terça-feira, 8 de novembro de 2011

Percepção crítica desafia políticos municipais

Enquete realizada neste blog, sobre os problemas prioritários dos municípios que merecem atenção de um prefeito, revela preferência absoluta dos leitores pela saúde e educação, itens que, freqüentemente, vêm prevalecendo em qualquer consulta de opinião pública que se realiza no Brasil, seja dentro ou fora de períodos eleitorais.

Saúde e educação, ou educação e saúde, por mais que se situem no topo das pesquisas como necessidades prementes, seguidas de segurança, não têm pautado a agenda das políticas públicas dos últimos governos, pois são itens que exigem vultosos investimentos e que se consolidam em longo prazo.

Em outras palavras, não dão o retorno eleitoral na proporção de outros itens assistencialistas e clientelísticos e de obras gigantes e rodovias impostas pelas empreiteiras, que dominam a agenda política há mais de 60 anos. As obras da Copa do Mundo vão bem: O custo previsto  de 42 bilhões de reais já está atingindo 72 bilhões de reais, segundo estimativa feita pelo ex- jogador e deputado federal Romário, do Rio de Janeiro, em recente entrevista.

Como os governos capengam no atendimento à saúde e educação, se consolida na classe média o pensamento recorrente segundo o qual não interessa às elites brasileiras que o povo tenha uma cidadania concreta, uma educação política que o torne mais participativo e consciente das decisões políticas.

No tocante à saúde, esta é esmagada pelo mito da abundância de alimentos no Brasil e pela fantasia do fácil acesso do brasileiro aos recursos da farmacopéia natural. Pela internete, milhares de “médicos” internautas aviam receitas de alimentos e ervas medicinais, numa verdadeira “clínica geral”. Mas, atendimento hospitalar ,quando necessário,é precário, e os remédios custam muito acima da capacidade aquisitiva do assalariado.

Um item que sempre vem entre os primeiros, em qualquer enquete, é a segurança pública, onde tem havido investimentos, mas nem sempre capazes de conter a onda cultural da globalização, que associa o tripé sexo/droga/crime aos três mitos hodiernos- o hedonismo, o egoísmo e o narcisismo. O que torna impossível a supressão da violência potencialmente disruptiva no campo e na cidade.

Um item instigante que coloquei na enquete e que não obteve nenhum voto é o lazer, tão necessário e, ao mesmo tempo, tão menosprezado pelas políticas públicas brasileiras, que ignoram solenemente os estatutos do idoso e da criança. Esses dois segmentos etários continuam à margem do lazer, hoje acessível apenas aos jovens e às pessoas dotadas de energia e disposição física para viagens, jogos e aventuras. Falta ao Brasil uma política oficial de lazer, e não há no horizonte político nenhuma iniciativa de envergadura nessa área.

Os candidatos a prefeito e vereador, nas eleições do próximo ano, se defrontarão com a crise da representação política atual, quando os detentores de mandato eletivo estão sendo atropelados pelo fatos sociais e por novos atores em cena, à margem do espectro partidário.Atores sem partido, que pressionam os políticos, em todos os níveis de representação, e enfraquecem o poder de controle dos partidos políticos sobre seus afiliados.

Eis porque a identificação concreta das reivindicações da população se transforma a cada dia num fator estratégico para qualquer candidato a cargo eletivo.Percepção crítica é o desafio maior para os políticos municipais,com fortes reflexos nas esferas estaduais e federais.

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