbal banqueiro do Itaú; no principal, Fazenda: Francisco Dornelles, defensor de políticas privatizantes e pró-capital estrangeiro. 

* - Adriano Benayon é doutor em economia pela Universidade de Hamburgo e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento

terça-feira, 21 de abril de 2015

Nomenklatura


Aylê –Salassié F. Quintão (Jornalista e Professor)

                 O vice-presidente da República, Michel Temer, ganhou a prerrogativa de  redistribuir cargos no Governo. O que o PT está aprontando? Tentativa de seduzir os dissidentes do PMDB no Congresso ou dividir com o partido, suposto aliado, os encargos políticos  dos grandes escândalos?               
                 Isso  remete a um episódio na passagem do regime militar para o civil, nos idos dos anos 80, no momento proclamado como o do surgimento da Nova República. O gabinete do ministério da Reforma Agrária, ainda sem a devida configuração, sem plano de trabalho e até sem nome, foi invadido literalmente por uma representação da coalizão vencedora da ditadura, integrada pelo deputados Ulysses Guimarães, Pimenta da Veiga, Luiz Henrique e os senadores Fernando Henrique Cardoso e Marcos Maciel.
               Aquela comissão de “notáveis” vinha dar os arremates finais na configuração  dos recursos humanos do ministério. Sem existir, os cargos de assessoria superior (DAS) já estavam todos ocupados pelas diferentes representações políticas, que compunham a coalisão : o ministro vinha da CNBB e da AP, o presidente do Incra do PCdoB, o chefe da assessoria econômica do PCB, a Ala vermelha tinha uma diretoria, e assim por diante. Cabia à Comissão atender agora à avidez dos demais sócios daquela vitória política. Os “notáveis” estavam ali com a finalidade de distribuir os cargos de  assessoria intermediária  chamados de DAI, que contemplavam funções de remuneração e status funcional mais modestos como chefes de seção . Era surpreendente o número de candidatos para cada um daqueles cargos.
                Pairava no ar o receio de que houvesse uma reviravolta no Poder, e os militares retornassem, fazendo emergir uma frustração , que aborreceu também a Lênin, ao reclamar que suas ordens chegavam  desvirtuadas em baixo, ou sequer eram cumpridas. Stálin mudou tudo. Incrustou o partido na estrutura do Estado  e das empresas, criando ainda uma polícia própria. Os subalternos estavam compulsoriamente comprometidos em dar cumprimento a qualquer ordem superior. Assim, na gestão de Stálin, os Planos Quinquenais registraram expansões do produto interno bruto da Rússia nunca antes - e nem depois - conseguidas. Stálin instituíra uma estrutura de apoio à governabilidade que ia dos aparelhos repressivos e ideológicos à burocracia de Estado. De menos de 300 mil , o número de funcionários públicos nos anos iniciais da revolução passou para mais de 5 milhões.
               A estratégia terminou por  gerar uma casta dentro da luta de classes, chamada de nomenklatura ,  manipuladora das políticas e dos resultados (ver o filme Armagedon) e que levou Trostski a denunciá-la no livro A Revolução Traída, resultando no seu assassinato. Um dissidente dessa casta, Michael Voslenki, em 1970 , escreveu um outro livro Nomenklatura: The Soviet Ruling Class, que, nos governos seguintes,  quase colocou uma pá de cal na burocracia soviética.
                   No Brasil, a lanterna de popa dos militares foi acompanhar a fase stalinista da revolução russa, instituindo uma categoria profissional, chamada genericamente de “tecnocracia”,  sujeitos altamente preparados e descompromissados com partidos políticos. Com ela vieram os Planos de Desenvolvimento. Por meio deles fruía de maneira orgânica indicações claras para as políticas públicas setoriais, com objetivos, metas, metodologias, fontes de financiamentos reais e massa crítica competente para a sua execução. Esses homens pavimentaram o caminho para o tal   salto no desenvolvimento de que falava Gunnar Myrdal.
               Veio a Nova República. Não havia um projeto de Nação. Buscava-se a democratização como panaceia.  Era somente um projeto de Poder . Toda aquela estrutura tecnocrática que amparava a governabilidade, e que não chegava a ter a força da nomenklatura estalinista, foi substituída pelo aparelhamento ideológico e partidário do Estado, que a serviço de cada um de seus membros e correntes, começou a preocupar-se com pequenos eventos, tapando um buraco aqui e outro ali.
              O Brasil chegou a ter uma inflação de 1.200% ao ano . A presença nos postos de decisão dentro no aparelho de Estado de pessoas messianicamente preocupadas com projetos de poder, partidários ou pessoais,  fez com que o País caísse finalmente em mãos corporativas: 39 ministérios, 6 milhões de funcionários – dos quais um milhão  de terceirizados – e uma folha de pagamento responsável pelo gastos oficiais de quase 60% do Orçamento da União .
                 Sem um projeto de Nação, o País caiu num buraco sem fundo, alimentado por falácias discursivas, transformando-se num campo fértil para as agências de publicidade e marketing e uma mina de dinheiro para os grandes e sábios especuladores. Diante de um cenário como esse seria de se perguntar para onde caminha Michel Temer,  ao enfrentar as aves de rapina que sobrevivem e circulam no espaço do Estado e do seu próprio partido?

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Violência epidêmica torna Brasil campeão em homicídios



Brasil apresenta um quadro epidêmico de violência nas grandes cidades, onde os homicídios, por motivos passionais banais, uso e tráfico de drogas e assaltos a mão-armada a pessoas e estabelecimentos comerciais, em especial bancos, supermercados e postos de combustíveis, se transformaram nas melhores atrações dos programas de televisão e manchetes de jornais e revistas.
Conforme dados da Organização Mundial da Saúde, referentes a 2012, o Brasil registrou 64 mil homicídios, liderando a estatística mundial, que apresenta o total de 475 mil, dos quais 52 mil na Índia (segundo lugar) e apenas 17 mil nos Estados Unidos (oitavo lugar), mesma posição da Venezuela.
Quem assiste na televisão ou lê nos jornais os principais noticiários policiais do Brasil não tem como deixar de manifestar seu repúdio à banalização do crime e da própria morte, em razão da impunidade e do favorecimento da legislação aos bandidos, muitos desses menores de idade, cuja inimputabilidade, até os 18 anos, atualmente, pode cair, se for aprovada no Congresso Nacional nova legislação que permite a punição ao criminoso a partir dos 16 anos de idade.
Em março passado, a Presidenta Dilma Rousseff sancionou lei que tipifica o feminicídio como crime hediondo, em face do elevado índice de violência doméstica e discriminação de gênero contra a mulher. Mas, também nas festas (”baladas”), e eventos noturnos que reúnem multidões, o perigo ronda os frequentadores, quase sempre envolvendo uso de drogas e bebidas alcoólicas.
O projeto se justifica pela estatística registrada entre 2000 e 2010, período em que foram assassinadas no Brasil 43,7 mil mulheres, das quais mais de 40% dentro de suas casas e pelos seus companheiros ou ex- companheiros, “machões” cruéis que a os órgãos de comunicação e as redes sociais mostram diariamente.
Crimes em sua maioria praticados por razões passionais e motivos banais, como o recente assassinato, com requintes de crueldade, que deixou até a polícia assustada, de uma dançarina de funk no bairro de Posse, em Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro. Amanda Bueno, 29 anos, foi assassinada pelo seu companheiro Milton Severiano Ribeiro, 32 anos, a tiros de pistola e escopeta, depois de ter sido espancada. As cenas foram gravadas por câmeras instaladas na residência do casal.
Outra imagem que correu o mundo foi a chacina, no último dia 18, de oito jovens torcedores do clube de futebol Corinthians, em São Paulo. Na sede do clube, três homens renderam os torcedores e executaram-nos com tiros na nuca. A Polícia diz que a motivação foi tráfico de drogas, e não rixa entre torcidas.
São dois exemplos pontuais da violência nas principais cidades brasileiras, que especialistas atribuem a diversos fatores: Abismo entre ricos e pobres, falta de oportunidade e de emprego para jovens, deficiências do sistema educacional, etc. Mas há quem veja o instinto natural do homem para matar ou morrer, como teorizou Freud, estimulado por vários fatores ambientais no mundo inteiro.

 

 

Pílulas do Vicente Limongi Netto


FHC contra impeachment
Fernando Henrique Cardoso declarou na Bahia que considera "precipitação" tratar ou falar de impeachment. Sábias palavras. Seria bom, nessa linha, que FHC puxasse as orelhas de açodados parlamentares do PSDB que  na ânsia de aparecer insistem na medida. Fariam melhor se começassem a trabalhar em busca de soluções que resolvessem os graves problemas de seus Estados e do país. Para isso foram eleitos.
Crítico de camarote

O    irado senador Romário seria mais isento, imparcial e verdadeiro se abrisse mão da imunidade parlamentar quando insulta e calunia  seus desafetos, como faz agora, atirando toda sua imensa amargura e ressentimento contra o presidente eleito e empossado da CBF, Marco Polo Del Nero e também contra José Maria Marin que deixou o cargo.
Jogar as patas contra a honra alheia,  escondido atrás de instrumento jurídico que o deixa intocável, é cômodo e soa como covardia. Romário perde tempo se pretende armar palanque eleitoral visando a prefeitura do Rio de Janeiro, à custa dos dirigentes  da CBF. O ex-craque e hoje apenas um melancólico politico, perdidão, atirando tolices e calúnias para todos os lados, faria melhor se começasse a trabalhar pelo povo carioca. Afinal, foi eleito para isso. Romário foi um fiasco como deputado e será outro ainda maior como senador. Anotem.
Kfoury recalcado
Ao contrário do leitor Renato Khair(Folha de São Paulo) discordo, enfaticamente, das açodadas criticas do colunista Juca Kfoury ao novo e empossado presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. É mania antiga e pretensiosa de Kfoury tentar avacalhar dirigentes e homens publicos que não sigam sua torpe cartilha repleta de arrogancia e vontade desesperada de belo dia ficar famoso por sonhar ser o dono do monopolio da verdade. Juca vai esperar sentado. Não passa de reles e recalcado escriba, mais conhecido como o rebotalho da crônica esportiva.
Bolorento
Repudio insultos do sr. Mirson Murad aos senadores José Sarney, Fernando Collor e Renan Calheiros.  O bolorento, recalcado e ressentido texto do paladino de barro Mirson Murad  contém tantas sandices que deveria ser patenteado e registado em cartório como uma peça ordinária, medíocre, patética, sem nexo e burra. 
O fato de ser membro da ABI não credencia o raivoso Mirson Murad ou qualquer outro, a jogar as patas em homens públicos sem nenhuma justificativa,sobretudo, porque Sarney, Collor e Renan desconhecem a importância do sábio por correspondência Murad. Também sou membro da ABI, há mais de 30 anos e jamais precisei me fantasiar de imbecil nem usar a entidade para dizer ou escrever asneiras.
Del Nero é do ramo
O presidente  eleito e empossado da CBF, Marco Polo Del Nero,  segue a risca a lição "Deus ajuda, quem se ajuda". Marco Polo cavou seu destino com as próprias mãos. Sucede no cargo o desportista, ex-governador paulista, ex-jogador do São Paulo, e homem público também acostumado a vencer obstáculos, José Maria Marin, que deixa   o comando da CBF com a consciência do dever cumprido e com a marca do  trabalho produtivo e isento.  
Marin e Marco Polo não esmorecem diante das dificuldades. Têm temperamento cordial e afável. São homens de diálogo. Aceitam o contraditório, porém repudiam e retrucam a calúnia e a má-fé. 
Foi Marco Polo Del Nero,  como presidente da Federação Paulista de Futebol, quem reaproximou, com boa conversa, paciência e serenidade,  a entidade da CBF, então presidida por Ricardo Teixeira.  Marin permanece como vice-presidente na nova diretoria da CBF, colaborando com sua vasta experiência pelo sucesso da gestão Marco Polo, que vai até 2018. Marco Polo é do ramo. Jeitoso, tinhoso, operoso e otimista.  Sabe de suas imensas responsabilidades  na presidência da entidade máxima do futebol brasileiro. Mãos a obra.

Falso paladino
O escritor Milton Hatoun morreria de fome se os badalados livrecos dele  tivessem a inutilidade e tolice dos comentários políticos que fez na Folha de São Paulo.  Criticar, com amargura e arrogância dos falsos paladinos,  Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Fernando Collor, com surrados chavões,  é  colossal bobagem que insulta inclusive os eleitores dos três parlamentares.

Pelo jeito, Hatoun é bom aprendiz de serviçal dos torpes patrulheiros de plantão. Eduardo e Renan foram eleitos  democraticamente pelos colegas presidentes da Câmara e do Senado.  Ambos defendem, e fazem muito bem, respeito ao Legislativo.  Calheiros também foi Ministro da Justiça de FHC.


Nunca li criticas do Milton ao príncipe dos sociólogos por isso. Collor,  por sua vez, foi o primeiro Presidente da República eleito pelo voto popular depois dos governos militares. É o único politico inocentado pelo STF em dois  julgamentos, de todas as torpes acusações de seus venais detratores.  Hoje, Collor é senador reeleito, mantendo a determinação, isenção, vigor e espirito público de toda  vida. Para desapontamento dos  falsos donos da verdade.

A minha apreensão

J. Bernardo Cabral(advogado, ex-deputado federal,ex-ministro da Justiça e ex-senador)
 
Nos últimos dias, fui tomado de muita apreensão. Vejo o momento político passar para as principais páginas dos jornais e das Tv’s, com destaque para autoridades na lista de banco suíço; do acervo de obras de arte, em números de 131, apreendido pela Polícia Federal; de acusados de coletar propinas para autoridades governistas; de desvio, não só na Petrobrás mas também na Caixa Econômica, através de fraude no crédito imobiliário, num total de 120 milhões de reais; da discordância dos partidos sobre o financiamento de campanha; do pacote de medidas contra a corrupção, grande parte delas com propostas antigas.
De outra parte, comprovo que o governo não conseguiu pagar um centavo dos R$ 311 bilhões de juros sobre a dívida pública e, ao contrário, registrou um “déficit primário” de R$ 32,5 bilhões  e elevou a dívida pública a 63,4% do PIB. E mais: o clamor popular nas ruas, nas casas, nos bares, agravado pela especulação de um “impeachment”.
A minha apreensão é que não vislumbro instrumentos efetivos e de imediata solução para a grande maioria desses problemas que estão a afligir a Nação, a permitir que novas frestas de luz iluminem os operadores especializados na busca de soluções modernas, a partir de premissas novas, com o abandono de vários dogmas já sepultados pela atualidade.
Teses, princípios e soluções incontestáveis há alguns anos devem ser relidos com urgência, atualizados ou abandonados, para não persistirmos na utopia de que sairemos dessa brutal crise que nos assola – e só alguns a consideram aparente – e brutaliza a nossa sociedade.
É incomodamente óbvio ressaltar que as causas já foram identificadas e elas se encontram numa única e mesma realidade, a de ter sido desprezada a ética e de que o Estado não foi criado para a prática de atos condenáveis – para não dizer imorais, ao extremo – e sim para promover o bem geral da comunidade.
Talvez neste instante esteja eu revivendo o meu tempo de advogado militante – e a advocacia tem uma certa semelhança com a medicina. Isso porque o advogado é o cirurgião plástico do fato e, na sua vivencia, o seu tempo de análise das pessoas e dos fatos se agiganta, tornando-o capaz de distinguir o essencial do acessório.
Mas eu continuo apreensivo. E muito!

terça-feira, 14 de abril de 2015

Força dos blogs é reconhecida

A Presidenta Dilma Rousseff, alertada pela sua assessoria de comunicação e diante da sua queda vertiginosa de popularidade, compreendeu que os blogueiros são importantes formadores de opinião na internet e têm grande influência nas redes sociais, algo que se atribuía apenas aos jornais , revistas e emissoras de rádio e televisão.
Recentemente, Dilma convidou seis blogueiros considerados “progressistas” e simpatizantes ao governo para uma entrevista, no Palácio do Planalto, quando vários temas foram abordados e divulgados na internet. Bom que assim seja e continue, porque os blogs constituem hoje um espaço importantíssimo de expressão e circulação de ideias, necessário ao fortalecimento da democracia.
Este blog, “Política com Feichas Martins”, foi inaugurado em 22 de setembro de 2011, com registro, até hoje, de quase 37 mil visualizações de páginas, ganhando mais visibilidade a partir de sua postagem na minha página no facebook.
 
Conto com vários colaboradores de alto nível, mas sempre abro espaço para intelectuais, leitores e seguidores dispostos a se manifestarem sobre algum tema pertinente à política nacional e internacional. Nesta linha, remeto à entrevista do cientista político norte-americano Matthew Taylor, na Fecomércio, em São Paulo, com link  oferecido hoje neste blog.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Amorim exorta intelectuais a irem às ruas

Em dramático artigo na Carta Maior, o ex-chanceler Celso Amorim exorta os intelectuais a irem às ruas para defender a política externa independente, ameaçada, segundo ele, pela nova ofensiva neoliberal para ressuscitar a ALCA. Fugindo a seu estilo normalmente moderado e cauteloso, Amorim, o chanceler de Lula e ministro da Defesa de Dilma, cuja permanência à frente do Itamaraty superou até mesmo o emblemático Barão do Rio Branco, alerta: “Intelectuais progressistas, preparai-vos para o debate”. Ele vai ser duro e não se dará somente nos salões acadêmicos ou nos corredores palacianos. Terá que ir às ruas, às praças e às portas de fábrica” (Jornalista Francisco das Chagas Leite Filho)
Vejam abaixo a íntegra do artigo:
As Hienas e os Vira-Latas
Por Celso Amorim
Aproveitando o momento de vulnerabilidade política e econômica do nosso país, os defensores de uma integração dependente do Brasil na economia internacional estão lançando uma nova ofensiva, facilitada pelas agruras do ajuste fiscal, com queda nos investimentos governamentais e o descrédito – convenientemente estimulado – das empresas estatais, na esteira do escândalo da Petrobrás. Em vez de atacar a raiz desses ilícitos, que é o financiamento empresarial das campanhas eleitorais (o que não diminui a responsabilidade dos transgressores da lei), os pós-neoliberais preferem investir contra os poucos instrumentos de política industrial que o Estado brasileiro ainda detém. A estratégia é ampla e não se limita a aspectos internos da economia. Incide diretamente sobre a forma pela qual o Brasil se insere na economia mundial.
Três linhas de ação têm sido perseguidas. Uma já faz parte do antigo receituário de boa parte dos comentaristas em matéria econômica: o Brasil deveria abandonar a sua preferência pelo sistema multilateral (representado pela Organização Mundial do Comércio) e dar mais atenção a acordos bilaterais com economias desenvolvidas, seja com a União Europeia, seja com os Estados Unidos da América. O refinamento, não totalmente novo, é o de que, para chegar a esses acordos, o Brasil deve buscar a “flexibilização” do Mercosul, privando-o de sua característica essencial de uma união aduaneira. Sem perceber que a motivação principal da integração é política – já que a Paz é o maior bem a ser preservado – os arautos da liberalização, sob o pretexto de aumentar nossa autonomia em relação aos nossos vizinhos, facilitando a abertura do mercado brasileiro, na verdade empurrarão os sócios menores (não em importância, mas em tamanho) para os braços das grandes potências. É de esperar que não venham a reclamar quando bases militares estrangeiras surgirem próximo das nossas fronteiras.
O segundo pilar do tripé, que está sendo gestado em gabinetes de peritos desprovidos de visão estratégica, consiste em tornar o Brasil membro pleno da OCDE, a organização que congrega primordialmente economias desenvolvidas. Essa atitude contraria a posição de aproximação cautelosa seguida até aqui e que nos tem permitido participar de vários grupos, sem tolher nossa liberdade de ação. A lógica para a busca ansiosa pelo status de membro pleno residiria na melhoria do nosso rating junto às agências de risco, decorrente do nosso compromisso com políticas de investimentos, compras governamentais e propriedade intelectual (entre outras) estranhas ao modelo de crescimento defendido por sucessivos governos brasileiros, independentemente de partidos ou de ideologias. O ganho no curto prazo se limitaria, se tanto, a um aspecto de marketing, e seria muito pequeno quando comparado com o custo real, representado pela perda de latitude de escolha de nossas políticas (industrial, ambiental, de saúde, etc.)
Finalmente – e esse é o aspecto mais recente da ofensiva pós-neoliberal – há quem já fale em ressuscitar a Área de Livre Comércio das Américas, cujas negociações chegaram a um impasse entre 2003 e 2004, quando ficou claro que os EUA não abandonariam suas exigências em patentes farmacêuticas (inclusive no que tange ao método para a solução de controvérsias) e pouco ou nada nos ofereceriam em agricultura. A Alca, tal como proposta, previa não apenas uma ampla abertura comercial em matéria de bens e serviços, de efeitos danosos para nosso parque industrial, mas também regras muito mais estritas e desfavoráveis aos nossos interesses do que as que haviam sido negociadas multilateralmente (i.e., no sistema GATT/OMC), inclusive por governos que antecederam ao do Presidente Lula. Tudo isso, sob a hegemonia da maior potência econômica do continente americano (e, por enquanto pelo menos, do mundo).
Medidas desse tipo não constituem ajustes passageiros. São mudanças estruturais, que, caso adotadas, alterariam profundamente o caminho de desenvolvimento que, com maior ou menor ênfase, sucessivos governos escolheram trilhar. Os que propugnam por esse redirecionamento de nossa inserção no mundo parecem ignorar que mudanças desse porte, sem um mandato popular expresso nas urnas, seriam não só prejudiciais economicamente, mas constituiriam uma violência contra a democracia. Evidentemente nosso governo não se deixará levar por pressões midiáticas, mas até alguns ardorosos defensores de um Brasil independente e soberano podem não ser de todo infensos a influencias de intelectuais que granjearam alguma respeitabilidade pela obra passada. Daí a necessidade do alerta: “intelectuais progressistas, preparai-vos para o debate”. Ele vai ser duro e não se dará somente nos salões acadêmicos ou nos corredores palacianos. Terá que ir às ruas, às praças e às portas de fábrica.

Pílulas do Vicente Limongi Netto


Dilma não renunciará

Dilma jamais renunciará. É mulher de fibra, guerreira, não dará esse gostinho aos derrotados e aprendizes de golpistas. Sempre indago, para efeito de argumentação, será que Aécio Neves teria competência para tirar o país da crise, caso fosse eleito? Fazer marola, insinuações, piadas de mau gosto e ameaças, tudo com pitadas acentuadas de hipocrisia, ódio e ressentimento, é cômodo e fácil.

As tais redes sociais estão aí, basta “escrever” sandices contra Dilma, claro, evidente, usando nomes falsos, na tentativa patética, ridícula e leviana de desestabilizar o governo e apunhalar a Constituição e a democracia, além de violentar o resultado das urnas. 

O mais sensato é propor soluções, criticar com grandeza e espírito público, apoiar Dilma no que for importante para a coletividade, enquanto não chegam as eleições de 2018. É pouco, quase nada, dezenas de microfones e câmeras ansiosos ouvir Aécio e seus clichês surrados, que apenas alegram desocupados e recalcados, babando e rosnando porque estão fora do poder.

Articulador político

Lula percebeu, antes tarde do que nunca, que Dilma precisava, para ontem, ter um qualificado articulador politico. Nessa linha, tratei do assunto, em jornais impressos, redes sociais, artigos, no meu blog e no estupendo blog Politica com Feichas Martins, no dia 24 de dezembro de 2014, quando ponderei, textualmente, logo depois de Dilma ser empossada para exercer o segundo mandato.

Dilma não tinha, e precisava ter, nomear, descobrir, urgente, um articulador politico competente, respeitado e com trânsito em todos os setores da sociedade.  Analiso, não chuto.  A meu ver, o melhor nome ao dispor de Dilma seria o próprio Lula. Como o mar não está pra peixe, o criador precisa zelar da criatura com mais frequência.  Lula tem que marcar Dilma de perto. Antes que o caldo entorne de vez.

O Vice-presidente Michel Temer foi escolhido por Dilma para assumir as atribuições da Secretaria de Relações Institucionais, no lugar do ex-ministro Pepe Vargas.

Diversos líderes do Congresso Nacional, entre os quais o senador Omar Aziz, líder do PSD, foram chamados para reuniões sobre articulação política da Presidência da República. Na terça-feira, foi a própria presidente Dilma Rousseff quem convocou as principais lideranças da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Na quarta-feira, o vice-presidente da República, Michel Temer, assumiu a articulação política do Governo e debateu com Omar e outros líderes do Congresso sobre o tema.

Michel Temer é do ramo. Tarimbado, conhece a turma, os alunos e mestres com quem terá que lidar. Na verdade, Temer já é articulador informal, faz tempo. Passa a ser, agora, oficial. Terá êxito se tiver força total do governo. Michel Temer tem excelente trânsito em todos os setores da sociedade. Temer é cobra criada, bem criada. Jeitoso, articulado e envolvente. A meu ver foi boa escolha. Mãos à obra.

Temer também será bom porta-voz de Dilma e do governo em andanças pelo Brasil. Explicando, esclarecendo, trocando em miúdos temas e decisões de Dilma que muitas vezes não chegam aos lugares mais distantes do país, muito menos ao conhecimento de milhares de brasileiros. Vale a pena tentar vitórias com Dilma, se todas elas forem creditadas ao bem estar da coletividade.

Censura

Policia de Curitiba continua pressionando jornalistas a abrir mão de suas fontes.  É intolerável e repugnante que arrogantes e truculentos insistam em desrespeitar a constituição e a liberdade de imprensa, receosos que a verdade dos fatos cheguem ao conhecimento da população. O bom senso espera que a torpe moda não prospere. Francamente.

Investimentos japoneses em Manaus

Com o objetivo de analisar a atual situação da economia brasileira e regional visando futuros investimentos japoneses no Polo Industrial de Manaus , o segundo secretário da embaixada do Japão no Brasil, Satoshi Ito, e a vice-cônsul do Japão em Manaus, Akiko Kikuchi, estiveram na Suframa  em uma reunião conduzida pelo superintendente adjunto de Operações, Adilson Vieira e técnicos da autarquia. 

O superintendente-adjunto ressaltou que os ajustes nos impostos e juros pelos quais o Brasil tem passado são necessários para que haja um crescimento econômico no País no segundo semestre. “O Brasil cresceu enquanto a Europa inteira e parte da Ásia estava em crise, e nós crescemos com um viés alternativo. Enquanto os outros países aumentavam juros e cortavam investimentos, o Brasil abriu mão de IPI e fez investimento em infraestrutura. Esse ajuste agora é necessário para que haja crescimento econômico”, afirmou.

O coordenador-geral substituto de Estudos Econômicos e Empresariais da SUFRAMA, Renato Freitas, lembrou que existem cerca de 37 empresas de capital majoritariamente japonês no PIM, que representam cerca de 30% dos investimentos totais no Polo. “Essas empresas trazem um conjunto de fatores importantes, que nos permite inclusive desenvolver as capacidades de recursos humanos. As filosofias de engenharia de produção, de processo e produto dos japoneses nos permite também incorporar essa tecnologia, o que é muito importante na região”, ressaltou. 

Freitas também falou sobre os investimentos em infraestrutura que estão em andamento pelo governo federal e governo do Amazonas que deve aprimorar, sobretudo, a logística de escoamento da produção do PIM, e se tornará um importante atrativo para as empresas se instalarem na região, além da segurança jurídica do modelo. “Apesar do cenário de curto prazo ter alguns obstáculos pela frente, há muitas oportunidades que estão exatamente na segurança jurídica do nosso modelo ZFM.

Os investidores terão a oportunidade de se instalar aqui e ter o retorno apropriado com esse prazo da Zona Franca que foi estendido até 2073. Essa é a melhor notícia desse cenário, que é muito positivo no longo prazo”, acrescentou. 

Por fim, o coordenador-geral de Acompanhamento de Projetos Industriais da autarquia, José Jorge do Nascimento Júnior, explicou em linhas gerais os procedimentos para que uma empresa se instale no PIM e receba os incentivos fiscais da ZFM. Os representantes japoneses agradeceram as informações prestadas e informaram que as empresas japonesas de pequeno porte têm grande interesse em expandir internacionalmente, mas que esbarram sobretudo na necessidade de crédito.

Freitas informou que embora a SUFRAMA não administre financiamentos, os pacotes de bancos como o Banco da Amazônia (Basa) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social são atrativos para pequenas e grandes empresas e podem ser uma alternativa de financiamento para as empresas que desejam se instalar no polo de Manaus.