quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Petróleo fomenta guerra no Oriente Médio,mas Brasil quer diásporas atuando pela paz

“O mundo em desajuste”, obra do escritor franco-libanês Amin Maalouf, tem servido de referência para que o Itamarati incentive debates sobre o papel das diásporas de origem judaica e árabe na busca de construção da paz,mas os interesses das potências pelo imenso manancial de petróleo,além das disputas pela água, é o maior obstáculo para o apaziguamento do Oriente Médio.
Depois de promover a discussão do tema, com apoio da Fundação Alexandre de Gusmão, o Ministério das Relações Exteriores enviou à Câmara dos Deputados seu embaixador para Assuntos do Oriente Médio, Cesário Melantonio Neto, que afirmou, durante debate na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, que a paz entre israelenses e palestinos é o objetivo fundamental do Brasil em relação ao Oriente Médio.O debate foi conduzido pela deputada Perpétua Almeida( PC do B- AC),presidente da Comissão.
Como um dos grandes detentores mundiais de softpower, afirmou Melantonio Neto, o Brasil algum dia poderá ser mediador de conflitos,  mas,por enquanto,já pode ser um facilitador da paz junto com outros países,mas fez uma advertência:
“O monopólio da segurança e paz mundiais, exercido hoje por cinco ou seis países membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, precisa acabar”. Uma alusão às pretensões do Brasil de integrar o referido conselho.
Participando dos debates, o secretário de Relações Internacionais do Superior Tribunal de Justiça, Hussein Ali Kalout, afirmou que pode haver intenção dos Estados Unidos em que o presidente Bashar al-Assad, da Síria, seja tirado do poder, mas não que ocorra mudanças na espinha dorsal do stablishment, pois isto recriaria com a Rússia a questão da bipolaridade.
Descrente da possibilidade de um acordo de paz entre palestinos e israelenses, por faltar ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu vontade e maioria no governo de coalizão, Ali Khalout resumiu que “os ocidentais não querem o mundo árabe unido e o Islamismo unificado”.
A questão do Oriente Médio, a seu ver, se resume no interesse internacional pelo petróleo: ”Cerca de 60% do petróleo mundial se encontra na região, centralizado na Arábia Saudita,  no Irã e no Iraque, o que explica o interesse de Washington  pelo Irã. Cerca de 30% das importações de petróleo feitas pela China vem daquela região, das quais 20% destinadas à sua produção industrial.Seria uma forma de controlar o desenvolvimento da China.”
Khalout considera que a “primavera árabe” acabou e que nem mesmo uma estabilização da Síria recomporia o processo que levou vários países à abertura política. Menos pessimista, o consultor de empresas Thiago de Aragão vê enorme espaço para atuação das empresas brasileiras no Oriente Médio, em virtude da aceitação do Brasil pelo seu softpower, mas ,entende que é preciso melhor planejamento e envolvimento da sociedade civil e a descaracterização do Brasil como "país doméstico".

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário