O
resultado final das eleições municipais no Brasil reafirma a hegemonia da
coalizão PT/ PMDB, partidos que terão controle de 67,7 milhões, quase 50% dos 140,
milhões de eleitores do Brasil, restando à oposição tácita, a praticada pelo
DEM, menos de 4,8% do eleitorado, o que permite, em tese, concluir que a base
de apoio ao Governo Dilma, até as próximas eleições presidenciais, é
praticamente inexpugnável, apesar de potenciais fissuras a serem causadas pela
disputa interna do poder dentro dos maiores partidos.
O
PMDB conquistou 1.024 prefeituras e elegeu 7.966 vereadores, seguido, bem
distante, em segundo lugar, pelo PSDB, com 702 prefeituras e 5.146 vereadores; em
terceiro lugar, pelo PT, com 635 prefeitos e 5.067 vereadores; em quarto, pelo
PSD, com 497 prefeitos e 4.570 vereadores; em quinto, pelo PP, com 469 prefeitos
e 4840 vereadores; em sexto, pelo PSB, com 442 prefeitos e 3.484 vereadores; em
sétimo pelo PDT, com 311 prefeitos e 3.563 vereadores; em oitavo, pelo PTB, com
295 prefeitos e 3.484 vereadores; em nono pelo DEM, com 278 prefeitos e 3.209
vereadores; e em décimo pelo PR, com 275 prefeitos e 3.110 vereadores.
Pelos
dados acima, os partidos se posicionam pelo número de prefeituras conquistadas,
mas, por número de vereadores, o quarto lugar ficaria com o PP e o quinto com o
PDT. Vitorioso, mesmo, foi o PSD, que disputa sua primeira eleição e obtém
expressivos resultados, que o credenciam como quarta força partidária do Brasil,
em termos municipais. PMDB, PSDB, PP, PTB e DEM perderam vereadores, o PT
conquistou 899 e o PSB 528.
O
PSB elegeu o maior número de prefeitos de capitais (Fortaleza, Belo Horizonte, Cuiabá,
Recife e Porto Velho), mas fica em quarto lugar por eleitorado (15,3 milhões de
eleitores). O PT, que elegeu os prefeitos de São Paulo, Rio Branco Goiânia e
João Pessoa, passa a liderar 27 milhões de eleitores, seguido pelo PMDB (que
não venceu em nenhuma capital), com 23,1 milhões de eleitores, e PSDB, que
conquistou quatro capitais (Maceió, Manaus, Belém e Teresina), ficará com 15,3
milhões de eleitores. O partido oposicionista DEM, que ficou com Salvador e
Sergipe, encolheu e terá apenas 3,7 milhões de eleitores.
Gênio
político e arguto observador, o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia,
considera em seu blog que o PT de Lula e Dilma se esfacelou no Norte, Nordeste
e Centro-Oeste, analisando-se seu desempenho nas capitais e considerando-se que
tais regiões foram as mais visadas pela política assistencialista oficial
(bolsa-escola, bolsa-família, etc.).
Seria
a “sulização” do petismo, à custa da “nordestinação” embrionária do PSD, o
partido criado pelo então prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo, capital cuja
população é composta por 20% de nordestinos. O PSD, contudo, deve apoiar a
coalizão pragmaticamente.
O
governo arvora-se de ter no PSB, partido do governador Eduardo Campos, um aliado
da base de apoio, enquanto o presidente do DEM, senador Agripino Maia, confia
em que o neto de Miguel Arraes não vai oferecer seu apoio na bandeja.
Alguns
próceres do PSDB, como o senador Aécio Neves, o governador paulista Geraldo
Alkmin (ambos com pretensões ao Planalto) e o prefeito eleito de Manaus, Arthur
Virgílio, poderão engrossar eventualmente a oposição do DEM, devendo ainda ser
considerada, nessa tendência, a não tanto velada rivalidade do governador
Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, com o vice-presidente Michel Temer, do
comando peemedebista, e a influência exercida sobre o PP pelo tio de Aécio, o
senador Francisco Dornelles, presidente da sigla.
O
Rio de Janeiro e outras capitais que sediarão jogos vão precisar das verbas do
governo para organização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Esse é um trunfo
extraordinário que o Palácio do Planalto (Governo Dilma e a provável repetição
da chapa Dilma/Temer para as eleições presidenciais de 2014) tem nas mãos para
podar eventuais rebeldias, mas, como afirmava o líder gaúcho Gaspar Silveira
Martins, em política , “idéias não são metais, que se fundem”.
A
coalizão continua forte, mas a efervescência das idéias é inevitável, num país
que detém o quarto contingente eleitoral do mundo, como o Brasil, e que vem
realizando eleições, de forma modernizada e modelar para outras nações, não
obstantes os aspectos autoritários de suas lideranças modernizantes e
as assimetrias sociais gritantes,
resquícios do seu passado escravista e
sua subjugação colonial explícita, na sua formação histórica, e ,atualmente,
solerte, no interesse das potências políticas e econômicas dominantes.
Por
último, uma observação sobre a presença dos descendentes árabes na política
brasileira: Temer, Alkmin, Maluf, Chalita,Kassab, Haddad, Simon, Jereissati, etc. O
senador Pedro Simon denominava essa presença como “a maior colônia no Congresso”,
algo em torno de 8% da Câmara e do Senado. É um tema para estudo mais profundo, mas esse
recrutamento para a política, segundo já li em observações esparsas, decorreria
da atividade dos imigrantes árabes no Brasil, o comércio mascate em todos os
quadrantes e nas regiões mais inóspitas do hinterlândia. Essas eleições municipais registram novamente essa vocação árabe para nossa política, bastando que se pesquise o número de vereadores e prefeitos de descendência árabe eleitos.
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